A conquista do feminismo, a aprovação da Lei do divórcio e as mudanças nos papéis sociais de gênero influenciaram o contexto da família tradicional.
Hoje, as famílias reconstruídas têm novos formatos que são assimilados mais facilmente pelas crianças do que pelos próprios pais. O marido da mãe, a mulher do pai, meio irmão, novos ambientes a casa da mãe, apto do pai, a nossa casa, os casamentos ou convivências homoparentais, estas são adaptações que para as crianças sensíveis pode ser mais difícil de assimilar.
Esta democratização das relações familiares valorizou a qualidade do afeto e a criança é o foco das atenções materna e paterna e das compensações dos avós.Diante desta nova situação muitos pais e mães buscam substituir a sua ausência e deixam de exercer a sua autoridade primordial, tornando-se “amigos” dos seus filhos . Criando-se desta forma um círculo vicioso, pais e filhos não querem ser frustrados e então não existem regras e nem limites na convivência familiar e social.
Este fato, descaracteriza e fragiliza o universo familiar quando as regras são ditadas pelos filhos que não tem maturidade para isto. O resultado disto é que estes pais que trabalham o dia inteiro delegam às creches e às escolas a tarefa de educar.
A psicóloga Rosely Sayão em um de seus artigos na Folha de S.Paulo, diz o seguinte: “Alguns restaurantes, hotéis e empresas de festas de casamento, têm vetado a presença de crianças nestes ambientes.” “ Neste artigo ela enfoca que a perda do relacionamento intergeracional, (avós,filhos e netos) fica mais empobrecido”
A Escola de Pais do Brasil vê este fato com grande preocupação, pois além da preocupação com o relacionamento intergeracional, bem ilustra em que estágio chegamos com a ”educação” de nossas crianças, de como as estamos preparando para viver em sociedade.
Isto já está acontecendo! Crianças estão sendo vetadas em alguns hotéis, restaurantes e casamentos porque estão sem controle e perturbam o ambiente ou solenidades.
Renomados estudiosos do comportamento humano como: psicólogos, pedagogos, psiquiatras e o filósofo Mario Sérgio Cortella, são unânimes quanto “a importância do exercício da autoridade, aplicada com o objetivo de dar segurança, organização de espaço e tempo, para o bom desenvolvimento e convivência social da criança, na família, na escola e em publico.”
A autoridade exercida com amor e firmeza fará com que a criança se adapte as regras adotadas pela família. O psicólogo Steve Biddulph diz: “Depois do amor não há nada mais importante do que dar disciplina aos seus filhos”. “mas, não do tipo tradicional. Estes pais não batem, não prejudicam e não culpam os filhos. Mas, são firmes.”
Educar é um trabalho contínuo que demanda tempo e paciência para conversar, participar das suas conquistas e frustrações , assim estaremos criando um vínculo de afetividade, colocando limites, ordens, enquanto pequenos, na adolescência será mais fácil que seu filho atenda seu conselho, aceite um diálogo, pois ele se sentirá mais seguro.
Quando um adolescente não tem referência, não sabe em quem confiar, será vulnerável, a quaisquer convites que podem levá-lo para o caminho da infelicidade, seja o da sexualidade precoce, seja de quadrilhas de baderna ou drogas. Eles ficam sem norte, sem o porto seguro que deveriam ter sido ser dados por seus pais .
As crianças não devem ser segregadas, eles precisam conviver com jovens, adultos e idosos, estes contatos intergeracionais ricos em experiências lhes darão parâmetros de comportamentos necessários para conviver socialmente. Uma criança bem educada é uma criança feliz, pois é aceita e admirada por todos. Isto fará bem para sua autoestima, ponto de partida para ser um vencedor no futuro.
Publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccional da Grande Florianópolis – out 2017, p. 33.
Dolma Magnani de Oliveira – Advogada, professora e associada da Escola de Pais do Brasil – Seccional da Grande Florianópolis
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