Sim, sou negro. Mas e daí? O que você pode fazer por mim? São questionamentos que eu faço ao longo de minha vida exitosa existência, mas não vislumbro melhorias nas tratativas da causa do negro brasileiro. Sem querer retornar para a história do país, nem olhar pelo retrovisor da vida real, afirmo que nós negros precisamos de verdadeiras oportunidades e não prêmios consoladores.
O direito à igualdade é inquestionável para todos os seres, independentemente da cor de suas peles. A cor da pele não pode ser impedimento para o desenvolvimento integral do indivíduo. De fato, temos um inimigo invisível, que é o covarde preconceito racial e devemos destravar as barreiras absurdas de camuflagem preconceituosa. Portanto, se faz necessário um combate escancarado em busca da igualdade e sarar definitivamente as feridas não cicatrizadas.
Ainda há uma infestação contagiosa de racistas de plantão, que se escondem atrás de seus disfarces e sistematicamente proliferam suas ideias ultrajantes de pleno poder. A Semana da Consciência Negra serve para nos conscientizarmos das injustiças sociais que sofremos ao longo do tempo.
Estou convencido que estamos sendo enganados por falsas verdades que nos impõem um eterno flagelo social e moral, colocando-nos fora de qualquer expectativa de melhores dias. O chicote do feitor insiste em nos castigar, as chibatas atuais se encontram nos gabinetes acarpetados de certos poderosos, que usam e abusam do direito de ferir nossa honra. Pois nossa honra é constantemente afetada quando alguém afronta acintosamente nossa inteligência, não nos possibilitando o mínimo acesso aos primeiros escalões de empregos.
É assustador verificarmos todo esse engodo político e social, que enaltece midiaticamente os direitos iguais para todos, mas infelizmente somos relegados aos planos secundários de quem manda, empobrecendo e aniquilando nossas exaustivas esperanças. Somos negros e queremos apenas dignidade.
Ideraldo Luiz Marcos é Professor de educação física – Joinville.
Publicado no Jornal Diário Catarinense, 20/11/2015, p. 27.
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