CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, COGNITIVAS E EMOCIONAIS DAS CRIANÇAS ENTRE 07 E 10 ANOS

Para se falar nas características  que as crianças, na faixa etária entre 07 e 10 anos apresentam, é preciso lembrar que cada faixa etária possui suas próprias características e, naturalmente, suas próprias necessidades, assim como o seu próprio desenvolvimento.

O tema, em questão, se ocupa, principalmente com as necessidades físicas, cognitivas e emocionais na faixa etária compreendida entre os sete e os dez anos de idade.

Então vejamos: … Os anos intermediários da infância, aproximadamente dos seis aos doze anos, são denominados como “período da meninice”, e tem como características uma fase, na qual o desenvolvimento é mais lento, uniforme e proporciona previsores razoavelmente estáveis das características da criança como jovem adulto. Embora a família continue a desempenhar um papel importante nos processos de desenvolvimento, a escola surge, nesta época, contribuindo fundamentalmente para o crescimento da criança, provendo uma atmosfera propícia ao desenvolvimento das habilidades cognitivas, como também, representando um ambiente em que os grupos estejam influenciando, decisivamente, na socialização da criança.

Desenvolvimento Físico

Segundo Papalaia & Olds (2006), o desenvolvimento físico não é tão rápido na terceira infância quanto nos períodos anteriores. Os meninos são levemente maiores que as meninas no início desse período, mas as meninas, em seguida, passam pelo surto de crescimento, também.

Para um melhor entendimento dos pais, educadores e responsáveis pela construção da educação das crianças, pensou-se em selecionar alguns comportamentos da faixa etária a qual se refere, desse modo, os Educadores conscientes do seu papel, poderão estar contribuindo de uma maneira decisiva, para um desenvolvimento físico bem estruturado: Então…

Aos 07 (sete) anos, as maiorias das crianças conseguem se equilibrar em um dos pés sem olhar; elas são capazes de caminhar sobre uma barra fixa de 05 cm de largura; são capazes de pular e saltar com precisão em pequenos quadrados, são capazes de executar polichinelos. Aos 08 (oito anos), já dispõem de poder de preensão de 5,4 kg. Faixa etária com o maior número de jogos nos quais ambos os sexos participam. As crianças podem executar saltos rítmicos alternados num padrão de 2-2, 2-3 ou 3-3. As crianças podem arremessar uma bola pequena a aproximadamente 12 metros. Aos 09 (nove anos), são capazes de correr a uma velocidade de 5 metros por segundo e de arremessar uma bola pequena a aproximadamente 21,3 m de distância. Aos 10 (dez anos) são capazes de avaliar e interceptar a trajetória de pequenas bolas arremessadas à distância. As meninas são capazes de correr a uma velocidade de 5,1 metros por segundo.

Desenvolvimento Cognitivo

O que significa o desenvolvimento cognitivo? O desenvolvimento cognitivo é um campo de estudo da neurociência e psicologia focada no desenvolvimento de uma criança em termos de processamento de informações, recursos conceituais, habilidade perceptiva, a aprendizagem de línguas, e outros aspectos do desenvolvimento do cérebro em relação ao ponto de vista de um adulto. Em outras palavras, “o desenvolvimento cognitivo é o processo do surgimento da capacidade de pensar e de compreender”; é quando a criança fica apta a entender uma ordem dada, entender os acontecimentos que se passam ao seu redor, então, desenvolve processos de pensamento lógico, apresentando uma maior facilidade na solução de problemas de conservação, argumentos corretos para suas respostas, ela descentra suas percepções e acompanha as transformações, também começa a ser mais social saindo da sua fase egocêntrica ao fazer o uso da linguagem, a fala é usada com a intenção de se comunicar; ela percebe que as pessoas podem pensar e chegar a diferentes conclusões, sendo elas diferentes das suas, ela interage mais com as pessoas, quando aparece um conflito ela usa o raciocínio para resolver.

Como processar na família o desenvolvimento cognitivo da criança dos sete aos dez anos de idade? Faz-se extremamente importante, possibilitar à criança oportunidades de desenvolver todos os requisitos para sua cognição; o desenvolvimento cognitivo depende do envolvimento de várias outras funções e da boa desenvoltura das demais funções que o alicerçam, tais como, a linguagem, a coordenação motora e suporte afetivo-emocional. É fundamental, por tanto, que a criança possa estar convivendo em um ambiente saudável tanto do ponto de vista biológico, afetivo, quanto emocional e em seguida disponibilizar a ela, materiais e espaços para que possa se apropriar de estímulos que lhe possibilitem avanços no campo cognitivo; é importante, principalmente, que se observe como reage aos estímulos, por exemplo: se ela vem ou não, adquirindo as habilidades para as quais vem sendo estimulada, avaliando, se está adquirindo as competências necessárias ao seu pleno desenvolvimento cognitivas, de acordo com a faixa etária estabelecida.

Desenvolvimento Emocional

O que significa para uma criança entre os sete e dez anos, o seu desenvolvimento emocional e o que caracteriza que esse desenvolvimento está se processando satisfatoriamente?

Para que haja um desenvolvimento emocional satisfatório, a criança precisa se sentir amada; não é somente dizendo “eu te amo” que se vai garantir á criança que ela é amada. Os atos dos pais e dos educadores serão, efetivamente, o que mais vai demonstrar à criança que ela é verdadeiramente amada e, quais seriam as atitudes imprescindíveis a uma boa saúde emocional das crianças?

