O relógio biológico sofre alterações na puberdade; documento da Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda início das aulas para depois das 8h30min
A cena é comum: jovens sonolentos entram na escola por volta das 7h e mal conseguem manter os olhos abertos na primeira aula. Estudos sobre a saúde do sono mostram que adolescentes naturalmente dormem e acordam mais tarde e precisam de mais tempo de sono que crianças e adultos. No entanto, os horários habituais do início das aulas não coincidem com o relógio biológico dessa faixa etária. Há ainda as distrações tecnológicas: a interação com computadores, videogames e televisão, comum nessa faixa etária, adia em muito a hora de ir para a cama e interfere nas ao menos 8,5 a 9,5 horas de sono diárias recomendadas por entidades como a Academia Americana de Pediatria (AAP). E a falta de sono se reflete no desempenho escolar.
Na puberdade, a liberação de melatonina – o hormônio que induz ao sono, cuja secreção é sincronizada com a diminuição da luz solar – é deslocada para um pouco mais tarde. Baseada em estudos sobre o sono, a AAP divulgou um documento para políticas públicas no qual orienta as escolas a iniciar as aulas para adolescentes após as 8h30.
O “sono insuficiente deve ser tratado como uma questão de saúde pública que afeta significativamente o sucesso acadêmico”, diz o documento. Os autores afirmam que a falta de sono torna os adolescentes mais propensos a desenvolver obesidade, diabetes e depressão e a buscar estímulo em bebidas com cafeína. De acordo com eles, atrasar o início das aulas aumentaria a frequência dos estudantes, reduziria atrasos e melhoraria o desempenho acadêmico.
Redes escolares norte–americanas já debatem a mudança em seus horários, como a de Long Beach, na Califórnia, que pretende começar as aulas dos jovens às 9h, e a de Durham, na Carolina do Norte, que deve ajustar para 8h o primeiro sinal. No entanto, pais e professores argumentam que isso dificultaria a sincronização das aulas dos adolescentes com outros turnos escolares, atividades extracurriculares e os horários de trabalho dos pais. A discussão ainda vai longe.
Publicado no site: Revistaneuroeducação
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