Há menos de 10 anos atrás não se via esta quantidade imensa de informações referentes à sexualidade e não havia a liberdade sexual dos dias de hoje. Qualquer adolescente tem fácil acesso a uma camisinha, que é vendida em farmácias, supermercados, entre outros lugares. Isto é positivo, pois auxilia no controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).
Nunca o sexo foi tão liberado, nunca se encontrou tanto sexo em todas as coisas, podemos dizer que existe um “comércio do sexo”. Na mídia o sexo é totalmente explícito, encontramos sexo nas novelas, música, cinema, outdoors, Internet, entre outros meios de informação. Porém, estamos diante dos mais diversos tipos de informações, chegando a ser uma poluição de imagens que reduzem o sexo a um contato físico ou visual, a um “sexo em série”, uma “poluição sexual”.
Percebe-se que o sexo, neste contexto, faz com que muitos jovens percam a essência do ato sexual, de realizar-se sexualmente. Se por um lado existe esta imensidão de informações, por outro lado as pessoas, e neste grupo encontram-se os jovens, sabem muito pouco sobre sexo e sobre o seu corpo.
Muitos jovens que estão iniciando uma vida sexual desconhecem que o ato sexual pode gerar uma gravidez. Ainda encontramos um alto índice de adolescentes grávidas. Muitos jovens nunca olharam para o seu corpo no espelho, nunca tocaram o seu corpo, e conhecem pouco sobre seu funcionamento. Muitas informações são repassadas em épocas em que o interesse pela sexualidade não foi manifestado, e conseqüentemente, estas informações não são absorvidas.
Se fizermos um levantamento entre os jovens que já iniciaram uma vida sexual ativa, já passaram por várias relações, e perguntarmos a estes o que sentem numa relação sexual, não me surpreenderia se muitos falassem que não sentem “nada”. Então que ato sexual, que relação sexual foi esta? Será que não foi uma relação consumista, será que estes jovens não são frutos da “poluição sexual”, e do “comércio do sexo”, e não estão perdendo a chance de crescerem no desenvolvimento de sua sexualidade e desfrutarem do ato sexual com prazer e aprendizado.
Conquistamos o direito de falar abertamente do tema, mas para muitos é um assunto tabu, pois não conseguem conversar franca e abertamente sobre isso, e quando falam, muitas vezes é de forma repressora e preconceituosa. A exposição excessiva da energia sexual, bem como, a repressão sobre as descobertas a respeito do seu próprio corpo, muitas vezes gera culpa, medo, insatisfação, e manifestações de desvios do comportamento.
Muitos pais evitam uma conversa franca e esclarecedora com seus filhos, muitos nem mencionam a palavra sexo. Porém, os pais devem acompanhar o desenvolvimento da vida sexual de seus filhos, estarem presentes, esclarecendo suas dúvidas, procurando passar informações que possam auxiliar os jovens a pensarem, adquirirem conhecimento e consciência sobre sua sexualidade.
Este tema, por ser polêmico, íntimo e contraditório, é um tema que oportuniza o vivenciar a relação de amizade e confiança essencial na relação entre pais e filhos.
A educação sexual vista e ensinada na escola é importante, mas é indispensável a presença contínua dos pais para apoiarem, quando realmente o jovem estiver aberto, pronto para esta prática. Isto não significa iniciá-los a uma vida sexual antes da hora, e nem se deixar levar por uma mídia, ou por uma repressão excessiva. É estar junto, apoiar e orientar o filho, o que não significa sempre concordar com ele ou destituir-se dos próprios posicionamentos.
O diálogo sobre sexo deve ser desenvolvido a partir da linguagem, interesse e o tempo de amadurecimento em que o jovem se encontra. Pais devem desenvolver confiança, dar apoio e segurança, não estarem “cegos”, deixar fazer o que querem, ou delegar à mídia o preparo e a educação de seus filhos. Os pais devem ter uma opinião formada sobre o assunto, ter clareza no seu posicionamento e dar o exemplo.
Uma vida sexual feliz é fruto de informações claras, incluindo sentimentos e emoções humanas positivas, como o amor, companheirismo, compreensão, respeito, prazer, entre outras emoções.
Publicado na Revista nº 3 – 2003, da Escola de Pais – Seccional de Timbó
Christina Elisabeth Pieritz Hartmann – Psicóloga
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