Sobre os pontos que efetivamente constroem e reforçam a relação no casamento, podemos especificar alguns deles.
- Enxergue e perceba que a pessoa com quem você se uniu faz parte de sua vida
Como diz o saudoso poeta Carlos Drummond de Andrade: “quando dois se tornam um, um se torna nada e o nada se torna impossível”. E tudo isso somente é atingido pelo casal, quando houver o amadurecimento do amor prometido no altar.
- Respeite as diferenças existentes entre o casal
Reconhecer essas diferenças e vivê-las com maturidade entre ambos. Não no sentido de depreciar a pessoa do outro, mas no sentido de tão somente ajudar o outro a crescer.
- Sempre arrume tempo um para o outro
Sair juntos para as compras, supermercados, feiras, atividades esportivas, encontros que envolvam grupos de casais, onde o casal possa vir a crescer junto e descobrir que, para viverem a vida a dois, terão que se reciclar sempre.
- Recicle-se constantemente e adapte-se às mudanças
Se tudo no mundo muda, por que não mudarmos também? Como diz o célebre escritor australiano KEN O’DONNEL: “Ou você muda pela consciência ou você será mudado pelas consequências”. O certo é que, curiosamente, temos que aprender, desaprender, e aprender de novo, se quiser viver uma plenitude no casamento.
- Relacione-se e tenha amizade com outros casais
Outro fator importante é com referência aos novos amigos que deverão surgir. Amigos estes que deverão falar a mesma linguagem do casal. Não que se tem com isso que abandonar os “velhos” amigos solteiros, mas isto tem que ser tratado de uma forma bem delicada, porque temos que entender que o casamento é uma nova etapa da vida e é natural que, após o casamento, aquela amizade que vem desde a infância passe a se enfraquecer.
Há, aos poucos, a troca dos antigos amigos(as) solteiros(as) por outros casados, casais que são de suma importância para o fortalecimento da vida conjugal, pois é natural que o casal procure a troca de experiências com outros casais que passam ou que já passaram pelos mesmos problemas que eles, a fim de que se busque a harmonia conjugal plena.
Há casais que acham que na vida não precisam aprender mais nada. Não participam de nada que envolva o relacionamento deste com outras pessoas ou com outros casais. Não se dispõem a trocar experiências e ideias que porventura venham a expor os problemas do casal. Para eles, o que importa apenas é dar boa escola para os filhos, ter uma casa excelente para morar, um trabalho que lhe dê o suficiente para sua sobrevivência. Quando, na realidade, não é bem assim. O casal que não se relaciona com outros casais em grupos vai se estagnando, deixando de crescer.
- Viva o hoje e não viva de recordações do passado
Quer um exemplo: se você planta uma árvore e nunca rega ou aduba esta planta, o que esperar dela? Ela poderá morrer como da mesma forma poderão morrer muitos casamentos, que passam a “sobreviver” apenas do passado e das recordações. São casais que estão juntos como se não estivessem. Um não desperta mais atrativo no outro. Não saem mais juntos. Não se dão mais as mãos. Em casa, cada um vive no seu próprio canto. Não passeiam mais juntos. Não namoram. Ninguém se preocupa mais em acompanhar o outro na saída de casa para o trabalho, muito menos em abrir o portão ou a porta quando ele ou ela retorna, mesmo quando este era um hábito constante na fase do namoro, do noivado e, muitas vezes, até no início do casamento. Como ele ou ela mudou! E mudou para pior.
- Mantenha a todo custo o respeito entre os cônjuges
Aceitando cada um como ele é e não como eu gostaria que fosse. O respeito pelo espaço do outro, onde não exista o “dono da verdade”, o “sabe-tudo”. Onde um não tenta humilhar a pessoa do outro. O estar junto significa aprender um com o outro, ajudar o outro a “crescer”. E, com isso, quem ganha é o casal. E ganhando o casal, ganham os filhos, e passa a reinar, então, a harmonia dentro do lar.
- Faça elogios sinceros e despretensiosos
Isso precisa existir entre o casal no dia a dia. Quem não gosta de ser elogiado? Muitas vezes, a pessoa faz tudo pelo outro e o outro não vê. Ou, quando vê, não fala nada. Mas, quando aquela pessoa deixa de fazer algo de bom, a outra reclama e cobra. Por que não elogiar quando o outro faz alguma coisa de bom? Não é demais lembrar que o importante mesmo é você poder fazer algo para o outro sem querer receber nada em troca.
