SEMPRE É CEDO PARA DESISTIR

Quando nos deparamos com filhos adolescentes, nos angustiamos com a perda da nossa própria adolescência. Deixamos de ser os heróis e ficamos em posição de igualdade, pelo menos no tamanho. E dizemos que não sabemos lidar com jovens.

Quando a convivência familiar se tornou um problema particularmente difícil e intrincado, desanimador mesmo, precisamos aplicar sempre o princípio de que não se deve desistir nunca.

Desistir é abrir a porta à derrota total. Não do problema em si, mas de tudo que dá sentido à vida. Desistir é o desmoronamento final da família, do ser humano. Só desiste aquele pai que não consegue enxergar por si mesmo um caminho, uma fresta de perspectiva.

Nenhum pai é capaz de saber da sua real potencialidade, de sua verdadeira capacidade de lidar com filhos jovens. Todos nós somos dotados de uma força capaz de produzir um tipo de raciocínio que nos ergue acima de toda e qualquer dificuldade.

Sempre encontramos saída para problemas de relacionamento familiar quando nos entregamos à reflexão ao invés de entrar em pânico. Assuntos como gravidez precoce, drogas, desvios sexuais sempre soam como algo irreal ou fictício. Fazemos muitos planos, metas e sonhos em relação aos nossos filhos. Quando aparecem as discórdias, dificuldades, perdemos o ânimo, nos cansamos, desistimos. Cristo nos conclama a “transportar montanhas” e nós ficamos emperrados diante de cupinzeiros.

“Não desistir!” Não desistir da vida, do empreendimento, do amor, da paternidade, da luta. Desistir de filho é fácil demais. Difícil é resistir e insistir… Chorar é fácil, lamentar é fácil, difícil é lutar contra a acomodação e persistir.

Há pais que têm em si mesmos seu próprio e maior inimigo. Educa, orienta e acha que fracassou mediante certos comportamentos do filho. Se a pessoa que menos conhecemos no mundo somos nós mesmos, como avaliar, criticar e condenar nossos filhos?

Estudamos, trabalhamos, nos preparamos tanto para resolver os problemas e sentimentos dos filhos e escondemo-nos de nós mesmos. Não enfrentamos nossa realidade. Recusamos a nós próprios, numa autoproteção. Nosso filho deixa de ser um mistério, nós deixamos de ser um mistério, quando nos realizamos com pessoa humana.

Muitos pais fracassam na educação de filho, não por serem incapazes de enfrentar dificuldades nem por falta de preparo, mas por sentirem derrotados intimamente ou antecipadamente. Por faltar na família e no casal o companheirismo, fraternidade, amizade, confiança.

Precisamos, urgentemente, adotar o lema: Sempre é cedo para desistir. Insistir sempre. Ter em mente as palavras de Cristo: “Pedi e sereis atendidos”. Precisamos, com energia, ter pensamentos positivos e confiança no relacionamento familiar. Mas relacionar. Não esperar que a educação e formação do filho caiam prontas ou que sejam realizadas pela escola ou igreja.

Precisamos, com sabedoria, aprender a conhecer a nós mesmos, conhecer o verdadeiro eu interior. Precisamos, com humildade, procurar ajuda quando não damos conta de sair do atoleiro. Procurar alguém que reúna os fragmentos da família desmoronada. Ser forte para ajudar, humilde, para pedir ajuda porque somos pessoas que amam, ganham, perdem, vivem sem desistir.

 Publicado na Revista nº 3 – 2003 – Escola de Pais – Seccional de Timbó

Rita Maria Silveira – Professora, Membro do grupo de apoio à vida, publicado na Revista Escola de Pais de Goiânia

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