Ao sermos convidados para escrever um artigo sobre o tempo, nunca imaginamos que teríamos que encontrar dentro do nosso tempo, tempo para pensar sobre o tema. Fez lembrar, daquele trocadilho de palavras que fazíamos quando crianças, que dizia: “Perguntei ao tempo, quanto tempo o tempo tem? E o tempo tem tanto tempo quanto o tempo tem”.
A questão mais importante é sabermos quanto tempo nós temos e o que fazemos com ele. Quanto tempo perdemos com coisas mais ou menos importantes, ou o desperdiçamos preocupando-nos com o tempo dos outros, com a vida dos outros, sem considerarmos que a nossa própria vida é uma medida de tempo e sem percebermos que um dia a mais, é um dia a menos, mais próximo do fim da nossa vida e do nosso tempo.
Perguntamo-nos então, quem inventou o tempo? As primeiras civilizações mediam o tempo pelas estações; outros povos, pelas luas; outros ainda, pelos solstícios, marcando os eventos importantes por estas medidas. O tempo era corrente, não tinha começo, nem fim.
A Civilização Maia, que habitou nosso continente e acabou extinta por fatores ainda não explicados pela ciência e história, desenvolveu um sistema de calendários e almanaques de contagem de tempo, o qual foi denominado pelos pesquisadores de Calendário Maia, ainda usado na Guatemala, pelos supostos descendentes da cultura deste povo. Estes calendários podem ser sincronizados e interligados, com suas combinações dando origem a ciclos adicionais mais extensos. Os fundamentos dos Calendários Maias baseiam-se em um sistema que era de uso comum na região, datando pelo menos do século VI a.C. Neste calendário, o tempo tinha início e fim. Já no calendário de conta longa, o fim dos tempos está datado para 21.12.2012. Cada um registrava os ciclos que eram marcados com a construção de monumentos ou sacrifícios. Segundo os Maias, uma interpretação cíclica também é notada nos mitos de criação, em que o mundo atual e os humanos nele foram precedidos por outros mundos (de um a cinco outros mundos, dependendo de onde vem a tradição) que foram feitos de várias formas pelos deuses, mas subsequentemente destruídos. O mundo atual teria uma existência tênue, requerendo súplicas e ofertas de sacrifícios periódicos para manter o equilíbrio de existência continuada.
Temas similares fazem parte dos mitos de criação de outras sociedades mesoamericanas. Uma de nossas avós acreditava que o final dos tempos seria no ano dois mil. Infelizmente o tempo dela acabou antes de constatar que sua previsão não foi concretizada. Já outra avó, dizia-nos que o fim dos tempos ocorre quando a gente morre. Lembrando Gabriel Garcia Marquez no poema A despedida, destacamos: “Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento […]” e que “[…] aprendi que quando um recém-nascido aperta com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo do seu pai, o tem agarrado para sempre […]”. Por que cito esta parte do poema de Gabriel Garcia Marques? Simplesmente porque nossa existência parece ser um resumo do tempo: nascemos, crescemos, amadurecemos, envelhecemos e morremos. Costumo dizer que medimos nosso tempo pelos nossos filhos, os que nos sucederão, que de alguma forma é a vida após a vida, a permanência da nossa vida em outras vidas, o tempo passado, presente e futuro, um misto de razão e emoção e previsão.
Alguns olham para o tempo no passado buscando respostas para o presente. O passado tem sua importância para o aprendizado da própria existência humana, chamamos de história pregressa ou experiência de vida. O passado vale um tesouro para quem sabe ouvir e entende as suas lições, embora para os jovens, não muito, pois geralmente, as experimentações irracionais valem mais do que a experiência dos mais velhos, por isso continuam cometendo os mesmos erros de forma cíclica. É como uma novela que se repete, mudando apenas os personagens.
Já o tempo futuro tem um ar de mistério e, ao mesmo tempo, excita a imaginação. Para alguns, nosso futuro “está escrito nas estrelas”, é uma sina, um destino já acertado um predição onde o importante é adivinhar, consultar algum místico, oráculo, cartomante para poder prevê-lo. Daí sucede-se o mistério, a curiosidade, chega a ser uma obsessão para muitos e um negócio rentável para poucos. Para os realistas, o tempo futuro se constrói hoje, é como o dito popular: “a semeadura é livre, a colheita, obrigatória” ou “colhemos o que plantamos”. Na verdade sempre imaginamos o tempo futuro dentro de nossa mente, pois ele acontece antes em nossas mentes, para depois virar realidade. Mesmo o tempo mecânico ou digitalizado dos timers ou relógios condicionam nossas vidas no infortúnio cotidiano, em que temos hora para acordar, trabalhar, dormir, almoçar, jantar, tomar café, lanche, nos divertir e estudar. No mundo moderno, o tempo para família e para nós mesmos fica condicionado a um intervalo qualquer, entre uma jornada diária e outra, ou seja, um tempo dentro do tempo, um tempo livre, pois o verdadeiro tempo aprisiona.
