Não dá para desvincular a história de Biguaçu da antiga Vila de São Miguel “da terra firme”. Ali, até onde a historiografia aponta, foi onde tudo começou. Com uma baía de águas claras, hoje Balneário São Miguel, fronteiro a Ilha de Santa Catarina, o lugar possui um cenário de rara beleza, muito embora já bastante descaracterizado pela duplicação da BR 101.
Este foi o sítio escolhido pelo presidente da Província, Brigadeiro José da Silva Paes, junto a outras terras no litoral, para receber casais vindos do Arquipélago dos Açores, em 1748, quando teve início o processo de imigração responsabilizado pelo governo português, através da Provisão Régia, datada de 06 de agosto de 1747. O objetivo era assegurar àquele governo essas terras ao sul do Brasil Meridional.
A escolha não foi por acaso. Ocorreu devido à posição geográfica privilegiada de São Miguel: a beira mar, com baía de fácil acesso, atracadouro natural guarnecida por morros e peraus, com excelente água potável e mata verdejante, que oferecia uma variedade de espécies de árvores nativas e frutos típicos de Mata Atlântica. Diante deste cenário, o povoado acontece no entorno da igreja de São Miguel Arcanjo, inaugurada em 1751 e, em 1752 torna-se freguesia. Em 1777-78, abrigou a sede da Capitania de Santa Catarina, quando da invasão espanhola, posição bastante relevante no cenário político da época.
No século XIX, precisamente em 1º de março de 1833, foi elevado à categoria de vila, tendo como seu primeiro presidente o Capitão Thomé da Rocha Linhares. Em 1882, o povoado de Biguaçu é elevado a categoria de freguesia e transformado em vila, em 1886, somando fatores importantes para o desenvolvimento do núcleo urbano, aliado à transferência definitiva, em 1894, da sede da Vila de São Miguel “ da terra firme”, por João Nicolau Born, que se torna o seu primeiro superintendente.
Na atualidade, com mais de 55 mil habitantes, o município de Biguaçu pertence ao núcleo da Região Metropolitana de Florianópolis e a maior concentração de sua população encontra-se na área urbana com 89 %. Esta situação é fruto do abandono do homem do campo, na busca por equipamentos urbanos, para melhorar a sua qualidade de vida e pela chegada nas últimas duas décadas de uma série de famílias vindas de municípios vizinhos e do interior do Estado.
Assim, como os demais municípios de Santa Catarina, Biguaçu é um mosaico humano bem definido, formado por descendentes de portugueses continentais, açorianos, madeirenses, negros, espanhóis, alemães, italianos, sírio-libaneses, holandeses, indígenas estabelecidos em espaço definido pelo Governo Federal, no século XX. O biguaçuense é o homem do interior e da cidade, somado a todos aqueles que adotaram esta terra na busca de oportunidades, ora por ser um lugar bom para se viver e ora por estar a 17 km da capital do Estado de Santa Catarina.
Ana Lúcia Coutinho – Especialista em História pela Universidade Federal de Santa Catarina e em Organização Documental pela Universidade de São Paulo. Doutoranda em Antropologia da Ibero-América, na Universidad de Salamanca, Espanha.
Gostaria de ter mais informações a respeito de tijuquinhas, pois meus aprentes são de lá.
Abraços