Desde quando foi introduzida nas escolas como disciplina curricular, a Educação Física foi vista como se apenas se relacionasse ao corpo e às ciências biológicas. Por isso, as atividades desenvolvidas nas escolas tinham por objetivo primordial o desenvolvimento e a aquisição das valências físicas (força, velocidade, resistência, elasticidade e habilidades motoras). No entanto, com o decorrer do tempo as contribuições da sociologia, antropologia, história, ciências políticas, entre outras os alunos deixaram de ser vistos apenas como um conjunto de músculos e ossos, passando a ser considerados sujeitos integrados por corpo e mente. Que vivem em determinado contexto sócio-afetivo e possuem herança cultural. Segundo Daolio (2004), a Educação Física passa a reconhecer e respeitar as individualidades e fornecer elementos aos alunos a fim de aprenderem a questionar sentidos e significados das práticas corporais e viverem em harmonia com o seu corpo em sociedade.
Nesse sentido, a nova concepção da disciplina de Educação Física é democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica das aulas, visando ampliar sua compreensão, a fim de que não seja relacionada apenas a aspectos biológicos (físico), mas às dimensões afetivas, cognitivas, motoras, sociais, éticas e culturais dos alunos.
Assim, o trabalho da Educação Física é ampliar e desenvolver as vivências corporais, por meio de conteúdos da cultura corporal (jogos lúdicos, esportes, lutas, ginástica, danças, e outros), que integrados ao contexto social dos alunos, assumem uma conotação significativa, auxiliando na criação da identidade e da autonomia corporal do indivíduo como cidadão.
Relato um fato que aconteceu quando cursava a graduação e serviu de lição para o resto da vida. Um dos exercícios era saltar de um trampolim de uma altura em torno de dez metros na piscina. Eu estava morrendo de medo, ficava no último lugar da fila, e sofria com cada aluno que pulava em minha frente, porque em pouco tempo chegaria o momento de meu salto.
Um dia, o professor percebendo meu medo obrigou-me a ser o primeiro a pular. Tive o mesmo medo, mas acabou tão rápido que passei a ter coragem. Disse o professor: muitas vezes temos que dar tempo ao tempo, outras vezes, temos que arregaçar as mangas, e resolver a situação o mais rápido possível. Neste caso, não existe coisa pior do que ficar adiando.
Uma grande parcela de nossos alunos e da população em geral peca em ficar adiando o início de uma conduta preventiva em prol de uma qualidade de vida que lhe trará uma série de benefícios. Entre eles, estéticos (perda de peso, diminuição do percentual de gordura, melhora da massa muscular = tonicidade, melhora da postura e uma série de outros benefícios), cardiovasculares (melhora da freqüência cardíaca, pressão arterial, níveis melhores de colesterol, triglicerídeos e glicemia) psicológicos (redução da ansiedade, do stress, da insônia e fadiga), osteomusculares (prevenção de tendinites, artrites, artroses e contribuição da calcificação óssea), sociais (através da socialização e interação que o esporte propicia).
Como professor, uma das grandes metas que assumo perante os alunos é orientá-los e conscientizá-los da importância da atividade física para o seu bem-estar como cidadãos no decorrer de suas vidas como adultos e idosos. Baseado no provérbio chinês “sábio é aquele que sabe dar valor ao que tem antes de perder”, muitos só se preocupam em dar valor a saúde quando fazem o primeiro eletrocardiograma e recebem o diagnóstico do cardiologista “ou começa a fazer uma atividade física ou morre”.
Na minha experiência de mais de vinte anos no magistério e também como pai, orientar é fácil o difícil é fazer o ser humano se conscientizar e partir para atitudes e hábitos em prol de uma qualidade de vida. Dizer aos alunos de maneira persistente e perseverante da importância da atividade física não pela nota, mas sim pelo fato de adquirir qualidade de vida.
Para finalizar, gostaria de ressaltar que na Educação Física somos orientados por seis regras básicas, onde a ordem do fator não altera o produto. São elas:
* Atividade física regular;
* Alimentação equilibrada;
* Controle do repouso (sono em torno de 08 horas);
* Controle do stress (evitar situações estressantes);
* Pensamento positivo;
* Acreditar em Deus (ter fé).
Publicado na Revista nº 3, p. 42 – Escola de pais – Biguaçu
Luiz Roberto Rech – Professor Pós-Graduado em Atividade Física e Saúde pela UFSC, professor efetivo do Estado de SC, professor do Colégio Antônio Peixoto e Academia do CAP, CREF 3588-G/SC.
bacana me ajudou um pouco.