- Seja fiel e faça disto uma bandeira
É um fator preponderante (senão o maior) para a durabilidade do casamento. É muito triste a descoberta de uma traição cometida por aquele que, num dia todo especial, prometeu-lhe fidelidade absoluta. É uma confiança que se perde. É um juramento que se quebra. É um casamento que morre da maneira mais violenta possível.
- Seja leal, baseando suas atitudes na confiança e no respeito
É muito difícil aprender a deixar o seu cônjuge livre, pois a maioria de nós acredita que o amor baseia-se na ideia de prender o outro. O maior amor pressupõe a maior liberdade possível.
O importante é você poder amar alguém sem exigências. Quando você é cheio de ciúme, é sinal de que você é cheio de dúvidas a respeito de você mesmo. Uma prova de que você não confia em você mesmo e, com isso, não confia também no seu companheiro, na sua companheira.
É importante saber que ninguém segura ninguém. A beleza do amor está na liberdade de ir e vir. É importante acreditar no ser amado, porque, muitas vezes, pensamos racionalmente e nos comportamos irracionalmente, e isto é muito ruim para quem tenta manter um casamento “até que a morte os separe”.
- Adapte-se às mudanças, diariamente
Não se pode pensar que, para viver um bom casamento, seja preciso mudar a outra pessoa. Mude a você primeiro e não espere que o outro se modifique por você.
Achamos normal mudar de casa, de apartamento, de roupa, de cidade, de carro, mas achamos inconcebível mudarmos de comportamento. E, para viver o casamento, temos que promover uma mudança diária em nos mesmos. Mudança esta, não apenas na nossa forma de ser, mas na forma de agirmos diante da pessoa amada, buscando sempre entendê-la melhor.
Por isso, é normal, em meu escritório, aconselhar aos casais que mantenham sempre um bom diálogo com seu companheiro, sua companheira, e se esforcem, diante do outro, a ouvir mais do que falar. Que saiam sempre juntos, o quanto mais possível, seja para ir a um cinema, a um futebol, a uma pescaria, a uma feira, ao supermercado, baile, ou mesmo para fazer uma simples caminhada.
Enfim, tudo deve fazer parte da vida do casal, porque é nas pequenas coisas do dia-a-dia que o casal se une e se descobre cada vez mais.
- Vivam um para o outro, de verdade
É importante também procurar gostar das coisas que o outro gosta, contanto que isto não represente o prejuízo do bem-estar e da harmonia da família.
É essencial que o casal não tenha medo de dizer para o outro: “eu preciso de você”, principalmente quando você se sente disposto em fazer o outro feliz.
Muito importante também é procurar valorizar a presença do companheiro, da companheira quando o casal estiver junto, dando-se mais ênfase à qualidade do tempo em comum.
Por isso, é bom que o casal se conscientize da importância um do outro em sua vida, e tente valorizá-la o quanto antes, porque, infelizmente, temos a tendência de só valorizar aquilo que já perdemos.
- Pessoas perfeitas não existem. Valorize a que está do seu lado e ela assim te parecerá
Não há dúvida de que, no casamento, nós nunca iremos encontrar uma pessoa perfeita, já que cada um de nós vem de lares diferentes, tendo personalidades diferentes, educados de maneira diferenciada e, muitas vezes, em épocas diferentes. E é nisso que reside a maior beleza do casamento: nas diferenças de cada um, vendo-as, identificando-as, aceitando-as e, principalmente respeitando-as, sem cobrar nunca que o outro venha a mudar suas características. Porque, na realidade, ninguém muda ninguém. A própria pessoa é que se muda.
O importante é cada um tentar dar o melhor de si para o outro sem cobrar nadaem troca. Esaber ainda que, no casamento, o amor jamais envelhecerá, se Deus sempre se fizer presente. Que o sucesso de um dos cônjuges depende sempre do estímulo do outro. Que o casal jamais deve soltar as mãos frente às adversidades da vida.
Problemas surgirão, é lógico, mas surgirão também formas de solucioná-los juntos. Filhos virão e irão (pois seguirão seus destinos). E a beleza de tudo isso é que a história começa e termina com os dois: com o casal.
Que bom, no fim da vida, um poder olhar o outro e dizer: Obrigado, meu Deus, por Você ter me mandado a pessoa certa na minha vida”.
Publicado na Revista Programa do 49º Congresso Nacional da Escola de Pais do Brasil – São Paulo – junho de 2012, p. 55.
Onildo Alves da Silva – Presidente da Diretoria Executiva Nacional da Escola de Pais do Brasil, advogado especialista na área de Família e Sucessões, membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) e Autor do livro: Casamento – vencendo as crises e os desafios.
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