
Sabe-se que a adolescência é um período marcado por intensas transformações físicas, emocionais e sociais, sendo, portanto, uma fase de profundas e significativas mudanças do indivíduo para início da trajetória da “vida adulta” E por assim ser, é uma etapa crucial no desenvolvimento humano, onde o indivíduo busca consolidar sua identidade, formar vínculos sociais mais complexos e enfrentar os desafios do mundo adulto. Contudo, na era digital, essa fase vem sendo atravessada por novas fragilidades, especialmente no que diz respeito à saúde psicoemocional, intensificado pela incessante busca de parâmetros e equivalência de padrões comportamentais na era digital.
O impacto das redes sociais na saúde mental
Com a ascensão das redes sociais, os adolescentes estão mais conectados do que nunca – marcando uma fase de “estado de presença” sem viver o “presente do mundo real”. Enquanto essas plataformas oferecem oportunidades de interação e expressão (em geral, passiva de afetividade e convívio social), elas também geram desafios significativos. Estudos mostram que o uso excessivo das redes sociais está relacionado a sentimentos de inadequação, ansiedade e depressão, emanados desse frisson em busca pelo pertencimento social e padrões mentais que performam a “nova identidade” digital. Como resultado disto, a comparação constante com vidas idealizadas e corpos irreais promove uma distorção da autoimagem, afetando negativamente a autoestima.
A exposição constante e a construção da identidade
Na adolescência, a construção da identidade é uma das principais tarefas psicológicas. No ambiente digital, os jovens são constantemente expostos a padrões idealizados de beleza, sucesso e felicidade. Redes sociais como Instagram, TikTok e Snapchat promovem a curadoria de vidas “perfeitas”, o que pode intensificar a comparação social e gerar sentimentos de inadequação.
Além disso, os adolescentes sentem-se pressionados a criar uma “identidade digital” que seja atraente e validada por curtidas e seguidores. Essa busca pode distorcer a percepção de si mesmos, criando um abismo entre quem são na vida real e quem aparentam ser on-line, prejudicando a autoestima e gerando ansiedade.
Um exemplo deste comportamento social é destacado pela necessidade de validação por meio de curtidas e comentários pode transformar a interação digital em uma fonte de estresse e patologias das mais diversas, em especial nos jovens em fase de autoconhecimento e formação de maturidade emocional. Além disso, problemas outros associados, tal como o cyberbullying é uma preocupação crescente dos pais e familiares, expondo os jovens a agressões que podem ter consequências duradouras em sua saúde mental.
Pressão acadêmica e expectativas sociais
A adolescência é também um período de pressão acadêmica/escolar intensa. Muitos jovens sentem-se sobrecarregados pela necessidade de alcançar altas expectativas, seja para ingressar em uma universidade de prestígio ou para atender às demandas de um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, e ainda, em atender às expectativas de pais e familiares, o que remonta uma necessidade intensa em fortalecer os vínculos e a comunicação entre pais e filhos nessa travessia.
Somado a isso, há a influência das expectativas sociais, que muitas vezes exigem que os adolescentes se encaixem em padrões de comportamento e sucesso, contribuindo para sentimentos de isolamento e inadequação, e nesse momento, a família assume um papel fundamental no acolhimento desse jovem e suas demandas sociais.
Fatores de proteção e o papel da família
Apesar dos desafios, existem estratégias que podem salvaguardar os adolescentes e promover sua saúde psicoemocional. A presença de um ambiente familiar acolhedor e aberto ao diálogo é fundamental. Pais e responsáveis que demonstram interesse genuíno pela vida dos jovens e os incentivam a expressar seus sentimentos criam um espaço seguro para lidar com dificuldades emocionais.
A educação emocional nas escolas também desempenha um papel importante, ajudando os jovens a desenvolver habilidades como empatia, resiliência e gerenciamento do estresse. Além disso, a conscientização sobre o uso saudável das tecnologias digitais é essencial, incentivando pausas regulares e o equilíbrio entre a vida online e off-line.
A importância do autocuidado e da busca por ajuda profissional
O autocuidado é uma ferramenta poderosa para fortalecer a saúde psicoemocional dos adolescentes. Práticas como atividade física regular, alimentação equilibrada e tempo de qualidade com amigos e família podem reduzir o impacto do estresse. Por outro lado, em casos de sofrimento emocional significativo, é imprescindível buscar ajuda profissional. Psicólogos e psiquiatras são aliados importantes no tratamento de transtornos mentais, oferecendo suporte especializado.
Estratégias para superar os desafios
Para enfrentar os desafios impostos pela era digital, é necessário um esforço conjunto entre adolescentes, famílias, escolas e a sociedade em geral. Algumas estratégias incluem:
Educação digital: Ensinar o uso consciente da tecnologia, promovendo pausas, limites de tempo de tela e a reflexão sobre os conteúdos consumidos.
Foco na saúde emocional: Incentivar práticas de autocuidado, como atividade física, hobbies off-line e momentos de desconexão.
Fortalecimento das redes de apoio: Pais, professores e amigos desempenham um papel crucial ao oferecer espaços seguros para que os adolescentes expressem seus sentimentos e dúvidas.
Busca por ajuda profissional: Psicólogos e terapeutas podem ajudar os jovens a lidar com os impactos emocionais do uso excessivo de tecnologia e com problemas como ansiedade e depressão.
Estímulo ao equilíbrio entre o on-line e o off-line: Incentivar encontros presenciais, atividades ao ar livre e momentos de interação sem dispositivos é essencial para a saúde mental.
Conclusão
A adolescência na era digital é um período de intensos desafios e vulnerabilidades, mas também de oportunidades para o crescimento pessoal. Ao entender as fragilidades que marcam essa fase, a sociedade pode contribuir para a construção de um ambiente mais saudável e acolhedor para os jovens. Com apoio, educação e diálogo, é possível fortalecer a saúde psicoemocional e garantir que essa etapa crucial do desenvolvimento seja vivida com mais equilíbrio e bem-estar.
Michele Fernandez – Mãe Monoparental, Consteladora Sistêmica, Administradora e Associada EPB Seccional/Salvador.
Faça um comentário