Educação e Prevenção às Drogas

A educação em si, jamais poderá ser encarada como apenas a arte de ensinar e aprender contida nos bancos escolares e tão carinhosamente praticada pelos professores. Daí nosso sentimento de que educar vai muito além de transmitir conhecimento. Por isso, buscamos nas palavras de Émile Durkheim um significado mais forte: “A educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estados físicos e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto”.

Mesmo nas escolas, as tarefas pedagógicas não devem apenas priorizar o mercado de trabalho e a pesquisa científica. A educação para a vida, sobretudo nos dias atuais, quando os pais têm menos contatos com os filhos, poderia ser melhor elaborada e  inserida no processo de educação formal.

Segundo Paulo Freire, “Onde quer que haja mulheres e homens, há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender”. Este ensinar e aprender está relacionado ao ensino formal e às experiências de vida, onde quer que estejamos.

Mas, qual a relação de tudo isso com a prevenção às drogas?

Ora, como se sabe, o uso e o tráfico de drogas têm se tornado a maior demanda social dos últimos tempos, responsáveis pelos altos índices de violência e criminalidade Brasil afora. Também são causadores de graves problemas familiares e de saúde. E a maior agravante é que as principais instâncias formais de controle social (Leis, Polícias, Ministério Público, Poder Judiciário, Sistema Prisional), em que pese todo esforço, não possuem aparato suficiente para sequer conter o aumento dessa tragédia que assola o país.

Então, não existe, no momento, outra forma de segurar essa escalada bárbara e sem trégua de violência, quase sempre relacionada com o uso e o tráfico de drogas, senão por intermédio de um trabalho forte numa das principais instâncias informais de controle social: a escola.

Vimos, também percebendo, pela imprensa, o alto nível de violência gratuita entre adolescentes nas escolas, fruto de segmentos da sociedade preocupados muito mais com a busca pelos bens materiais e pelo tirar vantagem em tudo do que voltados para a felicidade, solidariedade e harmonia.

Não há como resolver problemas tão arraigados no contexto social, mormente as drogas e a violência, em apenas um piscar de olhos ou meramente com medidas de punição. Não há como acreditarmos que, com alguns dias de bancos escolares será possível sanar tamanha doença social. Necessário, pois, que se desenvolvam nas escolas e nas demais instâncias: família, igreja e comunidade, ensinamentos que ultrapassem o formalismo do ensino tradicional. Como assevera Paulo Freire, “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”.

Portanto, o prazer de ensinar e aprender para a vida deve estar lado a lado com o ensinar e aprender para a satisfação de necessidades básicas como alimentação, saúde, habitação etc..

Buscar estados físicos e morais, que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto, é desenvolver a educação sempre levando em conta princípios éticos que procurem a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver e conviver, isto é, a busca do melhor estilo de vida, tanto na vida privada quanto em público.

Este artigo foi publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccional de Biguaçu, nº 4, maio de 2012, p. 12.

 Mário Cezar SimasSecretário de Governo e Coordenador do Programa Droga Zero em Biguaçu.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*