A sociedade moderna é marcada por grandes e constantes transformações nas áreas da política, da economia, da cultura, da ciência e da tecnologia; transformações essas que afetam significativamente as pessoas e repercutem na vida familiar, interferindo no modo de sua formação, nos provedores do sustento, no tempo de permanência de seus membros no lar, entre outros aspectos.
Voltando um pouco no tempo, veremos que as gerações que nos antecederam normalmente eram de famílias constituídas por pai, mãe e filhos, em que o pai era o provedor do lar e a mãe a responsável pela educação dos filhos e pela gestão da casa. Já os filhos, normalmente em grande número, eram educados, se meninos, para seguir a profissão do pai e continuar o que ele havia conquistado e, se meninas, para aprender a cozinhar, arrumar e cuidar de seus filhos.
Nos nossos dias a formação familiar não segue mais os mesmos padrões, sendo que temos diversos modos de famílias coexistindo, cada um com suas características próprias. A mulher é mãe, esposa e profissional, não sendo raros os casos em que ela é a única provedora do lar. O pai passou a ter papel importante na educação dos filhos, estando mais aberto para o diálogo e para tomada de decisões conjuntas. Os filhos, em menor número, quando pequenos são muitas vezes deixados sob os cuidados de escolas ou pessoas da confiança dos pais durante o período em que estes se encontram no trabalho; quando maiores, em razão das exigências de um mundo competitivo, onde se prega que os mais preparados têm mais oportunidades, ou ficam na escola em período integral, ou dedicam-se nos períodos extras, à realização de cursos e aulas complementares.
No período em que estão em seus lares, cada vez mais equipados com novas tecnologias, cada membro da família tem seu computador, sua televisão, seu telefone e outros recursos para buscar uma conexão com o mundo externo. Parece que os encontros em família estão diminuindo, os membros se distanciando, os vínculos enfraquecendo.
A vida moderna, porém, não impede que a convivência familiar aconteça de forma harmoniosa e com laços fortalecidos. Se não é possível estarmos com a família o tempo que gostaríamos, vamos fazer com que os momentos de encontro sejam marcados pela alegria, pela conversa, pela troca de afeto e respeito mútuo, sem sentimentos de culpa e cobranças.
Vale tentar manter uma refeição por dia juntos, organizar um programa de final de semana em família, realizar uma caminhada ou praticar outro esporte, sendo essas, formas positivas de se estar perto e estreitar laços.
Em relação à tecnologia, vamos aproveitar o que tem de bom, utilizando-a para nos fazermos mais presentes na vida daqueles que amamos, seja através de um telefonema para dizer que estamos com saudade, o envio de uma mensagem de carinho pelo celular, e-mail, skype, msn, redes sociais etc. Essas são atitudes que levam apenas alguns minutos e representam muito para quem as recebe. Quanto à televisão e o computador, temos que admitir que é difícil hoje, viver sem eles, mas pode ser tentado estabelecer um momento do dia sem a utilização dos mesmos, criando um espaço para cada um contar de si, seus projetos e conquistas.
Precisamos ter sempre presente que é na relação familiar que aprendemos desde cedo a conviver, respeitando regras e limites que nos preparam para a convivência em sociedade. Os filhos aprendem com os adultos, que para eles são sempre o exemplo. Assim, se pudermos mostrar através de nossas atitudes que somos compreensivos e flexíveis, sabemos ouvir, erramos e temos a capacidade de pedir perdão, analisamos nossas atitudes e tentamos nos corrigir, estaremos contribuindo para formar bons cidadãos, preparados para conviver harmoniosamente em sociedade, seja com amigos, no trabalho, nos relacionamentos amorosos e nas famílias que venham a constituir.
Cabe a nós manter a rede afetiva fortalecida, fazendo com que cada membro da família se sinta acolhido no lar, encontrando nele o amor e segurança de que necessitam. Beijar, abraçar, dizer que ama, dar atenção, tecer um elogio são demonstrações de afeto que sempre aproximam.
Viveremos em harmonia e felizes se, respeitando a individualidade e o tempo de cada um, todos estivermos crescendo com essa convivência e percebendo que estar com a família aquece o coração e enriquece o nosso viver.
Boa convivência, boas maneiras: Lições de vida do pai ao filho!
Para uma boa convivência, ensine seu filho a política da ‘boa vizinhança’. Eis alguns exemplos para isso:
*Ser amigo de todo mundo, e o mundo todo ser seu amigo.
*Aceitar as brincadeiras dos outros para que aceitem as suas.
*Respeitar opiniões de desconhecidos, mesmo que não concorde. Às vezes, guardar sua opinião pode evitar polêmicas e ser garantia de ser respeitado.
*Não procurar defeito nos outros, pois o defeito pode estar somente no olho de quem vê o defeito. E o olho que vê defeitos alheios nem sempre vê os próprios defeitos.
*Em situações de conflito, usar o bom diálogo. Nervosismo é fogo; diplomacia é água. Como é sabido, a água sempre apaga o fogo.
Boas maneiras são a base da formação, o sustentáculo de onde se erguem a dignidade, a honradez, a probidade. Cultive-as e incentive-as desde os primórdios da constituição do seu filho e, quando adulto, ele será para a sociedade um exemplar cidadão. É de uma semente bem tratada que brota uma árvore vigorosa, rígida, frondosa. Assim também, é o bom filho.
Fale e ouça-o com atenção. Não o deixe emudecer a voz; não ensurdeça seus ouvidos: o que para você é banal, para ele pode ser vital.
Oriente-o a usar as valorosas palavras ‘com licença’, ‘por favor’, ‘desculpe’, e a portar-se cordialmente com as pessoas.
Crie seu filho dentro da aura das boas maneiras e, orgulhoso, proclame ao céu e ao mundo essa obra maravilhosa que você construiu!
Referência
DANTAS Inácio. Pai, o que dizer para o seu filho. São Paulo: Ed. Paulus, 2008.
Publicado na Revista de set. 2010 da Escola de Pais do Brasil – Seccionais de Joaçaba/Herval d’Oeste, Videira e Campos Novos.
Eliane e Adelar Vian
Membros Escola de Pais – Seccional de Videira SC
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