O leitor analisando este texto deve estar imaginando que nos esquecemos de um dos tempos, pois falamos do tempo passado e tempo futuro, e o tempo presente? Pois bem, destacamos aqui o depoimento de Dom Luciano, in memoriam, sobre si mesmo, em depoimento falado em língua italiana, que aparece na publicação da Arquidiocese de Mariana, comemorativa ao centenário de elevação à Arquidiocese: “Em primeiro lugar, sinto-me chamado a viver o momento presente, sem perder, é claro, a visão do futuro. Sou um homem apaixonado pelo presente, enquanto sei que o presente não volta mais. O passado tem um valor, sem dúvida, na unidade da pessoa. O futuro possui a novidade da surpresa, mas o presente, o que é? É aquele momento de transparência da consciência, no qual uma pessoa é chamada a entrar em comunhão com Deus no evento, a partilhar o sofrimento e a alegria na presença de Deus. Isso me parece bonito: de um lado, porque a pessoa tem sempre algo a fazer, sendo chamada a viver o desafio do momento presente; do outro, tem um pouco de paz, porque cada momento leva consigo uma beleza especial, um pouco da graça de Deus.”
Em resumo, o ideal é viver o presente, sem perder a visão do futuro. O tempo presente será um grande vazio se não for preenchido de amor, este é o pensamento de Dom Eduardo Benes, arcebispo de Sorocaba (SP). Para não nos apropriarmos de opiniões alheias, devo dizer que concordo com este pensamento, que deveria ser uma filosofia de vida, VIVER O PRESENTE!
A vida é feita de momentos. Tente fazer um exercício mental e lembrar de um dia feliz, o dia que você ganhou um presente maravilhoso, uma boneca para as leitoras, ou uma bicicleta ou bola, para os leitores, ou ainda, o nascimento de um filho, formatura, casamento, o primeiro amor… O sentimento hoje, da lembrança, não é o mesmo sentimento do que aquele vivido naquele tempo, naquele momento. Igualmente conhecemos pessoas que ao contrário, que é importante também, mas sem perder de vista o passado e o presente, dizem: “um dia serei feliz” ou “um dia terei isto ou aquilo, aí sim serei feliz”, ou pior, “no futuro serei feliz”. A felicidade não está no tempo futuro, está no momento presente, portanto, não sejamos escravos do tempo. Transformemos o tempo em momentos bons e necessários, momentos importantes, momentos urgentes e momentos felizes, ou só momentos.
A vida é curta, o tempo é curto, se dissermos que uma pessoa de 40 anos, viveu 14.600 dias, 350.400 horas, 21.024.000 minutos e 1.261.440.000 segundos, você ainda pode achar pouco, mas em 1 segundo, uma vida pode nascer ou terminar, alguns décimos de segundo podem determinar quem será o primeiro ou segundo em uma corrida de Fórmula 1, ou quem será o recordista em algum esporte cronometrado, ou ainda, o tempo extra no futebol, no último segundo do último minuto do segundo tempo do jogo, pode tornar alguém um herói ou um vilão.
Para finalizar, entendemos que devemos encontrar tempo no tempo, para os amigos, para a família, para quem amamos. O tempo é o melhor juiz, mas o pior carrasco, portanto, os momentos devem ser vividos, compartilhados, equilibrados, para que nossa existência não fique apenas no tempo.
Publicado na Revista de set. 2010 da Escola de Pais do Brasil – Seccionais de Joaçaba/Herval d’Oeste, Videira e Campos Novos.
