A família é formadora de uma identidade, uma continuidade do que somos e do que os descendentes serão. As marcas que vamos deixando durante nossa existência não permitirão que nossos filhos estejam isentos de uma bagagem, de um suporte.
Queremos crer que a família continua e continuará sendo um porto seguro para todos, e o que mais queremos é que nossos filhos sejam felizes. E quando chega um momento especial, que nos façam felizes com a vinda de netos, esses tesouros que nos trazem lembranças de quando éramos nós a fazer tudo por nossos filhos e netos. Voltar a vivenciar descobertas, sentir cheirinho de nenê e entender o choro que diz exatamente o que eles sentem e que nós entendemos, e como entendemos.
O que sentimos é imensamente mais belo e rico, de maior profundidade do que aquilo que conseguimos grafar. Parece que quanto mais simples somos em nossa comunicação, mais nos fazemos entender e mais tocamos a corda do sentimento de quem nos lê ou escuta. Foi por causa dessa reflexão sobre a simplicidade das palavras em nossa comunicação, que trouxe para esse artigo o significado de algumas palavras que as crianças utilizam e que nós mesmos as usamos muitas vezes e colocando o seu significado de uma forma amorosa e calma. Nossa pretensão é ajudar, principalmente, no relacionamento com quem amamos. Este texto é também uma tentativa de preparar o leitor para as dores que farão parte do cotidiano e que muitas vezes não conseguimos explicar.
Faz poucos dias que nos tornamos avós, mas já preparamos nosso colo para acalentar e orientar, no caminho do bem, nossa neta querida. Quando ela perguntar-nos, queremos estar prontos para ajudá-la a entender o significado de:
Adeus: É quando o coração que parte deixa a metade dele com quem fica.
Amigo: É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta.
Amor ao próximo: É quando o estranho passa a ser o amigo que ainda não abraçamos.
Caridade: É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e a reparte.
Carinho: É quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente e fala com as mãos, colocando o afago em cada dedo.
Ciúme: É quando o coração fica apertado porque não se confia em si mesmo.
Cordialidade: É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da mesma maneira que a tratamos.
Doutrinação: É quando a gente conversa com o Espírito colocando o coração em cada palavra.
Entendimento: É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente, e a gente, estando apressado, não reclama.
Evangelho: É um livro que só se lê bem com o coração.
Evolução: É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás.
Fé: É quando a gente diz que vai escalar o Everest e o coração já o considera feito.
Filhos: É quando Deus entrega uma joia em nossas mãos e recomenda cuidá-la.
Fome: É quando o estômago manda um pedido para a boca, e ela silencia.
Inimizade: É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante.
Inveja: É quando a gente ainda não descobriu que realizando podemos ser mais e melhor do que o outro.
Lágrima: É quando o coração pede aos olhos que falem por ele.
Lealdade: É quando a gente prefere morrer a trair quem se ama.
Mágoa: É um espinho que a gente coloca no coração e se esquece de retirar.
Maldade: É quando arrancamos as asas do anjo que deveríamos ser.
Morte: Quer dizer viagem, transferência ou qualquer coisa com cheiro de eternidade.
Netos: É quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los.
Ódio: É quando plantamos trigo o ano todo e, estando os pendões maduros, a gente queima tudo em um dia.
Paz: É o prêmio de quem cumpre honestamente o seu dever.
Perdão: É uma alegria que a gente se dá e que pensava que jamais a teria.
Perfume: É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz.
Pessimismo: É quando a gente perde a capacidade de ver em cores.
Preguiça: É quando entra vírus na coragem e ela adoece.
Raiva: É quando colocamos uma muralha no caminho da paz.
Saudade: É estando longe, sentir vontade de voar; e estando perto, querer parar o tempo.
Sexo: É quando a gente ama tanto que tem vontade de morar dentro do outro.
Sinceridade: É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho.
Solidão: É quando estamos cercados por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto.
Supérfluo: É quando a nossa sede precisa de um gole de água e a gente pede um rio inteiro.
Ternura: É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas.
Vaidade: É quando a gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior.
Esse dicionário é ou não uma boa maneira de acalmar nosso coração e de nossos netos?
Nós já estamos treinando!
Referência
PINHEIRO, Luiz Gonzaga. O homem que veio das sombras. Fortaleza: Ed.EME. 2007.
Publicado na Revista de set. 2010 da Escola de Pais do Brasil – Seccionais de Joaçaba/Herval d’Oeste, Videira e Campos Novos.
Vera Lúcia Baratto Schiochet e Marino Schiochet
Avós de Ana Carolina Schiochet Schartz. Casal Representante da Diretoria Executiva Nacional da Escola de Pais em SC . Membros da Escola de Pais – Seccional de Videira SC
Faça um comentário