Quando uma mulher está grávida, a família espera com muita ansiedade a chegada do bebê, desejam que ele nasça saudável, ou seja, dentro dos padrões de normalidade. Se isso não ocorre, produz um choque na família. Os pais, com a sensação de perda, veem-se obrigados a conviver com um bebê que não esperavam.
Durante o período de gestação, existe uma expectativa de como será meu filho fisicamente, seu desenvolvimento, porém poucos pais imaginam um filho diferente.
Numa sociedade que supervaloriza o “belo”, ter uma deficiência representa um estigma.
A família experimenta diferentes sentimentos como a vergonha, medo, pena, culpa, raiva, revolta, bem como amor. A situação fica ainda mais difícil se os profissionais não estiverem preparados para dar a notícia à família, pois as primeiras informações serão de fundamental importância para o entendimento e compreensão da deficiência, fugindo do conhecimento pronto e do pré conceito.
Os erros mais comuns que podemos observar na educação de criança com deficiência são a superproteção, subestimar o potencial, não dar limites, fazer tudo no lugar do filho, “trancar” a criança em casa, infantilizar e repreender a sexualidade.
A ação dos pais, tão importante e significativa desde os primeiros momentos da vida, será o diferencial na vida deste indivíduo. Pais e Filho terão um amplo e complexo caminho a percorrer, que inclui entre outras questões: encontrar uma escola adequada em que seu filho possa se desenvolver integralmente, ou seja, uma escola inclusiva.
Mas por que uma escola inclusiva? Porque infelizmente no decorrer da história as escolas se configuram em um dos espaços mais marcantes da exclusão, trabalhando com uma lógica de homogeneidade, partindo do princípio que os iguais devem ser agrupados entre si. A escola tem, sistematicamente, excluído de seu espaço todos aqueles considerados muito diferentes.
Contra essa lógica, nasce o movimento mundial pela inclusão que é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à idéia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola.
Vários autores apontam a necessidade de pensar o processo de inclusão para além da inserção física dos alunos com deficiência nas classes regulares, bem como os processos de formação docente e reflexões com o coletivo das escolas acerca do processo de inclusão, de modo a promover rupturas que aproveitem a estada e permanência dos alunos com deficiência para novas significações de conceitos e práticas pedagógicas, criando assim, contextos educacionais capazes de ensinar a todos, sustentados pelo seguinte tripé Ética, Justiça e Direitos Humanos.
Os pais precisam estar atentos, pois são parceiros essenciais no processo de inclusão e compreender que não há chegada definitiva, mas sim travessia permanente em busca do melhor, sempre. Também será preciso rever suas concepções, ter um novo olhar, fazer uma revolução interna, pois é preciso reinventar as relações nessa sociedade em crise e somente a educação será capaz de mudar esse contexto.
Publicado na Revista Escola de Pais Seccional Biguaçu – nº 2 – junho de 2010, p. 41.
*Zoraia Jerônimo Rabelo – Diretora Pedagógica APAE – Biguaçu, Psicopedagoga Colégio Elisa Andreoli, Psicopedagoga Clínica Biguaçu.
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