Conforme Rafael Guerrero Tomás (Diretor do Darwin Psicólogos) especialista em transtorno por Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), transtornos da aprendizagem e transtornos de conduta, e Doutor em Educação, abaixo seguem algumas atitudes que, enquanto pais e educadores, é preciso observar, para que as crianças tenham suas necessidades emocionais atendidas:

  1. Demonstrar nosso carinho – Todos os dias dizer às crianças o quanto são amadas; o quanto estamos orgulhosos de como são. Isso é fundamental para uma boa autoestima. Não basta pensar, devemos dizer.
  2. Ensiná-los a regular suas emoções. As crianças precisam que seus pais lhes ensinem a identificar e gerir suas emoções. A partir daí tudo vai melhorando em função da experiência.
  3. Tempo com qualidade. As crianças precisam de muito tempo de convivência com seus pais (quantidade) e com dedicação máxima (qualidade). Não é estar somente no mesmo quarto e lugar que eles, mas com dedicação exclusiva (brincadeiras, tarefas divididas, lição de casa, passatempos).
  4. Oferecer contextos de segurança e proteção. Proteger as crianças, quando sentem medo, temor, raiva e tristeza é função dos pais. Se isso nunca foi feito, partir de agora ajude e acalme seu filho sempre que ele experimentar alguma emoção desagradável e que não saiba lidar por si só.
  5. A Responsividade é a parte que vem na sequência da conexão emocional. A Responsividade consiste em dar à criança o que ela precisa. Não consiste em realizar seus caprichos, mas em realizar e cobrir suas necessidades.
  6. Assumir o papel que nos corresponde como pais. “Os pais não são amiguinhos de seus filhos”. Também não são seus criados. São seus pais, e devem assumir o papel que isso significa. Estamos realmente exercendo o papel de pais ou às vezes nos comportamos como colegas de nossos filhos? (Refletir muito sobre os papéis de Pais e Filhos)
  7. Estabelecer limites claros. As crianças nessa faixa etária, na qual já se vão dirigindo para uma pré-adolescência, bem como nas anteriores, precisam de regras. É algo tão necessário como saudável. Imaginemos uma cidade sem semáforos e sem placas de trânsito… Não seria um verdadeiro caos? Acontece a mesma coisa com as crianças. Precisam saber até onde podem chegar e qual é seu perímetro de segurança. Quando estabelecemos limites e os explicitamos aos nossos filhos estamos lhes dizendo “Te Amo”. Coloco limites porque te amo e me importo com você. Vamos refletir sobre a quantidade de limites que existem em cada família? São muitos, poucos ou inexistentes? É recomendável se pensar sobre isso.
  8. Respeitar, aceitar e valorizar. Quando se respeita, se aceita os filhos como eles são os avaliamos positivamente, é estar olhando incondicionalmente para eles. Demonstrar que o amor dos pais para com eles é incondicional, ou seja, não depende de nada. Amar os filhos por quem eles são e não pelo que fazem ou deixam de fazer; amá-los incondicionalmente, não pode depender dos seus resultados acadêmicos, comportamentos ou atitudes.
  9. Estimulação suficiente e adequada. Atualmente já se sabe que, as crianças precisam de uma estimulação suficiente e adequada. Passado esse mínimo de estimulação, não se conseguem maiores aprendizagens, mas exatamente o contrário: somente se consegue exigências, estresse e hiperestimulação.
  10. Favorecer sua autonomia. É o mesmo que favorecer sua curiosidade e seu espírito aventureiro e explorador. Viemos a esse mundo com a emoção da curiosidade no “kit de sobrevivência”, o que nos faz ter muita vontade de aprender coisas novas. Não basta que somente achemos bom que as crianças sejam curiosas, mas que as convidemos a ser.
  11. Sentido de pertencimento. O fato de as pessoas se sentir parte de um grupo, ou de vários, aumenta as probabilidades de sobrevivência. Uma das causas, pelas quais as crianças que sofrem assédio escolar costumam ter é não pertencer a nenhum grupo. É muito importante que nossos filhos pertençam, no mínimo, de um grupo, senão de mais.
  12. Favorecer a capacidade reflexiva da criança. A capacidade reflexiva se refere a pensar sobre o que nos acontece, como estamos fazendo, como nos sentimos; nossa evolução e progressos. É importante que as crianças nessa faixa etária possam aprender a pensar sobre as emoções que sentem sobre o que pensam, sobre como se comportam e é também, um trabalho muito interessante para nós como adultos.
  13. Durante os primeiros meses, bem como nos primeiros anos de vida, ocorre um processo de diferenciação entre o bebê/criança e a mãe. Com o passar do tempo devemos favorecer nas crianças essa identidade própria que nos diferencia do restante das pessoas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pesquisas nesse campo não finalizam aqui. O Ser Humano precisa aprimorar suas vivencias tanto no físico como no emocional, como no cognitivo; é a esse aprimoramento que se dá o nome de Evolução.

É necessário evoluir no campo dos sentimentos, pois como Pais e Educadores se precisa do Amor em todos os campos, para que as necessidades, tanto Físicas, Cognitivas como Emocionais das crianças, na faixa etária dos sete aos dez anos possam ser realmente preenchidas. Se os Pais estiverem dispostos, a se abrir para uma Educação para a Vida, com certeza estar-se-á construindo o Mundo Melhor que todos queremos e deixando pessoas melhores para esse mundo tão almejado. Vamos nos dar as mãos e investir no maior tesouro que temos – NOSSOS FILHOS.

REFERÊNCIAS

PAPALAIA & OLDS, 2006 in PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2006.

RAFAEL GUERRERO TOMÁS. Diretor do Darwin Psicólogos, especialista em transtorno por Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), transtornos da aprendizagem e transtornos de conduta, e doutor em Educação.

REGIANE SOUZA NEVES – No site: http://www.brasilescola.com

Neuza Teresinha Pinto Valentim – Associada da Escola de Pais – Seccional da Grande Florianópolis

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