Respeitando Limites e Valorizando Potencialidades: Reflexões sobre o desenvolvimento da linguagem nas crianças!

Segundo a fonoaudióloga Tatiani, o ser humano já nasce com a necessidade de aprender uma língua para poder se comunicar com o mundo e assim, expressar suas ideias, emoções, desejos e opiniões. “Muito antes de nascer, a voz da mãe já impressiona o aparato auditivo do bebê, sendo um estímulo de tranquilidade e conforto para a criança” – diz a terapeuta. Após o nascimento, a linguagem começa a ser adquirida através da interação com os pais e com o ambiente em que vive. É necessário que a criança seja estimulada, portanto converse, cante, relate, explore todos os momentos em que estiverem juntos. Conforme a profissional o desenvolvimento, dessa complexa função, ocorre espontaneamente e por etapas, existindo diferenças nas velocidades e estilos de aquisição, bem como, em diferentes culturas e línguas. Segue abaixo o que é esperado por idade:

 0-3 meses: a criança distingue a voz humana de outros sons; produz sons representados por choro e sons de reflexos; inicia o balbucio, que vem a ser a repetição de sílabas sem significado funcionando como um treino dos órgãos da articulação.

 4-5 meses: já percebe a qualidade do som ritmo, entonação e duração. Isso faz a criança compreender a situação sem, contudo, saber o que cada palavra significa.

 7-9 meses: a criança apresenta uma variedade maior de sons, suas vocalizações vão se adaptando aos sons falados no ambiente familiar.

 10-12 meses: surge a primeira palavra.

 2 anos e 5 meses: o vocabulário aumenta muito, sendo capaz de expressar sentenças simples.

 3 anos: a criança passa a entender a maior parte do que ouve dos adultos, fazendo uso de novas palavras e as utilizando para conseguir o que deseja.

 4 anos: já é capaz de pronunciar adequadamente os fonemas (sons) de sua língua, sua fala está completa, devendo apenas aprimorar a linguagem.

 O que é Atraso de Linguagem?

 O atraso de linguagem caracteriza-se pela ausência ou retardo no surgimento da linguagem oral, na idade em que isso normalmente ocorre. As causas mais frequentes do atraso de linguagem são:

 •estimulação ambiental deficiente

•bilinguismo

•fatores hereditários

•problemas orgânicos

•distúrbios emocionais

 

O atraso de linguagem se manifesta de forma evolutiva não satisfatória ou com dificuldades através de: vocabulário deficiente para a idade; dificuldade para estruturar sentenças; dificuldade para organizar o pensamento; dificuldade de compreensão; dificuldade para relatar fatos acontecidos ou vivenciados; narrativa truncada apoiada em gestos e fala ininteligível geralmente acompanhada de alteração na articulação. É importante não deixar de considerar o fato de que há uma considerável variação individual nos padrões do crescimento do vocabulário inicial de cada criança, nem todas as crianças apresentam as mesmas respostas, em termos de aquisição de linguagem. O tempo de tratamento varia de um indivíduo para outro e também de outros fatores como: aceitação e motivação do paciente, ambiente familiar, causa do problema etc.

Meu filho tem atraso de linguagem, como devo proceder? Devo corrigir a fala?

“Em primeiro lugar, use o bom senso e procure respeitar o ritmo da criança” refere à fonoaudióloga Tatiani explicando que não há fórmulas prontas, e que “cada criança tem um tempo particular para apreender aspectos mais formais da linguagem” afirma. A terapeuta ainda menciona que não adianta estressá-la com treinos descontextualizados, “o mais importante, sempre, é mostrar a criança que você é um interlocutor atento, interessado no que ela tem a dizer”. Segue abaixo algumas dicas e não esqueça: não deixe de ouvir a criança com atenção, com prazer e de trazer-lhe novas informações e desafios – conclui a fonoaudióloga.

