
Pesquisas recentes sobre essa que é considerada uma das fases mais difíceis da vida — a adolescência — revelam que, para cada “sofrimento” vivido, há uma ou mais formas de amenizar ou até mesmo dissipar esses sentimentos. Neste artigo, procuro abordar algumas dicas para pais e educadores, com o objetivo de auxiliar no relacionamento familiar e escolar. Enumero seis dos principais sofrimentos dos adolescentes:
1º) Achar seu posicionamento no mundo, descobrir quem ele é, quais suas forças, o que ele tem de especial, porque seus pensamentos são diferentes (gerando conflitos com os pais).
O que podemos fazer?
Ajudar o adolescente a entender que ele pode e deve ter pensamentos próprios, ao mesmo tempo em que precisa ser capaz de ouvir e compreender os pensamentos dos adultos. Isso gera uma grande sensação de alívio e adequação, por meio de diálogos francos.
2º) Sentir-se constantemente inadequado e julgado, que nada do que fala ou faz está bom o suficiente. Teme os olhares dos adultos, sentindo-se condenado e julgado. existe um desajeitamento generalizado na postura física e emocional, parecendo que as coisas não se encaixam.
O que podemos fazer?
Valorizar as atitudes positivas, agir com mais empatia, respeitar o modo de ser do adolescente (sabendo que essa fase não define quem ele será para sempre), criar um ambiente de maior aceitação e tolerância mútua e propiciar abertura para diálogos.
3º) Ter relacionamentos afetivos.
Os adolescentes têm preocupações como: “quem gosta de mim?”, “quem eu gosto, de fato, poderia gostar de mim?”, “será que vou encontrar alguém?”.
Adultos desvalorizam esse momento dizendo: “fique tranquilo, você é muito novo, na hora certa você vai encontrar alguém”, “não fique sofrendo por essa menina, é lógico que ela não é o amor de sua vida!”.
Esse tipo de conversa é totalmente inoperante (não tem eficácia) e exasperante (causa irritação).
O que podemos fazer?
Apenas ouvir, ouvir e ouvir — com empatia, sensibilidade e respeito. Afinal, o adolescente está aprendendo a se relacionar afetivamente com o outro. Devemos aceitar e valorizar seus sentimentos que, nesse momento, são genuínos.
4º) Lidar com as pressões escolares.
Os desafios acadêmicos vêm acompanhados de uma pressão por sucesso e resultados, intolerância aos fracassos, vindas de pressões por parte dos pais, professores, colegas e a própria escola.
O que podemos fazer?
Ajudar o adolescente a perceber que os fracassos fazem parte do processo de aprendizagem e de crescimento, sendo etapas para o sucesso. Também é importante incentivá-lo a analisar os fatos, os comportamentos e as ações que estão impedindo suas conquistas.
5º) Lidar com a aparência física, mídias sociais, bullying e rejeição.
Aquele corpo que muda tão rapidamente é um dos motivos do adolescente se sentir constantemente julgado e desaprovado por colegas e adultos. As mídias exibem padrões de beleza rigidamente estabelecidos na sociedade, gerando ansiedade, baixa autoestima, angústia e sentimentos de rejeição ao que o adolescente enxerga no espelho.
O que podemos fazer?
Pais, professores e especialistas necessitam estar atentos com essas questões e os possíveis comportamentos advindos daí, pois é a partir dessas dores que poderão surgir alguns dos maiores sofrimentos dos adolescentes:
6ª) Desordens alimentares (anorexia, bulimia), excessos de academia, excesso de comida industrializada, transtornos psicológicos, uso de drogas e automutilação (uso de estiletes) para alcançar a “vida ideal”, que nada mais é do que um padrão de fotos rebocadas das mídias sociais.
O que podemos fazer?
Ajudar o adolescente a refletir sobre o que realmente significa beleza, mostrando que ela vai muito além dos padrões impostos pela mídia. Estimular que ele perceba qualidades em outras pessoas que não são necessariamente valorizadas por todos, como: as sardas da mãe, o cabelo encaracolado do pai, o carinho de um colega, mesmo que esteja fora do peso. Além disso, incentivar o adolescente a se expressar verbalmente de forma firme, mas respeitosa, quando for alvo de brincadeiras e apelidos relacionados à aparência que o deixem desconfortável.
Enfim, devemos fazer com que os “nossos” adolescentes valorizem mais o “ser” e não o “invólucro”, se conectando com sua verdadeira beleza. A EPB, em seus cursos, ciclos e palestras, prepara muitas pessoas para levarem aos pais, crianças e adolescentes mensagens dos valores que realmente importam ser vividos e valorizados.
O amor ao próximo, o autoconhecimento e a autoestima são pérolas que devem ser trabalhadas por todos nós para o caminho da felicidade e do verdadeiro sentido da vida! Cada ser é único e essa é a verdadeira beleza do ser humano.
Regina Lustre Azevedo Gabriele – Advogada, professora com pós-graduação em Direito Educacional, orientadora familiar parental e escolar, diretora de eventos da EPB-DEN.
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