Constatamos cada vez mais alarmados que os anos passam muito rápido, os filhos crescem e quando menos percebemos, tornam-se adolescentes, e o que fazer então?
Se de um lado temos pais preocupados, com dúvidas e dificuldades no relacionamento com seus filhos, de outro temos ex-crianças, futuros adultos (tanto no aspecto físico quanto emocional) buscando sua autonomia, com dificuldades nesta ruptura de laços do antes para o momento atual, da dependência para a independência, o que gera inseguranças e sentimento controversos.
Para o adolescente este é um tempo de experimentar, correr riscos, testar limites, de dúvidas, construção de sua identidade, avaliação crítica dos valores, da família, da escola, da religião, da sociedade, período de autoanálise. E, além de tudo isso, enfrenta as mudanças físicas e hormonais.
Nós, pais, precisamos compreender e nos prepararmos através de leituras, estudos, debates, conversas com outros pais e profissionais da saúde e da educação para este período de instabilidade, pois essas mudanças fatalmente acontecerão e são importantíssimas para a formação do ser humano sob nossa escolta, e nossa atenção deve ser redobrada, pois os riscos aumentam e a prevenção é sempre o melhor caminho.
Os pais se questionam se seus filhos estão preparados para assumir esta realidade: usufruírem de sua independência com a devida responsabilidade; se é normal contestarem tudo e todos, protestarem, se oporem, questionarem e desafiarem autoridade; e ainda se eles próprios estão prontos a assumirem um papel de orientadores e estimuladores, confiantes no amadurecimento responsável de seus adolescentes, com limites, valores, usando de autoridade democrática, sem permissividade. É na família e em família que este desafio será vencido.
Precisamos arraigar em nossos adolescentes que ser livre não é fazer o que se quer, nem ser egoísta e sim conhecer as vantagens e as condições da liberdade: o adolescente precisa aprender a guiar a si próprio, assumir-se e assumir sua vida, analisar as consequências dos seus atos, ter o sentido de riscos e de justiça, respeito também aos direitos dos outros, reconhecendo e sabendo lidar com a influência do seu grupo.
Há atitudes da família que favorecem ao adolescente viver a liberdade com responsabilidade: confiança, compreensão, atenção, aceitação, proteção, presença, exemplo, diálogo, harmonia no lar, levá-lo a descobrir quais são os seus pontos fortes, incentivo ao seu crescimento individual; ajudá-lo a estabelecer metas realistas; enfatizar suas qualidades e ajudar a melhorar suas deficiências. Elogiar ajuda, e sua autoestima precisa disso; incentivar e praticar discussões familiares sobre crenças, valores, interesses de cada um e de todos; julgar os atos e não o seu autor. Precisamos também abrir canal para incentivar e praticar a reflexão crítica: saber ouvir; deixar partilhar seus sentimentos; aceitar e encorajar a exposição de suas ideias; combinar limites justos, bem definidos e praticados, estabelecer anteriormente quais serão as punições, caso não sejam obedecidos, sempre respeitando a dignidade.
Os adolescentes, como acima mencionado, são contestadores, contrários a regras, sentem-se transformadores do mundo, verdadeiros justiceiros. Tudo isso, nada mais é que manifestações de sua insegurança, sendo esta a forma que encontram para conviver com as angústias, as incertezas que tal estado provoca. Neste momento em especial, devemos ter mais cuidado em nosso relacionamento, buscando aproximação, estando conscientes de que a mesma atitude, num momento aproxima e no seguinte, afasta. Quando exaltados, saibamos que o diálogo não existirá, apenas o bater de portas, choros e gritos. É o momento de deixar o “tempo esfriar”, mas não de esquecer o assunto, ele deve ser retomado quando todos estiverem prontos para ouvir e falar racionalmente.
Adolescentes necessitam de pais calmos e amorosos que transmitam confiança, estejam prontos para o diálogo, que os disciplinem, vivenciem e transmitam seus valores, ouçam seus problemas, percebam suas inseguranças e ajudem-nos a vencê-las. O diálogo deve estar sempre presente, inclusive nas orientações sobre mudanças psicológicas, físicas e hormonais. Mas, tomemos cuidado! Pais ansiosos podem ir além ou aquém do que seus filhos estão precisando ou querendo saber naquele momento.
Lembremo-nos, também, que nossos adolescentes precisam extravasar suas energias. Para isso, o incentivo ao lazer, ao esporte, aos movimentos juvenis e sociais, e quaisquer outras atividades grupais são imprescindíveis nesta fase. O adolescente não vive sem amigos. Ele busca e precisa da convivência em turma, com seus pares, procurando identificação. É hora de redobrarmos a atenção com os amigos de nossos filhos, procurando conhecê-los, trazê-los para a convivência familiar, estar sempre por perto, exercer o que a Escola de Pais nos ensina: liberdade vigiada.
A adolescência é também o momento de decisão e indecisões em relação ao projeto de vida e/ou carreira profissional. Nesta fase estará escolhendo como vai querer viver, o que vai fazer. Assim, é fundamental traçar objetivos, metas e estratégias de como chegar. Podemos salientar que as escolhas não serão necessariamente definitivas, mas devem ser analisada de forma segura, com responsabilidade, juntando, por exemplo, o maior número de informações sobre as profissões de sua preferência e habilidades que se deve possuir para assumir estas atividades profissionais, sem se deixar levar somente pelo “charme” ou pelo aspecto financeiro, e sim, pelas possibilidades de atingir seus sonhos, suas expectativas, assumindo e se responsabilizando pelas suas escolhas.
Para finalizar, lembremo-nos, pais: nossos filhos serão sempre “nossos” filhos. Não importa a faixa etária ou fase de desenvolvimento que se encontram, terão necessidades diferentes cada em fase, assim como seu brilho próprio. E assemelhando-se a todas as outras etapas de sua vida, sempre precisarão de um porto seguro onde possam ancorar com tranquilidade: seu lar, seus pais.
Publicado na Revista nº 1 da Escola de Pais – Seccional Videira SC
Publicado na Revista nº 2 – 2010, da Ecola de Pais – Seccional de Biguaçu SC
Marli e Antônio Trentin – Associados da Escola de Pais Seccional de Videira SC
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