       14 dicas para estimular a linguagem oral da criança:

1)      Conversar de modo “correto” com a criança; não imitar o modo infantilizado;

2)      Evitar corrigir a fala da criança;

3)      Falar em tom agradável na mesma altura (postura) e de frente para a criança; olhe para a criança com que você esta conversando, assim você mostrará que está atento, além de poder dar pistas das mensagens, facilitando a leitura labial por parte da mesma;

4)      Não atendê-la quando utilizar apenas gestos; pergunte a ela o que quer, ouça-a e atenda-a, repetindo a palavra corretamente;

5)      Propicie situações de conversas na qual a criança possa falar sobre suas experiências, ouça-a e não a apresse, demonstre interesse pelos seus assuntos, mesmo que a fala seja ininteligível “enrolada”;

6)      Seja paciente com a criança, ouvindo o que a mesma fala, aproveitando para atribuir significado às emissões desta; disfarce quaisquer sentimentos de impaciência que a façam se apressar já que a sua impaciência pode acarretar um efeito negativo na fala da criança;

7)      Apesar de, em diversas situações, entenderem o que a criança deseja é importante os adultos deixarem que ela busque o que quer, para que a mesma possa pedir/solicitar ações através de vocalizações;

8)      Inclua sempre a criança nos diálogos. Acima de tudo, lembre-se de fazer contato pelo olhar e pela expressão facial;

9)      Ofereça materiais como: revistas, livros; para que ela possa manuseá-los, mesmo que ela ainda não saiba ler. Permita que a criança risque e rabisque;

10)  Não critique! É provável que a própria criança seja seu crítico mais severo;

11)  Conte e leia histórias em locais tranquilos, sem competição sonora, caprichando nas articulações das palavras, na melodia da voz e na expressão facial;

12)  Não finja que está entendendo. A criança certamente perceberá que você não está, e chegará a inevitável conclusão de que você não está interessado na mensagem dela. De qualquer maneira, se você não demonstrar que não está entendendo, ela não terá oportunidade de esforçar-se para ajudá-lo (a);

13)  Ofereça sugestões sobre o que você acha que foi dito. Isso deve ser feito com muito tato e cuidado, mesmo que, depois de algumas repetições você ainda não tiver entendido. Certifique-se de dar a ela a oportunidade de indicar se você entendeu ou não, corretamente, o que foi dito;

14)  Lembre-se de sorrir. Ao concentrar-se em todos os pontos acima mencionados, quando chegamos ao final, parecemos sérios e pouco amistosos. Esteja certo de estar passando as mensagens que você realmente deseja.

 

Meu filho tem atraso de linguagem e “preguiça pra estudar”, como posso estimulá-lo?

A família ocupa um lugar muito importante no desempenho escolar de uma criança. A criança dá importância ao que a família dá importância. Por isso, acompanhá-la desde o primeiro dia de aula, com amor, paciência e determinação é fundamental. Deve ser incentivado também pela escola para poder se comprometer com seus estudos em casa. Esse hábito precisa ser construído, direcionado para algo que não seja apenas prestação de contas. Tatiani orienta o seguinte: converse, estabeleça os horários e os lugares onde ela vai estudar – é sempre bom ter um cantinho designado somente para o estudo (e não deve ser na cama). Caprichar na organização da mochila, conferir agenda deve ser um trabalho diário e em equipe. Em épocas de estudo e de provas, por exemplo, evite marcar festas, passeios e viagens para não tirar a criança muito da rotina. Torça pelo seu filho como se fosse um atleta olímpico. Prepare-o para a medalha de ouro, mas lembrando de que o importante é participar. Vibre com os trabalhos, as pesquisas e as provas. O tempo passa muito depressa e logo o seu campeão ou campeã estará exibindo medalhas de ouro no jogo da vida – conclui a terapeuta.

 

Publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccionais de Biguaçu e São José, nº 5, junho de 2014, p. 32.

Dra. Tatiani Aparecida RossiniFonoaudióloga Clínica e Educacional – CRFa./SC 8937. Atendimento Adulto, ao Idoso e Infantil. Atua realizando palestras, assessoria, orientações, triagens, avaliações, encaminhamentos e terapia fonoaudiológica. Clínica Médica Biguaçu (48) 32423232; Sonomax-Cuidando do seu sono (48)32230948; E-mail: tatianirossini@gmail.com; www.tatianirossinifono.blogspot.com.br; www.facebook.com/FonoaudiologaTatianiRossiniCrFasc8937

1 Comentário

  1. A criança sendo estimulada, dará menos trabalho na sua vida estudantil e até mesmo na vida cotidiana.

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