Quem não sonha com a felicidade do filho? É importante saber que essa felicidade depende da relação afetiva que ele vivencia em seus primeiros anos de vida e em especial na família.
E o que significa relação afetiva?
Relação afetiva é a interação de carinho ou cuidado que se tem com o outro, permitindo que seja livre demonstrar seus sentimentos e emoções. Essa relação é constituída no afeto**.
O AFETO
Os pais, por meio da presença, podem ser referências de afeto para o filho, podem tocá-lo de diferentes formas.
O afeto é um conjunto de fenômenos que se manifestam em forma de emoção. Ao nascer, a criança já traz, na estrutura do cérebro, uma parte definida para controlar as emoções. É o chamado Sistema Límbico. É ele que regula os sentimentos do ser humano.
É na relação afetiva que nascem e são constituídos sentimentos de amor, amizade, respeito e proteção. É essa relação que possibilita a identificação entre pessoas.
Ser presença afetuosa é conhecer a linguagem do choro, do riso, do olhar, das birras, dos gestos, das palavras e do silêncio, entre tantas outras reações que traduzem os sentimentos. Ser presença afetuosa para o filho permite aos pais vivenciar um relacionamento feliz e saudável.
A relação afetiva dá aos pais o prazer de não somente ouvir o que o filho diz, mas perceber o que ele sente e ajudá-lo a lidar com esses sentimentos e, como consequência, com suas emoções.
É na família que o filho experimenta os primeiros sentimentos e é nesse espaço que ele precisa encontrar alguém que o compreenda, saiba ouvi-lo e tenha um olhar zeloso sobre seus gestos, ajudando-o a entender seus sentimentos e emoções.
O AFETO FAZ PARTE DE SUA ROTINA?
Perceber com carinho e respeito às emoções vividas pelas crianças convida-as a expressar o que estão sentindo. E, mais que perceber, é preciso oferecer gestos que indiquem reações ao que vemos. Um abraço, um olhar terno, disponibilidade de tempo são gestos de compreensão que devem fazer parte da família.
O prazer da convivência está no fazer junto. Infelizmente, alguns pais não encontram tempo para estar verdadeiramente com seus filhos. Há quem acredite que o que importa é qualidade e não quantidade, e os pais se iludem, acreditando que conviver por alguns minutos diários é suficiente. A qualidade do tempo é fundamental, mas não significa que isso deva se reduzir a poucos momentos.
Não basta apenas dividir o mesmo tempo e espaço. Quando pai e mãe se propõem a levar o filho ao parque, é necessário considerar que, mais que levá-lo, é importante estar com ele no parque. Esse gesto diferencia partilhar espaço de conviver. Conviver exige cumplicidade, revela a capacidade de acolher. Conviver exige participar, partilhar e alegrar-se junto.
Passar momentos juntos, deixar-se contagiar pela alegria de partilhar a vida é uma forma de amar. O filho deve crescer certo do amor dos pais. Para sentir-se seguro desse amor, ele precisa de toque, compreensão e disponibilidade de tempo.
É na convivência, nas experiências mais simples que os familiares se unem. É nesses momentos que se tem a maravilhosa oportunidade de partilhar emoções, observar o filho, seus gestos, suas ações, perceber o que observa, conhecê-lo melhor.
A convivência ajuda a ensinar o filho a usar as emoções conforme a circunstância e usar palavras que possam externar seus sentimentos. Essa aprendizagem se dá muito mais por gestos que palavras.
A maneira como nos relacionamos no dia a dia, o modo como acordamos e colocamos o filho para dormir revela a relação afetiva, revela gestos de amor. O relacionamento dos pais e dos adultos que o cercam fala: é assim que se relaciona com quem se ama, é assim que se expressa o que se sente. |
A mãe ou o pai que ameaçam bater no filho quando este bate no irmão estão reforçando essa atitude agressiva e a resolução das frustrações com violência. Em lugar disso, poderiam orientar dizendo que compreendem o sentimento do filho, mas que qualquer situação de conflito pode e deve ser resolvida por meio do diálogo entre as pessoas envolvidas.
A alegria de ser amado educa para amar, portanto, o relacionamento vivido na infância marcará para sempre a vida do adulto que um dia ele se tornará. A relação afetiva será alicerce para todas as relações futuras do filho.
O afeto suaviza a relação, desenvolve sentimento de respeito. O respeito se constrói no dia a dia e os pais devem agir de forma a merecer o respeito do filho e vice-versa. Essa reciprocidade é fundamental. Quando existe afeto, respeito e confiança, o filho atende às orientações, pois acredita que o pai ou a mãe buscam para ele a felicidade.
AÇÕES EDUCATIVAS
Demonstre amor
Ame abertamente seu filho. O filho que se sente amado possui uma força interior que o torna seguro e forte. Repita que o ama quantas vezes seu coração pedir.
Beije seu filho
O beijo é um meio precioso de levar afeto, criar laços e acalmar a dor.
Abrace seu filho
Abrace muito, principalmente sem um motivo especial. Estimule-o a abraçar as pessoas que ele ama.
Acaricie
Faça nascer um sorriso no rosto do seu filho por meio de uma carícia.
Pegue seu filho no colo e permaneçam em silêncio
Gestos silenciosos de amor podem substituir palavras.
Olhe nos olhos de seu filho
Num encontro afetivo entre pais e filhos, muitas vezes basta um olhar.
Riam juntos
Façam caretas juntos, na frente do espelho. O riso compartilhado sempre desperta uma sensação de cumplicidade e bem-estar. O riso nos ensina a alegria do momento.
PARA LEMBRAR:
Quando educados com amor, os filhos têm sua afetividade desenvolvida e são seguros, se interessam pelo mundo, pelas pessoas, compreendem os seus limites e os dos outros, apresentam melhor desenvolvimento emocional e intelectual, sentem-se amados e prontos para amar. A afetividade não se dá somente por contato físico. Os gestos, as palavras e o próprio silêncio afetam profundamente o outro, exigindo qualidade na presença e doação.
**A palavra Afeto vem de uma língua chamada latim e significa estima, simpatia, amizade e amor.
Texto publicado no caderno nº 1 da Coleção Família & Escola, Curitiba, Base Editora, 2008.
Publicado na Revista nº 2 – 2010, da Ecola de Pais – Seccional de Biguaçu SC
Oralda Adur de Souza – Professora, Psicóloga, Especialista e Mestre em Educação.
Valdeci Valentin Loch – Pedagoga, Especialista em Educação.
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