O que todo filho ou aluno precisa para prosseguir, para fazer suas escolhas, para fazer o que gosta e para ter sucesso nelas é de aceitação. Se o pequeno atleta ou estudante achar que só será aceito, amado ou respeitado se for o primeiro colocado ou tirar a maior nota da escola, isso será péssimo em todos os sentidos.
As três reações mais comuns nesse caso são as seguintes: rebeldia; apatia; se esforçar e conseguir o que os pais querem. No terceiro caso, você pode até ter um campeão, mas ele estará frustrado e infeliz, e essa mágoa um dia certamente será cobrada. Você não é a régua que mede seu filho; ele é do tamanho que é.
A pressão por resultados pode fazer o rendimento do atleta cair, sua autoestima está sacrificada, o prazer pelo esporte ou estudo será diminuído…e ele se sentirá como numa arena onde: ou é o melhor do mundo, ou será comido por um leão, ou crucificado.
Ninguém de bom-senso deseja isso, muito menos para um filho ou aluno.
Lembre-se de que, quanto mais tranquilo e seguro seu filho estiver, mais fácil será para ele melhorar seu desempenho.
Se ele tiver talento, e você lhe der o apoio possível, ele aparecerá naturalmente. Se ele não tiver tanto talento e quiser compensar isso com mais treino ou esforço (numa decisão pessoal), é bem provável que seu apoio e a força de vontade dele façam muita diferença.
Em último caso, se ele não se transformar em um campeão mundial ou num fenômeno intelectual, com certeza a prática de esportes e o estudo farão dele um bom cidadão, uma pessoa feliz e bem-sucedida onde quer que seja. Nem sempre é preciso ser o primeiro para ser o melhor.
Conhecemos muitos campeões infelizes e frustrados, e muitos atletas amadores ou pessoas com profissões sem tanto glamour que estão satisfeitos consigo e aproveitando suas vidas.
Queremos crer que você ajudará seu filho a ser aquilo que ele pode ser e não o que você gostaria que ele fosse. Para isso, é essencial que seu filho ou aluno saiba que a medalha que todos querem –ser aceito e amado como se é– já está em seu peito. A partir daí, outras medalhas virão, ou não, e, se não vierem, ninguém vai morrer por causa disso.
Às vezes, os atletas e profissionais são tão talentosos que surgem mesmo contra todas as expectativas. Outras vezes, muitos que não seriam vencedores se tornam vencedores devido ao apoio e estímulo que recebem.
Para ser um bom pai ou professor é preciso dar asas para quem tem talento e/ou força de vontade, e apoio e afirmação para aqueles que, mesmo não tendo nascido para o topo do mundo, podem ser pessoas bem resolvidas e felizes, sem terem a obrigação de provar a todos, que merecem um amor que, de fato, só tem valor quando é de graça.
O filho precisa de espaço e liberdade para ser o que é, o que quer ser, e para errar ou acertar. A regra é que todos querem vencer: você não precisa lembrar isso a seu filho ou se preocupar com esse assunto. Apenas alguém “treinado para perder”, por exemplo, sendo ofendido e agredido física ou moralmente, corre o risco de querer ser um perdedor.
Trecho do livro: William Douglas e Renato Araújo. Criando campeões: uma receita infalível para pais e professores desenvolverem vencedores. Editora Thomas Nelson Brasil: Rio de Janeiro, 2008, pág. 43-44.
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