Convivo com pessoas que parecem carregar uma nuvenzinha preta sobre a cabeça. Para elas, nada dá certo nunca. Aliás, antes mesmo de fazer alguma coisa elas já têm certeza que vai dar errado. Aí, preferem nem tentar. A psicóloga e especialista em desenvolvimento humano e organizacional Jussara Prado diz que isso tem um nome: autossabotagem, que é quando a mente se torna uma “inimiga” da pessoa e a paralisa.
João é assim. Já está na meia-idade, mas ainda não conseguiu atingir um equilíbrio financeiro e emocional na vida. Todos os trabalhos que tenta fazer dão errado. Os empregos, as (poucas) iniciativas de ter o seu próprio negócio, as investidas profissionais… Tudo dura pouco, resulta em nada ou quase nada. Está sempre sem dinheiro, atolado em dívidas, estressado. A culpa, diz João, é sempre dos outros. Dos sócios, do governo, do empregador, do sistema, de um trauma herdado dos pais. Nunca dele.
É exatamente esse o perfil do autossabotador, diz Jussara. Geralmente são pessoas que se utilizam de diversas justificativas para não evidenciar o medo de ser incapaz de ir em frente. Se protegem de um possível fracasso não assumindo responsabilidades. Por exemplo: “Acabei não passando na entrevista de emprego porque o trânsito estava terrível e com isso me atrasei”, ou “Se não fosse esse professor eu teria aprendido a matéria”. Quem não conhece alguém que vive dando desculpas como essas?
A psicóloga afirma que normalmente o autossabotador apresenta baixa autoestima, falta de amor próprio e de autoconfiança, falta de amor próprio e de autoconfiança. Ele próprio acha que não merece ter sucesso, ou ser amado, sentimento que surge do inconsciente e abala o emocional. Esse padrão mental é muito comum na sociedade, diz Jussara. Para sair desse padrão mental negativo e conseguir concretizar seus sonhos, diz a especialista, muitas vezes a pessoa necessita de apoio profissional, que o ajudará a resgatar a autoconfiança e reforçar o lado positivo de sua história, de seus talentos, competências e habilidades.
Viviane Bevilacqua. Publicado no Jornal Diário Catarinense – 17/02/2017, p. 25.
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