Nós, pais, gastamos o tempo ensinando nossos filhos a se tornarem independentes e produtivos. NO entanto, quando os vemos prontos para viverem suas próprias vidas, temos sentimentos conflitantes a esse respeito. O que sentimos quando os filhos deixam a nossa casa vazia, perda da função materna e paterna… Achamos que nossa vida útil terminou, diminui a autoestima, a tristeza toma conta e nem queremos ver os amigos ou trabalhar, as crises de choro se tornam constantes, a depressão se instala.
Mulheres que tiveram na maternidade a única fonte de satisfação, que colocaram toda a sua realização pessoal e seu desenvolvimento individual no papel de mãe, agora sentem uma perda de identidade. Parece que sua função foi esgotada. A sensação de “casa vazia”, de solidão e perda, principalmente quando acompanhada de depressão, caracteriza um fenômeno chamado “síndrome do Ninho Vazio”.
É uma fase pela qual homens e mulheres passam e que geralmente coincide com a menopausa nas mulheres e a aposentadoria dos homens, e isso pode exacerbar a depressão. O que fazer com essa sensação de desânimo, perda, tristeza, inutilidade e inadequação? Evidentemente, buscar novas razões para viver!
Preencher o vazio – Promover mudanças é a chave para preencher o vazio. A saída dos filhos libera recursos financeiros e propicia tempo livre que podem ser usados para voltar a estudar, realizar aquele sonho antigo; buscar novos interesses; desenvolver hobbies, como leitura, música, curso de cerâmica; fazer novos amigos; envolver-se com grupos de sua igreja ou comunidade; ajudar com trabalho voluntário em asilo, creche ou hospital.
Nessas horas é bom conversar com outras mães, cujos filhos também já saíram de casa, para poder se espelhar. Se for mãe ou pai solteiros, talvez seja uma boa hora para encontrar o parceiro. Ou, no caso do casal, usufruir da companhia do parceiro de uma vida inteira, voltando a se conhecer na idade madura. O casal pode finalmente se dedicar mais um ao outro, desfrutar de viagens, encontrar amigos ou sair sozinho, como quando namorava.
Claro que nem tudo são rosas nesse reencontro. É preciso se adaptar a uma nova realidade, quando estão apenas os dois, envelhecendo juntos. Algumas vezes os esposos se afastam e esse reencontro face a face pode ser penoso, podendo expor aspectos ocultos, divergências e gostos por coisas muito diferentes. Como fica este casamento?
Desde que ambos queiram, é impossível reconstruir um casamento ou relacionamento antigo, olhando honestamente para os motivos do afastamento e das divergências. Mas, se isso falhar, serão necessárias ainda mais mudanças, podendo haver necessidade de ajuda através de uma terapia de casal, em busca de si mesmo, de novos objetivos e novas conquistas.
Todavia nem todos os pais vivem dramaticamente a saída de seus filhos do lar. Muitos casais, e principalmente mães, planejam suas vidas para quando seus filhos partirem de casa, preparando-se para enfrentar esse novo momento, seja porque ambos os pais ainda trabalham ou porque construíram alternativas para esta fase, mantiveram o seu círculo de amigos e alimentaram sua relação amorosa. Enfim, aprenderam a conciliar o papel conjugal com o papel parental para que este não substituísse o primeiro. Para tais casais, a autonomia dos filhos não é uma ameaça. Pelo contrário, a sua saída de casa favorece o aparecimento de novos projetos a dois.
Publicado na Revista família cristã nº 898,outubro de 2010, p.22
Anna Anita Tarasiewicz é terapeuta de casal e família, consultora de escolas e empresas.
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