Neliege e Antonio Carlos de Souza
Membros da Escola de Pais – Seccional de Videira SC
Opa! Sou um tecno-otimista assumido ente3o vou logo me anaesentrpdo!Mas vou pedir licene7a para dar algumas definie7f5es prf3prias para otimismo e pessimismo:O otimismo sem controle naturalmente se degenera em acomodae7e3o, afinal tudo vai dar certo, sabe-se le1 porque ou grae7as a quem e, em sua miopia fane1tica ele vai se ajustando aos desastres provavelmente atribuindo-os a um misterioso plano divino.O pessimismo sem controle naturalmente se degenera em acomodae7e3o (e9 isso mesmo, igualzinho acima), afinal tudo vai dar errado mesmo ente3o o melhor a fazer e9 cuidar de mim mesmo e os outros que se danem.O otimista patolf3gico e9 um alienado, o pessimista patolf3gico um egoedsta.Geralmente Na minha experieancia pelo menos Com certeza e9 melhor ne3o ser nem otimista, nem pessimista, pelo menos ne3o do tipo patolf3gico.Por outro lado ne3o acredito muito que nf3s sejamos capazes de caminhar estritamente no meio, vulcanos donos de uma lf3gica acima do pessimismo ou do otimismo.Em humanos acredito mais em um tipo de mf3bile das duas fore7as para impedir justamente o mergulho irreversedvel em um ou outro.Outro ponto a considerar e9 que algumas personalidades gostam do desafio do impossedvel para estimule1-las e outras se sentem completamente esmagadas se ne3o tiverem certeza que tudo dare1 certo no final. O pessimismo ponderado estimula os primeiros e o otimismo (sempre ponderado) de1 fore7a aos outros.Apesar de me definir como otimista talvez minha vise3o de mundo paree7a bem pessimista e confesso que adoro o desafio das causas impossedveis.Alguns exemplos:Creio que nossa espe9cie tere1 que enfrentar enormes perdas de vidas por conta do esgotamento dos recursos materiais e mudane7as clime1ticas que reduzire3o drasticamente a oferta de alimento e liberare3o doene7as que este3o adormecidasCreio que a Internet ne3o foi criada para o bem da humanidade, mas como parte de um fenf4meno informacional que provavelmente nos transformare1 (na verdade je1 este1 transformando) em escravos da coleta de informae7f5es, processamento de dados, criae7e3o de unidades culturais (como veddeos criativos) e o fluxo disso tudo, da mesma forma que je1 fomos escravos da produe7e3o de bens materiais.Como bem observaram recentemente a cultura hipertextual e9 um duro golpe contra o raciocednio linear, essencial para construir uma linha de pensamento lf3gico e ne3o vejo sinal da construe7e3o de novos caminhos sine1pticos para lidar com essa estruturaNe3o vejo a menor chance da nossa sede consumista diminuir. Ou nossa espe9cie comee7a a criar colf4nias fora da Terra ou nossos problemas sere3o ainda maiores. E sinceramente, algue9m vea possibilidade de fazermos isso? Creio que sf3 o otimista patolf3gico Apesar disso tudo me defino como otimista pois tambe9m ne3o vejo como a nossa espe9cie poderia ser completamente exterminada (a menos que sejamos atingidos por um grande cataclisma cf3smico como o impacto com um cometa ou asterf3ide muito grande) e considero lf3gico supor que, diante disso, nossa civilizae7e3o continuare1 seu caminho evolutivo seja le1 para onde for.Tambe9m acredito que nossa tendeancia e9 em diree7e3o a uma estrutura onde he1 menos dor para cada indivedduo da nossa espe9cie e de outras. Ou seja, talvez milhf5es de pessoas morram em consequeancia do otimismo que nos fez subestimar as mudane7as clime1ticas nos faltimos se9culos (a peste negra je1 foi um grande cataclisma ecolf3gico e bem Tempos depois desenvolvemos o saneamento urbano, mas permanecemos cegos para outros problemas), mas o sentido do nosso desenvolvimento parece apontar para uma cultura mais empe1tica, democre1tica e outros princedpios que nos parecem moralmente bons.Bem, mas me parece que o ponto central do seu post e9: tercerteza de que tudo ire1 bem ou que tudo vai se acabar nos impede de agir. Concordo plenamente!Como vocea disse ainda he1 pouco: estar otimista e9 diferente de ser otimista.Ah! Tenho mais uma raze3o para me apresentar como otimista: pelo menos nas minhas redes sociais online e offline reina um pessimismo absoluto que tem certeza do fim da humanidade e que somos um tipo de praga que deveria ser erradicada do planeta Terra para que ele possa seguir em paz.Isso e9 um absurdo c9 como dizer que meu corpo e9 uma massa de carne repleta de pecado que impede minha alma de alcane7ar a iluminae7e3o e que por isso cometerei o suiceddio.Do ponto de vista humano a Terra sf3 faz sentido como nosso lar, mas tenho visto que, antes de preservar a Terra precisamos resgatar o amor prf3prio dos humanos.Por isso me apresento como otimista e levo mensagens otimistas para equilibrar o profundo pessimismo que tenho visto. Mesmo tendo certeza que em uns 50 ou 80 anos criaremos uma forma de conscieancia eletro-mece2nica que nos tornare1 obsoletos e mantere1 apenas alguns humanos em zoolf3gicos!Pronto! Falei! Dei vaze3o aos meus devaneios ciberpunks de nerds apaixonados por Philip K Dick e Douglas Adams