O medo é uma emoção natural do ser humano. Normalmente, todos têm algum medo. Quem não tem nenhum medo, eventualmente, pode colocar em risco a sua vida ou a vida de outras pessoas.
O medo surge em algum momento do desenvolvimento psicológico infantil: é uma sensação de impotência e incapacidade diante de uma situação desconhecida. O medo também é uma emoção desagradável que ocorre como reação frente a algum perigo, real ou imaginário e, geralmente, depende da idade. Aos três anos, os cães podem ser a principal causa de medo e aos quatro anos, o escuro é um dos principais motivos de medo. Por volta dos oito anos, estes tendem a desaparecer. Existe, também, medo de bombeiros, sirenes, terremotos, velocidade, bichos, água e altura. Para fugir do medo, elas podem evitar lugares e atividades que possam ameaçar a sua tranquilidade, evitando se aproximar de água, subir escada, ficar em quarto escuro.
Um dos piores medos é o abandono, pois a sensação de abandono figura entre as piores emoções, segundo alguns especialistas. A criança, com a saída dos pais para o trabalho, naturalmente já pode sentir-se “abandonada”, mas nada justifica os pais ou cuidadores ameaçar abandonar a criança.
Para NELSON (1994), “Existem várias teorias sobre a origem dos medos e fobias. A visão psicanalítica propõe que um conflito interno que não é expressado leva ao desenvolvimento de sintomas neuróticos. A teoria do aprendizado social propõe que os medos e ansiedades são aprendidos no contexto do ambiente da criança. Outros acreditam que uma preocupação excessiva está relacionada à ansiedade materna.”
Quando estamos com medo não nos sentimos bem. A segurança das crianças está centrada nas pessoas que cuidam dela, em especial nos pais, e passam, geralmente, por inúmeras situações de medo e angústia. Muitas vezes, os adultos, sabedores da situação, se utilizam do medo para conseguir alguma coisa da criança, sem avaliar o mal que estão causando. Educar pelo medo é uma maneira errada de lidar com a criança. É uma antieducação que contribui para formar seres humanos inseguros, com consequências tais como: medo de bichos, do escuro, falta de iniciativa, ansiosos, motivo de riso para os colegas, pesadelos e até voltam a fazer xixi na cama.
Os pais podem ajudar os filhos a vencer o medo que dificulta a sua vida. Inicialmente, cabe destacar que a criança não é medrosa porque quer ser assim. Existiram acontecimentos na vida da criança que contribuíram para ela ser medrosa. O medo causa sofrimento. Na terapia, a melhor forma de ajudar é no momento em que ele ocorre. Nossas atitudes podem ajudar a criança a sair desse sofrimento:
– ajudar a criança a demonstrar e falar sobre os sentimentos de medo e diminuir e controlar a sua vaga ansiedade;
– demonstrar afeto e apoio, diariamente, para que ela conquiste segurança e tranquilidade e se sinta importante para os pais;
– o adulto deve ter paciência com a criança medrosa e nunca, mesmo de brincadeira, deixar a criança sozinha, angustiada, imaginando que não vamos voltar. Nunca utilizar o medo como brincadeira;
– identificar os possíveis adultos que convivem com ela para certificar se estão brincando de por medo na criança e orientá-los para evitar. A origem do medo também pode ser um programa de TV, filme, que deve ser evitado. Neste caso, devemos acalmá-la e tranquilizá-la;
– respeitar, não humilhar a criança. A criança medrosa que é ridicularizada não consegue vencer o medo. Para ser aceita, pode esconder o medo e acaba sofrendo duplamente: por medo e por não ter o apoio dos pais, sentindo-se inferior aos demais;
– nunca forçar a reação. Aos poucos ela vai superando. Se a criança tem medo do escuro, devemos acompanhá-la diversas vezes, ascender a luz, mostrar que não existe nada de anormal, até que o medo desapareça.
Educar sem usar o medo é contribuir para a formação de um adulto mais seguro, tranquilo e feliz. Provavelmente ele não sentirá necessidade da utilização de meios artificiais, como drogas, para simular que está de bem com a vida.
Referências
NELSON. Tratado de Pediatria. V. 1, 14ª ed. Ed. Guanabara, 1994.
EDUCAR, uma opção. Coleção Escola de Pais do Brasil, São Paulo, 1991.
Este artigo foi publicado na revista Escola de Pais do Brasil – Seccional de Biguaçu, nº 4, maio de 2012, p. 39.
Brani Besen – Associado da Escola de Pais – Seccional de Biguaçu.
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