Podemos dizer que uma pessoa alcança maturidade psicológica quando administra bem as suas frustrações, seus sentimentos e quando possui tolerância às suas decepções.
O processo de amadurecimento psicológico passa inicialmente pela infância, quando a criança expressa ”quero fazer apenas o que gosto”; “não quero fazer o que não gosto”; ou seja, exerce a sua vontade independentemente da aprovação dos outros. É a fase do egocentrismo infantil. “Eu existo para mim e basta!” Podemos ver isso claramente numa criança de três anos de idade: bate os pés, rola no chão num comportamento de birra, por exemplo. Na verdade, ela solicita “limite”, pois limite significa amor, equilíbrio e proteção.
Coragem, pais! Nesta fase, é preciso muita firmeza e determinação, senão o “pequeno ditador” comanda a vida de vocês e a vida se torna um caos! Sabemos que é difícil dizer “não” a esse “pequeno ser” quando se chega a casa depois de um dia intenso de trabalho, não é verdade?! Mas essa criança com atitudes indesejáveis está pedindo uma única coisa: amor! Quando se ama verdadeiramente, dar limites é uma questão de coerência, cuidados e segurança psicológica. Portanto, não tenham medo de exercer a autoridade de vocês! Estabelecer regras, normas, dar-lhes uma estrutura é oferecer possibilidade de organizar-se internamente.
Muitas são as famílias que não conseguem administrar o processo de discernir o que é certo e o que é errado. Alcançar o equilíbrio entre a rigidez e o excesso de permissividade é o grande desafio! A rigidez anula, desqualifica, deprime. A permissividade aliena, desestrutura. Logo, torna-se fundamental usar o bom senso e a firmeza.
À medida que o ser humano vai crescendo, aprende que “nem tudo o que gosta, pode fazer; que algumas coisas de que gosta e pode fazer devem ser adiadas para um determinado momento; depois, às vezes, tem que fazer coisas de que não gosta, mas é necessário fazer”. Tudo isso faz parte da nossa limitada condição humana. E, sem dúvida, do nosso processo de maturidade psicológica.
É no exercício da interação com outras pessoas que a criança e o adolescente vão adquirindo outros conceitos importantes para o seu desenvolvimento psicoemocional, por exemplo, o altruísmo. De fato, as ciências do comportamento confirmam que o indivíduo cresce psicologicamente à medida que sai de si mesmo e vai ao encontro do outro; é o reconhecimento do outro. É na relação com o semelhante, que é “diferente de mim e igual a mim”, que o processo de maturidade psíquica se solidifica! “Só o amor permite a diversidade – ou distinção, salvando a igualdade e tornando possível a unidade.” (Chiara Lubich).
Sendo assim, pais, não tenham medo de “frustrar” seus filhos. Vocês estarão ajudando-os a serem pessoas saudáveis, inteiras, realizadas, maduras.
“As pessoas que se autorrealizam, com efeito, têm relacionamentos interpessoais mais profundos do que outras. Elas são mais capazes de coesão, de amor, de identificação perfeita com os outros, de reduzir as barreiras do ego na medida em que as outras pessoas a isso favoreçam.” (Maslow).
Referências
LUBICH, Chiara – Doutorado em Literatura/Psicologia – Malta.
MASLOW, A.H., Motivazione e personalità, Roma 1973, pp. 271-272.
Publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccionais de Biguaçu e São José – nr 5, junho de 2014, p. 12.
Emi Rodrigues é Psicóloga Escolar no Colégio Elisa Andreoli
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