Uma pequena reflexão sobre a importância da família e seu papel diante das etapas na vida dos filhos. Mas, o que é família?
Segundo o dicionário, família é o conjunto de pessoas aparentadas que vivem em geral na mesma casa.
E como é constituída? A família dentro do conceito tradicional começa com duas pessoas na fase da paquera, namoro, noivado, casamento. Depois com a vinda dos filhos, essa família passa a ser a três, quatro ou mais.
Atualmente, a família passa por grandes transformações, que afetam o relacionamento do casal e filhos. Esse relacionamento deve ser cultivado e preservado para que o filho seja criado de maneira harmoniosa e equilibrada.
As pessoas que iniciam a constituição da família advém de famílias com gostos e valores diferentes. Dessa forma, é necessário adaptação e é preciso maturidade. Ninguém é perfeito – sempre temos o que melhorar.
O melhor do casamento é a partilha das experiências e o planejamento, a divisão das responsabilidades e também das lembranças, das coisas engraçadas, os olhares de cumplicidade, o calor do corpo do outro. Até o sexo, que não é tudo, tem lugar definitivo no casamento e o ajustamento se aprende com paciência, empenho, confiança e generosidade – e vale a pena! No futuro, a escolha de nossos filhos em relação à formação de uma família, depende do equilíbrio do lar no qual eles vivem.
Um lar que vive e passa valores, tem muitas chances de evitar que os filhos se envolvam com vícios lícitos e/ou ilícitos.
Outro fato a ser considerado é que não existe educação neutra. Os filhos para crescerem seguros e se sentirem amados precisam confiar, e esta confiança será de acordo com as atitudes dos pais, quer eles as tomem ou não.
A família está inserida em uma sociedade pluralista e em constante transformação e nem sempre de acordo com os valores por nós vivenciados. Cabe a nós torná-la forte e saudável, bem cuidada e preservada em seus princípios básicos. Para tanto, são necessárias as parcerias, principalmente com as escolas que hoje também enfrentam tantos desafios.
Como já citado, a família começa a dois. Já dizia Padre Charbonneau: a educação dos filhos é obra a dois, do pai e da mãe. Por isso, é de extrema importância o bom relacionamento do casal. A missão do casal como educadores se faz não apenas através de palavras, mas também de ações concretas para os filhos.
E dentre estas ações concretas está a transmissão e vivência de valores, sem os quais a sociedade torna-se mais dura, nossa família mais desestruturada e, consequentemente, nossos filhos mais confusos.
Cada família prioriza e estabelece seus valores. Entretanto, alguns valores são dignos de reflexão:
AMOR – AMAR É CUIDAR E CUIDAR É AMAR. Manifestar claramente à criança o amor, adotar os próprios filhos plenamente. Como? Sendo pais responsáveis, cuidando da alimentação, higiene, roupas, escola, leitura, espiritualidade… Quando os pais se amam e manifestam esse amor, os filhos melhor compreenderão o amor. A manifestação de amor deve variar conforme a idade dos filhos, pois suas necessidades também vão mudando.
DIÁLOGO – É preciso saber ouvir e saber falar, mão dupla é fundamental num relacionamento seja do casal ou dos pais com os filhos, assim haverá conhecimento e compreensão das necessidades dos outros. O Criador em sua sabedoria nos deu dois ouvidos e uma boca.
CARINHO – O ser humano é o único ser que nasce totalmente dependente de outro ser humano. O toque e o aconchego são manifestações básicas para os filhos sentirem-se amados. É preciso dar tempo com qualidade aos filhos e “muito” tempo defendem os estudiosos no assunto. A quantidade e o momento também variam conforme a idade e para nos ajudar existem livros sobre o assunto e também o Ciclo de Debates da Escola de Pais do Brasil. Por exemplo, uma criança de dois anos necessita de mais tempo dedicado a ela do que um adolescente. E falando sobre carinho vem a mente o que nos dizia Pe. Charboneau: FILHOS QUEREM PAIS QUE SE AMEM E NÃO PAIS QUE OS AMEM, pois amar um filho é muito mais fácil do que continuar amando o cônjuge.
RESPEITO/HONESTIDADE – Faz parte de um relacionamento harmonioso e de confiança. Como transmitir valores aos filhos se estes não presenciarem a vivência de respeito ao próximo e do exercício da honestidade em todos os momentos?
LIMITES – Ação tão difícil de ser colocada em prática, mas uma frase tão sabiamente resume: “o meu direito termina onde começa o do outro”. Limite faz parte da educação sadia, Tânia Zagury tão bem coloca em seu livro “Limites sem Trauma”.
PACIÊNCIA e serenidade para manter a firmeza. Pois a todo momento a “paciência” é testada e anda tão curta atualmente, atualmente tornou-se comum responsabilizar a correria e o estresse.
AMIZADE – É um dos maiores tesouros a ser preservado entre pais e entre pais e filhos. Ninguém tira, é algo que só acrescenta, enriquece. A Família deve ser como o porto seguro, um precisa acreditar no outro, um deve poder contar com o outro.
RESPONSABILIDADE na orientação e exemplo, usar a autoridade e não autoritarismo. Colocar as orientações de maneira firme e segura, explicando os motivos e de acordo com a idade e o entendimento. Se necessário o autoritarismo, que seja para evitar um mal maior, como afastar os filhos do alcoolismo, das drogas e de outros vícios destrutivos. E para a autoridade existir, a linguagem dos pais deve ser a mesma, ou seja, um não desautorizar o outro, principalmente na frente dos filhos.
PERSISTÊNCIA – Aceitar a grande missão que é ser pai e ser mãe. Persistir como pai e mãe na educação formal, moral e espiritual dos filhos. Um bom exemplo é o trabalho na comunidade. Fazer-se membro atuante em algum voluntariado e/ou pastoral faz parte dos valores transmitidos aos filhos.
HUMILDADE – Reconhecer que sempre se pode melhorar. Ter disciplina, esforçar-se para aproveitar as oportunidades de convivência, estudo e leitura. O apoio dos pais deve existir e ser demonstrado através do acompanhamento, do interesse pelos filhos e até mesmo reconhecer que cada filho é único e tem limitações, aprender junto quando necessário. A disciplina leva a alcançar os objetivos, a relacionar-se melhor com outras pessoas e até mesmo a ter sucesso profissional futuramente.
Sim, acredito que a família seja um sonho possível. Acredito que o conjunto desses e outros valores vivenciados, mesmo num mundo de rápidas transformações, tornam a família um importante espaço de acolhimento e possibilidade de educação dos filhos.
Marlene de Fátima Merege Pereira – Associada da Escola de Pais de Curitiba. E-mail: marlenefmpereira@gmail.com
Artigo publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccional da Grande Florianópolis nº 6, junho de 2015, p. 36.
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