“A principal causa de morte de crianças a partir de um ano de idade no Brasil são os acidentes de trânsito, que incluem atropelamentos e atingem passageiros de veículos, motos e bicicletas, representam 33% das mortes, seguidos de afogamento (23%) sufocamento (23%), queimaduras (7%) e quedas (6%). Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, para cada morte existe quatro pacientes que sobrevivem, porém apresentam sequelas após os acidentes”, relata o pediatra, Marceu Flores, que atende no Hospital e Maternidade Oase de Timbó.
Segundo o profissional médico, cerca de 90% desses acidentes podem ser evitados com atitudes simples. “As pessoas subestimam a criança, achando que elas não conseguem fazer as coisas, não conseguem colocar o dedo na tomada, não conseguem rolar na cama, acham que elas não são capazes disso. Falta conhecimento das características e habilidades das crianças, além da falta de supervisão e a distração dos cuidadores”, explica Flores ao afirmar que a criança é curiosa, não tem noção do perigo, ela explora os ambientes e se expõe ao risco. Além da mudança de comportamento e das medidas educativas e legislativas, é preciso mais fiscalização das leis.
Situações mais comuns
Sufocação: pode ocorrer enquanto o bebê está dormindo, quando seu rosto fica encoberto pelo lençol travesseiro ou outra roupa de cama macia. Quando estão na faze de descobrir o mundo com a boca, os bebês ainda podem engasgar com pequenos brinquedos ou partes, com outros objetos de tamanho reduzido ou mesmo com comida.
Envenenamento: crianças de até dois anos de idade correm maior risco de envenenamento não intencional. Produtos de limpeza e medicamentos são riscos significativos. Bebês também podem se envenenar respirando a fumaça de fumos e plantas.
Afogamento: cuidado com piscinas, açudes, rios ou mar. A primeira causa de afogamento de crianças é a falta de supervisão (geralmente por questão de segundos).
Veículos automotores: em caso de colisão, uma cadeirinha de segurança instalada e usada corretamente reduz em 71% o risco de um bebê morrer. Por isso é fundamental que o transporte das crianças seja feito em cadeirinhas adequadas.
Quedas Entre as principais associações de quedas com bebês estão os móveis, escadas e andador. Este último é responsável por mais acidentes que qualquer outro produto destinado a crianças entre cinco e quinze meses, e a maior parte das lesões resulta de quedas em escadas ou simplesmente de tropeços quando estão no andador.
Queimaduras: a maioria das queimaduras de bebês, especialmente entre seis meses e dois anos de idade, é causada por comida e líquidos quentes derramados na cozinha. A água quente da pia e da banheira é também responsável por muitas queimaduras em crianças; essas queimaduras tendem a ser mais graves e cobrem uma porção maior do corpo do que as ocasionadas por outros líquidos quentes.
Pequenas ações
Na rua: ensine a criança a respeitar os sinais de trânsito, atravessar a rua na faixa de pedestres e olhando para os dois lados; menores de dez anos não devem atravessar a rua sozinhos. É importante segurar os pequenos pelo pulso; entradas de garagens, quintais sem cerca ou estacionamentos não são seguros para brincadeiras.
No trânsito: crianças com menos de 10 anos devem sentar no banco de trás do carro. Até os sete anos, é importante usar cadeirinhas de segurança adequadas à idade e ao peso da criança. Sempre usar cinto de segurança. Não deixe a criança sozinha no carro, mesmo que o vidro esteja entreaberto.
Nas áreas de laser: escadas, sacadas e lajes não são lugares para brincar. No parquinho, verifique se os equipamentos são apropriados à idade da criança e fique atento a perigos como ferrugem, pregos expostos e superfícies instáveis; ensine regras de comportamento, como não empurrar, nem se amontoar, nem se amontoar; ensine a criança a usar capacete quando estiver de bicicleta, skate ou patins; conheça as plantas de sua casa e remova as venenosas.
Na piscina: as crianças devem sempre ser supervisionadas por um adulto quando estiverem próximas de água; evite brinquedos e outros atrativos próximos a piscinas e reservatórios de água; boias e outros equipamentos infláveis passam falsa sensação de segurança. O ideal é que a criança use sempre um colete salva-vidas em embarcações ou na prática de esportes aquáticos.
Em casa
Quarto: crianças com menos de seis anos não devem dormir em beliches; nunca deixe um bebê sozinho em mesas, , camas ou outros móveis, mesmo que seja por pouco tempo; as grades de proteção do berço devem estar fixas; remova do berço todos os brinquedos, travesseiros e objetos macios quando o bebê estiver dormindo; certifique-se de que os brinquedos da criança são atóxicos e indicados à idade dela. Compre produtos com o selo do Inmetro; brinquedos com correntes, tiras e cordas com mais de 15 centímetros devem ser evitados; deixe o chão livre de objetos pequenos com botões, bolas de gude, moedas e tachinhas.
Sala: instale grades ou redes de proteção nas janelas, sacadas e mezaninos; use portões de segurança no topo e na base das escadas e, caso sejam abertas, instale redes de proteção; as tomadas devem estar protegidas por tampas apropriadas, esparadrapo, fita isolante ou mesmo cobertas por móveis; mantenha camas, armários e outros móveis longe das janelas e cortinas e verifique se então estáveis ; cuidado com as quinas dos móveis.
Cozinha: mantenha a criança longe da cozinha e do fogão, principalmente durante o preparo ds refeições; cozinhe nas bocas de trás do fogão e sempre com os cabos das panelas viados para trás.
Banheiro: cuidado com pisos escorregadios, coloque antiderrapante nos tapetes; conserve a tampa do vaso sanitário fechada ou mantenha a porta do banheiro trancada; nunca deixa a criança sozinha na banheira; mantenha medicamentos trancados e nunca se refira a eles como ‘doce’. Isto pode levar a criança a pensar que não é perigoso ou que é agradável de comer.
Área de Serviço: não deixe as crianças por perto quando estiver passando roupa, nem largue o ferro elétrico ligado sem vigilância; guarde todos os produtos de higiente e limpeza trancados, fora da vista e do alcance das crianças.
O médico informa ainda que é importante salientar que todas as vítimas infantis de algum acidente doméstico devem sempre ser vistos por um pediatra para avaliação, afastando situações de maior gravidade.
Clarice Graupe Daronco
Publicado no Jornal do Médio Vale – Timbó, edição 1864, 31/01/2017, p. 17.
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