Igualdade x justiça na educação dos filhos

Você trata seus filhos com igualdade? Você acha que assim está sendo justa(o)? Pois está enganado(a). Vou explicar: demorei muito para compreender e quando compreendi já era tarde demais. Meus filhos já estavam crescidos, adultos e com filhos adultos as relações são outras.

Na verdade, desde cedo confundimos os conceitos de igualdade e de justiça. Essa falta de clareza causa estragos em várias áreas, mas vou me deter na área da educação dos filhos.

O conceito de Igualdade está ligado ao fato de não apresentar diferença quantitativa com relação a proporções, dimensões, naturezas, aparências, intensidades. Está relacionado à quantidade. Justiça é qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar o que é direito, justo. Justiça é a virtude de dar a cada um, aquilo que é seu de direito. Só compreendi esses conceitos, quando vi a ilustração publicada neste artigo.

Na família, os filhos têm direito ao amor, ao afeto, à segurança, à presença dos pais, à educação. Quando tratamos todos de forma igual pensando que estamos fazendo a coisa certa, estamos cometendo uma grande injustiça. Primeiro, porque cada um tem idade diferente e cada idade tem as suas necessidades peculiares. Segundo, porque mesmo tendo as mesmas necessidades, por exemplo: carinho, afeto, segurança; as quantidades são diferentes. Se pudéssemos pesar, observaríamos que enquanto um precisa de um quilo de afeto, o outro precisa de dois para se sentir amado e seguro. Muitas vezes, o que falta pra um, sobra para o outro. Mesmo os pais de gêmeos não cansam de indicar as diferentes necessidades entre as crianças.  Portanto, ainda que tenham a mesma idade, as necessidades e intensidade das necessidades são diferentes.

Então? Tratar igual os que são diferentes não é justo. E as lacunas ou carências afetivas da infância e adolescência vão sendo preenchidas com mágoas, frustrações, ciúmes, medos… que se revelam no adulto em alguma forma de desequilíbrio psicológico. Essas e outras coisas vão contribuir para a definição da personalidade do seu filho para a vida toda.

Mas se você só tem um filho e leu este texto até aqui, pensa que este problema, pra você, não existe. Será? Será que o parâmetro de dedicação, afeto, presença, amor, carinho, que você estabeleceu como ideal é realmente o que seu filho(a) tem necessidade? Não estaria sendo demais (sufocante)? Ou de menos (carente)? Nesse caso, não há comparação, mas há que ser justo e buscar sempre o equilíbrio de acordo com a necessidade.

Com filhos adultos, as relações são outras. O amor, o afeto, a segurança, a presença continuam sendo necessários, mas em quantidades cada vez mais reduzidas e agora vestem a roupagem da parceria, da companhia, da consultoria. Quanto mais eficientes formos na infância e adolescência dos nossos filhos, mais dispensados estaremos na juventude e na vida adulta deles. Isso é justo!

Publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccional da Grande Florianópolis – out 2017, p. 44.

Teresinha Bunn Besen, Professora de Língua Portuguesa, Mestre em Educação e Associada da Escola de Pais da Grande Florianópolis.

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