Comunicação verbal é importante, mas os gestos não podem ser deixados de lado.
Comunicação. Via de mão dupla. Troca de informações. Uma prática tão antiga quanto à humanidade. Foram-se séculos de estudo científicos. Comte inaugurou os estudos sociais, veio Saussure, os estudiosos de Chicago, a Escola de Frankfurt e a tal da Pragmática, mas ainda não se chegou a um consenso conciso do conceito da comunicação. Também não há unanimidade sobre o espaço que o verbo “comunicar” ocupa no campo científico; isto é, se deve ou não ser considerado uma ciência.
Apesar das controvérsias, o modelo proposto por Harold Laswell em 1948, ainda encontra abrigos nos estudos de comunicação. Para ele, o processo constitui um movimento em que o emissor (aquele que formula uma mensagem) envia o conteúdo ao receptor (aquele que recebe) por meio de um canal (um meio), gerando um efeito. No entanto, hoje já se concebe que o receptor não é passivo. Ou seja, ao receber a mensagem, tem-se uma reação e também um retorno que chega ao emissor. O raciocínio é válido para o diálogo entre pai e filho (comunicação interpessoal), mas também entre William Bonner e a Dona Maria (comunicação de massa).
A comunicação é um alicerce dos relacionamentos humanos. Não é preciso alfabetização, nem fala para se comunicar. Não é preciso ver, nem ouvir. De alguma forma, o ser humano dribla suas limitações e se comunica. Comunicar-se é nato do ser humano. São gestos, expressões, sorriso, careta, choro, gemido, suspiro, olhares, movimentos, fala, texto, silêncio, canção, música. Uma infinidade de possibilidades para dizer “Eu te amo” ou “Não vou com a sua cara”.
A chave nos relacionamentos é a maneira como essa mensagem vai chegar ao interlocutor. Se o receptor é ativo, ele tem poder de interpretação sobre o que foi emitido. Ele pode entender que dez segundos seguidos de silêncio representam o início de uma briga quando é só o tempo necessário para a formulação da próxima frase. Entender que as pessoas se comunicam de diferentes formas torna-se essencial para a manutenção de um bom relacionamento.
Na Comunicação de Marketing diz-se que quando uma mensagem não provoca o efeito que deveria provocar no consumidor, tem-se um “ruído”. Em uma analogia para o lar, cabe lembrar a importância de ser claro nas palavras, mas também nos gestos. Tudo comunica, manifesta e expressa sentimentos ou estados emocionais. Cuidado com o “ruído”!
Linguagens do amor
Gary Chapman, em “As cinco Linguagens do Amor”, usa um texto didático para ressaltar as particularidades que existem na comunicação interpessoal: cada pessoa elege involuntariamente uma maneira para demonstrar seus sentimentos. Contudo, nem sempre essa linguagem transmite de forma eficaz o que se quer transmitir.
De acordo com Chapman, são cinco as formas de se manifestar amor:
1 – Palavras de Afirmação;
2 – Presentes;
3 – Tempo de Qualidade;
4 – Atos de serviço;
5 – Contato Físico.
Chapman fecha a discussão no relacionamento conjugal. No entanto, pais e filhos também pecam por não compreender que sua linguagem de amor pode não ser compatível com o amado. A lição d’ “As cinco linguagens do amor” é promover um esforço para entender e interagir em uma língua que não é a materna. É como se ao longo da vida fossemos aprendendo novos idiomas, tornando-nos bilíngues ou poliligues na área amorosa. Nessa dança valem as palavras, mas os gestos são relevantes.
Essa percepção nos ajuda a comunicar melhor o que sentimos, bem como a compreender melhor aqueles que nos amam. Em suma, William Shakespeare tinha razão, em “O Menestrel”: “Só porque alguém não te ama como você quer, não significa que não te ame com tudo que pode”.
O triunfo do “Faça o que eu faço”
Não adianta espernear. Pais e mães que não dão o exemplo, com raras exceções, conseguirão que seus filhos tenham uma conduta diferenciada da demonstrada pelos próprios pais. Salvo o “milagre” da resiliência, crianças, adolescentes e adultos se apegam ao exemplo. É muito mais fácil aprender com demonstrações de conduta que com discursos. A fala deve complementar o exemplo paternal, que, talvez, seja a forma mais eficaz de comunicação e aprendizagem.
Desde a infância, o ser humano é capaz de detectar a incoerência ou a hipocrisia. Embora não possam definir os conceitos de forma concisa, o velho “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” lateja na cabeça do filho. Contudo, o pai que se submete ao exercício da humildade, admite suas falhas e orienta os filhos para que não cometam os mesmos erros, esse sim, tem o respeito, a admiração e os votos de louvor.
Referência:
CHAPMAN, Gary. “As cinco Linguagens do Amor”, Ed. Mundo Cristão, 1997, São Paulo.
Este artigo foi publicado na Revista “Escola de Pais do Brasil” – Revista programa do 49º Congresso Nacional da Escola de Pais – SP, junho de 2012, p. 35.
Ester Pepes Athanásio – Acadêmica de Comunicação Social – Jornalismo, UFPR.
Perfeito este texto. A frase “A comunicação é um alicerce dos relacionamentos humanos” resume a necessidade do esforço que cada pessoa precisa exercer e assim contribuir para a construção de uma convivência sadia.
Parabéns Ester! Você é formidável!
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