Este artigo foi escrito para você, para ajudá-lo a pensar sobre sua vida, numa reflexão profunda e verdadeira; para você, homem ou mulher, que quer estar consciente, mais atento, à sua própria existência e à sua qualidade de vida.
Qualidade de vida, para muitos, é ter uma boa condição financeira e econômica e todas as coisas que essa condição pode proporcionar. Quero falar sobre outro tipo de qualidade; quero especialmente enfatizar a qualidade emocional de vida que tão poucos buscam, porque enganosamente pensam que a segurança pessoal é consequência dos bens materiais que suprem todas as necessidades humanas.
Para tantas pessoas que estão na meia idade, a possibilidade de envelhecimento é vista como algo triste, pesaroso, que sinaliza para uma vida sem encanto, sem significado e sem prazer. Muitos entram nessa fase com um sentimento de fracasso ou ruína, sentem-se traídos pela vida como se a maturidade pudesse levá-los somente a um triste final. Assim, tornam-se revoltados, solitários e depressivos.
Sentimentos de perda ocorrem com frequência. São perdas reais ou imaginárias, concretas ou apenas sentidas. Enfim, são perdas de alguns “valores” que sustentavam suas vidas, como um belo corpo, característico de sua juventude ou a saúde física que agora pode estar abalada. Esse sentimento de decadência e declínio imprimem um valor negativo à vida e reprimem a vitalidade pessoal.
Se o ser humano se fortalece apenas para não perecer, se não consegue viver seus valores mais profundos, se deixa de lado sua identidade e sua originalidade, se omite-se por medo ou vergonha, se desenvolve uma autoimagem negativa e uma baixa autoestima, sem dúvida ficará mal e não compreenderá o real valor existente em todo o processo de envelhecimento.
Proponho que esta reflexão seja feita no sentido de ajudá-lo a sair desse posicionamento nada saudável e levá-lo a outras compreensões e a novos sentimentos sobre a beleza da maturidade pessoal e tudo que ela pode representar em sua vida. Lembre-se sempre que não há perdas sem ganhos.
Você, como ser humano, é o que há de maior importância, você é a principal riqueza da vida, tenha a idade cronológica que tiver. Precisa, portanto, viver sua maturidade e sua velhice para poder completar todas os ciclos da vida para os quais foi preparado e para compreender o seu sentido e seu significado.
Além dos cuidados físicos com seu corpo que incluem a higiene e a saúde, é extremamente importante que cuide de seus sentimentos, de seus pensamentos, enfim, que cuide de sua alma. Lembre-se de que nasceu não só para sobreviver, mas sim para viver e viver em plenitude. Agora, com a maturidade, pode imprimir nova direção à sua vida e vivê-la mais livremente, sem tantas culpas, preconceitos e medos. É preciso entrar em contato com sua essência, com sua verdade. Este momento é especialmente importante para a autodescoberta e para o fortalecimento da autoestima.
Aproveite este momento: pare, fique consigo mesmo, sinta verdadeiramente seu valor, entenda o quanto ainda pode realizar através de projetos concretos, o quanto ainda pode compreender acerca da existência e quantas pessoas ainda pode amar.
A maturidade propõe novas condições emocionais para abordar a vida. Se você está vivo é porque ainda há muito para realizar, há muito para conhecer e aprender e há muito para contribuir. Olhe para seu passado para aprender algo com o que já foi vivido; olhe para seu futuro para programar metas pessoais, mas viva intensamente seu presente, porque é somente nele que você pode atuar. Seu passado já terminou e seu futuro não pode ser medido pelo número de anos que ainda lhe restam e sim pela intensidade e qualidade que dá à sua vida neste presente. Portanto, é exatamente este presente que pode lhe oferecer toda a riqueza e toda a vitalidade de que precisa para atuar no mundo e realizar a sua obra pessoal, intransferível e original.
Entenda que o envelhecimento é o coroamento de uma existência vivida. É a celebração das oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Propõe tranquilidade, serenidade, firmeza, compreensão, sabedoria, qualidades que se sustentam na capacidade de amar.
Publicado na Revista nº 3 – 2003, da Escola de Pais – Seccional de Timbó
Yara Paraná Sanches – Psicóloga, Especialista em Gerontologia e Coordenadora de Grupos de Desenvolvimento Humano
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