Sabemos que a cultura é um processo de importantes transformações e que evolui por ciclos dialéticos.
É a unidade da cultura que fez com que a maioria das pessoas pensem dentro de uma mesma escala de referências.
Quando a cultura atinge seu apogeu, de um modo geral, todo mundo se entende.
Quando se diz, por exemplo, que as coisas estão certas ou erradas, há uma concordância muito grande. As distâncias culturais são mínimas neste caso; aquilo que nossos pais, avós e bisavós nos ensinaram ainda é válido para ser transmitido aos nossos filhos.
“Na medida que o ciclo cultural caminha para o fim, as contradições se aguçam, as tensões se tornam cada vez mais irreconciliáveis e o processo evolui para a radicalização das posições”.
Neste momento, sempre existem aqueles que estão voltados para o passado, a cuja posição damos o nome de “tese”; são aqueles que não admitem mudança alguma; para eles sempre existiram mudanças, apenas eles as aceitam teoricamente, mas não se engajam nas mesmas.
Existem também, dentro de qualquer idade da cultura, os que estão voltados para a frente, cuja posição chamaríamos “antítese”.
Tanto a tese, como a antítese são mantidos por minorias antagônicas.
* Cultura
* Unidade de cultura
* Começo
* Apogeu
* Declínio
* Tese
* Antítese
* Síntese
Em oposição a esses dois extremos, existe a grande massa dos angustiados, preocupados, aqueles que realmente se perguntam – onde estará a verdade? – A estes cabe a solução do problema, o diálogo que chegará a uma síntese das correntes extremas.
– Estaremos vivendo, um começo, um meio ou um fim de cultura?
Em seu livro – “Nem Marx, nem Jesus”, o escritor Jean-François Revel nos dá uma ideia do processo que antecede à mudança de cultura:
- Crítica da injustiça nas relações econômicas, sociais e, quando for o caso, raciais.
- Denúncia à deturpação do progresso técnico, dirigido para objetivos inúteis ou prejudiciais ao homem.
- Crítica do poder político. Ela visa ora à fonte e princípio, ora à técnica do poder.
- Crítica da cultura, moral, religião, crenças dominantes, usos, filosofia, literatura, arte etc.
- Críticas da civilização passada como censura ou reivindicação da liberdade individual.
IDENTIFICAÇÃO DE UM “FIM DE UNIDADE DE CULTURA”
Características | Consequências | Exemplos |
Injustiças Sociais | Violência | Terrorismo |
Deturpação da Tecnologia | Acidentes | Talidomida/poluição |
Antagonismo político-econômicos | Guerras/opressões | Capitalismo/socialismo |
Contestações de ordem moral e intelectual | Agressividade através meios de comunicação | Literatura, cinema, e televisão etc |
Desafios aos costumes; Censura às civilizações Passadas | Família fragmentada. Surgimento de Comunidades sociais diferenciadas | Hippies, surfers, nudistas…. |
Ceticismo Religioso | Inversão de Valores – Ter e Não Ser | Irlanda… Sociedade de Consumo |
Desorientação
|
Angústia | Tóxicos/psicopatas |
Portanto, “fim de cultura” é um tempo onde as distâncias culturais são máximas. Teremos então um grupo que quer a continuidade da cultura, conservar os valores, manter um estatus conseguido e que lhe foi transmitido. E há o grupo do outro extremo que antevê o mundo que virá, são os que querem transformar tudo, os impacientes. Geralmente os que estão neste grupo apontam o que está errado, mas não sabem o que colocar no lugar. Não sabem como será o certo.
A tarefa do grupo da síntese não é fácil, e o diálogo entre os dois extremos será muito difícil e mesmo doloroso, mas necessário. Da resultante desse diálogo, surgirá uma nova cultura.
Essa situação gera desorientação e angústia:
Desorientação – Não fomos preparados para assumir uma revolução cultural, fomos educados para um mundo estável, bem definido, dos valores permanentes, e de repente tudo se rompe e nos encontramos num mundo que muda vertiginosamente, onde os valores são transientes, isto é, passageiros, onde podemos saber o que está ultrapassado, mas continuamos com dificuldades para colocar algo em seu lugar.
Alvin Toffler nos dá uma ideia dessa transigência: uma mudança que antigamente levava 100 anos, hoje não leva nem 10 anos para ocorrer.
A mudança se efetua constantemente.
Essa desorientação gera angústia.
É a humanidade que se interroga sobre o seu futuro, mais do que sobre seu presente, sobre a orientação da mudança e a capacidade de adaptação e sobre a possibilidade de subsistir.
É a família que se interroga sobre seus objetivos, sobre seus valores essenciais, sobre um novo estilo e as novas tradições, os novos ritmos, enfim, o relacionamento novo.
Dentro deste mundo desnorteado, angustiado haveremos de educar nossos filhos.
Que fazer?
Para acompanharmos essa evolução é necessário termos uma definição do que seja educar – é desenvolver as qualidades do educando de tal forma que ele seja capaz de transformar o muno, rompendo com os padrões já perecidos no tempo, ressaltando os novos valores.
A fim de acompanharmos mais essa evolução é necessário mantermos uma “educação permanente” com reciclagens contínuas ao longo de toda a vida, procurando ter diretrizes seguras, estudando o porquê das coisas, dando uma educação da “liberdade”. Liberdade para saber o que fazer da sua liberdade, é preciso a busca de Deus – do infinito, do eterno, do transcendente – a visão metafísíca – a busca do sentido da vida – ter esperança no futuro.
Isto que pode parecer uma teoria, não passa da realidade que estamos vivendo, e o objetivo primeiro da Escola de Pais é ajudar os casais a assumirem seus papeis de educadores, num mundo que se transforma vertiginosamente, onde o volume de conhecimentos aumenta em ritmo muito mais rápido do que a capacidade que as pessoas tem para acompanhar as inovações.
Como exemplo, podemos lembrar que em certos países metade da população desempenha funções que não existiam até o começo do século.
A Escola de Pais, vem pois, em resposta a uma necessidade do mundo moderno:
Hoje não tem sentido uma pessoa pensar em exercer qualquer função sem um aprendizado ou sem especialização – não cabe também, pais que educam filhos sem nenhum conhecimento das suas necessidades básicas.
O QUE É A ESCOLA DE PAIS?
Será aquele lugar onde aprenderemos a viver, uma vez que trabalharemos com adultos, e principalmente “pais”, onde todos trarão um cabedal de conhecimentos, onde nosso trabalho terá um cunho profilático, de atualização e de educação permanente.
Dizemos profilático no sentido da orientação aos pais a cada nova fase no desenvolvimento dos filhos Surgimento de Comunidades, como prevenção.
Dizemos atualização porquanto muitos pais necessitam apenas reformular seus princípios para que possam educar em um mundo em transição.
Dizemos educação permanente, porque na Escola de Pais o casal pode e deve rever seus vários papeis constantemente.
ESCOLA DE PAIS
É um movimento voluntário ecumênico, de inspiração cristã, particular, apolítico, aconfessional que utiliza um método profilático de atuação e educação permanente no sentido de ajudar os pais a se reeducarem e a educarem os filhos.
João Maria de Oliveira – associado da Escola de Pais, Seccional da Grande Florianópolis
Faça um comentário