
Intimidade, nos dicionários, é definida como: “caráter do que é íntimo, secreto, essencial, amizade de qualidade, relações íntimas, viver na intimidade de alguém, entre íntimos no recesso do seu lar”. Por isso, o escritor Richard Sennet afirma que a intimidade existe somente no lugar (interior) e não no exterior (não-lugar). O contrário de intimidade é superficialidade, indiferença e não compromisso.
Intimidade gera sempre ações: companheirismo, envolvimento, caminhar juntos e exige confiança, algo que se constrói com o tempo e que deve ser preservado e não deve ser compartilhado com terceiros. Intimidade é uma ligação pessoal, íntima, entre duas pessoas (parceiros), familiares próximos e amigos de coração.
(Leia e reflita nos pormenores dos textos bíblicos: Salmos 127 e 128 e Mateus 17.1-9)
O grau de intimidade possível em um relacionamento depende da existência de um compromisso comum e de interesse mútuo. A intimidade, hoje, não é mais pronta e facilmente trabalhada com o parceiro, os filhos e as pessoas queridas.
Negociação e construção de intimidade nos relacionamentos é, portanto, dependente de um conhecimento claro de sua própria vontade e das preferências do parceiro, além de uma disposição de dedicar tempo e energia para um relacionamento harmonioso e saudável. Intimidade é diferente de simples convivência. Apesar de muitos acreditarem nisso, conviver não é sinônimo de ser íntimo. Também não é possível ser íntimo de alguém se não houver individualidade.
Primeiro ser para depois compartilhar. Por isso, precisamos desenvolver nossa autoestima.
Intimidade é a possibilidade de relação mais próxima que implica em confiança, que se adquire através das relações e pela forma de relacionamento que se estabelece. Intimidade também implica em entrega. É uma via de mão dupla. Ser íntimo é ser cúmplice, é estar ao lado do outro e não misturado ao outro.
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês contemporâneo, tratando da Sociedade e Amor Líquidos, afirma que não há mais relações sólidas entre os sujeitos objetivos, uma vez que a subjetividade, hoje, na sua maioria, está em primeiro plano na construção e na interação sociológica. Sua entrega ao ativismo, uma palavra tão pequena que tem sentido devastador na vida das pessoas, as quais vivem no seu dia a dia sem perceber este excesso, só se percebe quando as coisas começam a dar errado nos seus relacionamentos. Por exemplo: família não se conhece mais porque há muito conflito hoje entre marido e mulher, pais e filhos.
Praticar a verdadeira intimidade requer:
PERDOAR: Queremos ser perdoados e não perdoamos o outro? Quanto egoísmo!
SOCORRER: Se estamos fortes, porque não ajudar e ser suporte para o nosso familiar mais fraco e carente?
OUVIR: Como gostamos de falar, não damos ao nosso familiar oportunidade de se expressar ou desabafar.
HUMILDADE: Não somos melhores do que ninguém. Estamos falando das nossas famílias.
SERVIR: É bom ser servido, mas é mais honroso servir ao nosso familiar.
Já afirmam as Escrituras Sagradas: “Mais bem-aventurado é dar, que receber”.
De maneira geral, o homem tem certa dificuldade de estabelecer intimidade, pois crenças culturais sobre nós, desde pequenos, nos têm prejudicado. Temos que ser fortes. Intimidade é sinal de fraqueza. Os homens têm certa dificuldade em desenvolver laços de intimidade nas relações, pois há expectativas de que eles devem estar em seus próprios dois pés e ser firmemente autossuficientes. Embora, muitas vezes, com baixa autoestima.
Por isso, os homens, pelo hábito cultural, tendem a misturar sexo com intimidade, onde esta é vista e utilizada de forma instrumental, como algo que você faz para obter sexo. Sexo e intimidade não são uma mesma coisa. Não pode haver intimidade sem sexo nem sexo sem intimidade.
Intimidade emocional e relacional
Esta é a conexão com nosso(a) parceiro(a) em um nível mais profundo. É estar completamente aberto e honesto com o outro com autenticidade, com nossas intimidades mais profundas, esperanças, sonhos, enfim, com o nosso Eu interior. Consideremos os seguintes pontos a respeito:
- Intimidade emocional é diferente de intimidade física ou sexual.
- A intimidade emocional não se manifesta automaticamente.
- É uma habilidade que deve ser aprendida, praticada e dominada. Para isso, temos que estar confortáveis para experimentar emoções, sentidos, prazeres e confiar em nossos instintos interiores.
- Para tanto, a COMUNICAÇÃO é essencial. Não só a capacidade de nos expressar, mas também a liberdade para dialogar com o(a) parceiro(a) sobre qualquer coisa.
- Quando você se abre com canais de comunicação diretos e honestos, você começa a criar intimidade emocional.
- O contato olho no olho cria uma profunda experiência de unidade. Olhar nos olhos do outro pode ser difícil se você não está acostumado, por isso experimente e pratique.
- Neste ato você precisa estar totalmente presente, o que significa realmente estar lá com seu(sua) parceiro(a). Não apenas fisicamente, mas com atenção de corpo e alma. É preciso despir-se de qualquer preconceito, experiências e ressentimentos diários para estar presente.
- Quando o(a) parceiro(a) fala, ouça realmente o que está falando e querendo dizer. Como afirma o Pequeno Príncipe: “Só se consegue ver e ouvir corretamente com o coração, pois o essencial é invisível aos olhos e inaudível aos ouvidos”.
- Aceite quem você é. Aceitar-se pode ser a parte mais difícil. Você é humano, não é perfeito(a), como perfeito(a) não é, também, seu(sua) companheiro(a).
- Aceitar não significa gostar, aprovar ou concordar. Aceitar significa entender: isso é o que eu sou agora e isto é o que você é.
- Eu não estou neste mundo para viver de acordo com suas expectativas, nem você de acordo com as minhas.
- Não se esqueça, tudo está sempre mudando, sempre em evolução, e este é o princípio da vida.
Diante disso, o autor Gary Chapman, em seu livro “As Cinco Linguagens do Amor”, fala sobrea razão que faz as pessoas ficarem tão insatisfeitas em seus relacionamentos. Ele explica que as pessoas falam linguagens “afetivas” diferentes, assim como acontece nos idiomas. Ou seja: todos nós somos diferentes na forma de demonstrar amor e em como queremos ser amados. E para que haja uma harmonia, é preciso identificar qual a nossa “linguagem do amor” e a do outro, pois a forma com que recebemos amor é diferente.
Procure estudar As Cinco Linguagens do Amor de Gary Chapman, elas podem ajudar muito na sua intimidade conjugal.
José Ariston da Silva – Associado EPB Seccional de Curitiba/PR. silvaariston@gmail.com
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