A convivência, em todos os níveis de nossa vida, é um grande desafio que enfrentamos diariamente. São os relacionamentos que mantemos com as pessoas e com as instituições, em nossa casa, no trabalho e na internet, por exemplo, que exigem de nós uma série de habilidades. Em todos esses relacionamentos, há necessidade de uma convivência saudável. E o que é saúde?
Segundo Louise L. Hay, em seu livro Saúde do Corpo e da Mente, “ter boa saúde é não sentir fadiga, é ter apetite na medida, é adormecer e acordar com facilidade, é ter uma boa memória, é ter bom humor, ser preciso no raciocínio e nas ações, é não ser desajeitado demais, é ser sincero, humilde, grato e amoroso.
A convivência exige também o cumprimento de regras. Ela ocorre em todos os níveis: entre as nações, cidades, povos, vizinhos, amigos, colegas de profissão, de trabalho e, principalmente, dentro da família. É aqui que tudo começa. Nascemos e crescemos em algum tipo de família ou em uma instituição que a substitua. As experiências e convivências que vamos ter nos marcarão para o resto da vida e determinarão a forma com que iremos nos relacionar fora da família e na(s) futura(s) família(s) ou uniões que viermos a constituir.
Segundo o filósofo Luc Ferry, no seu livro Família, amo vocês, “no futuro a família deve se tornar ainda mais importante, pois antes lutava-se para defender uma religião, depois se lutava para defender o Estado (território). Hoje, o valor mais sagrado é a família. Outro ponto importante aconteceu quando a maioria das pessoas passou a se unir em nome do amor. O amor pelo esposo, ou esposa, se estendeu automaticamente aos filhos.. Foi assim que o amor familiar virou um grande traço que nos define hoje em dia. O amor é uma das poucas coisas absolutas, indiscutíveis. Ajuda a dar sentido à vida”.
Já sabemos o quanto a família é importante e que será cada vez mais. Mas só amar não basta. É necessário que exista o amor com respeito. O respeito leva à necessidade de limites (códigos ou regras). Além disso, a capacidade de empatia é muito importante. Você precisa aprender a se colocar nos lugar do outro.
Todo sistema, para funcionar, precisa de regras. As regras funcionam como um código que ajuda a manter as relações saudáveis. A existência de regras não quer dizer rigidez. Outro problema é que, muitas vezes, as regras não são claras e variam de família para família, conforme sua origem, educação, valores. Vamos falar das regras que podem ajudar a manter as relações saudáveis (equivalência de troca e hierarquia):
– Não prometa felicidade. Podemos somar felicidades, mas não implantar felicidade em alguém.
– Não considere o parceiro sua propriedade. Na relação amorosa, é importante que cada um desenvolva seus próprios recursos de modo a não se anular e não sobrecarregar o parceiro.
– Não acredite que o parceiro é igual a você.
– Não ignore a atividade profissional do parceiro.
– Não considere sua família de origem mais importante do que seu casamento.
– Não traia sexualmente o parceiro.
– Não fique casado por causa dos filhos.
– Não desautorize o parceiro na frente dos filhos.
– Não assuma sozinho(a) a educação dos filhos.
– Não dependa economicamente do parceiro.
– Assuma a responsabilidade de manter o relacionamento forte. Procure saber o que você pode fazer para melhorar o relacionamento ao invés de reclamar.
– Nunca imagine que o relacionamento está garantido. Ele precisa ser cultivado como uma planta.
– Proteja sua relação. Não fale mal do outro, nem por gozação.
– Presuma o melhor sobre o outro e sobre você mesmo, sempre que houver uma dúvida sobre a motivação ou intenção.
– Mantenha o relacionamento saudável. Quebre a rotina.
– Perceba o bom. Valorize o que você gosta e considera positivo na convivência com o outro.
– Comunique-se com clareza. Arrume tempo para ouvir realmente e entender o que as outras pessoas querem dizer para você.
– Mantenha e proteja a confiança. Quando a confiança é quebrada, ela precisa ser resgatada. Perdoar é importante e se arrepender sinceramente também.
– Trate dos assuntos difíceis. Evitar o conflito em curto prazo frequentemente tem efeitos devastadores em longo prazo.
– Arrume tempo um para o outro. Priorize, dentro do possível, as relações que você considera importante para você.
– Procure manter o bom humor. É o humor que salva o amor, e não o contrário.
– Pai e mãe devem ser apenas suficientemente bons.
– Chega uma hora que é preciso desatar os nós sem romper os laços (quando os filhos saem para estudar, por exemplo).
– Ter razão é um perigo no amor. Em geral enfeia um amor, pois é invocado com justiça, mas quase sempre na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão, e saber ter razão.
Resumindo, podemos dizer que relacionamento saudável é aquele onde encontramos afeto, respeito, você tem licença para ser quem você é e o outro consegue ser quem ele é, sem disfarces.
É possível amar e ser amado e amar-se, é possível conviver em família, conviver na comunidade em que vivemos. Possível não quer dizer fácil. Podemos aprender, treinar e nos manter dispostos, pois quanto maior a conexão, maior nossa ligação com a vida e tudo a nossa volta.
REFERÊNCIAS
Famílias, amo vocês – Luc Ferry, ed objetiva.
História Social da Criança e da família – Philippe Ariès.
O código da família – Moisés Groisman, ed núcleo.
Transforme o seu cérebro, transforme sua vida. Daniel Amem – ed Mercúrio.
Publicado na Revista nº 1 – 2009 – Escola de Pais – Seccional de Biguaçu
Márcia Alencar – CRP-12/00559 – Psicóloga, Psicoterapeuta e hipnoterapeuta, Especialista em Psicologia Clínica – Florianópolis-SC psicomar@terra.com.br
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