Além de todas as incertezas, mudanças, insegurança e medo que o momento atual gerou em grande parte da população mundial, os pais de alunos com idade escolar enfrentam outro dilema nesse início de ano: a volta deles para aulas presenciais. Mandar, ou não mandar, para escola? Uma decisão difícil de ser tomada, e que está imbuída de presenciar o cansaço dos pequenos de estar em casa, e sua longa espera por esse momento.
Da mesma forma encontram-se as escolas que, novamente, se adaptam aos impactos que o cenário atual impõe. Marcar os espaços para manter a distância segura recomendada pelo órgão de saúde, calcular quantos alunos podem permanecer em cada sala de aula, organizar o rodízio de presença, aferir temperatura, reforçar o uso de álcool em gel e a lavagem constante das mãos, e ainda vigiar para que não haja contato físico entre as crianças, entre tantos outros cuidados que agora fazem parte da rotina.
Neste início de ano, durante suas semanas pedagógicas, as escolas tiveram que dar espaço para a prevenção à saúde de toda a comunidade escolar. Ou seja, além de planejar as atividades anuais, semestrais, semanais e diárias minuciosamente, o planejamento das instituições tem agora que manter previsões para o que ocorre presencialmente na escola e presencialmente nos lares dos alunos. O ensino híbrido – discutido por tanto tempo nos ambientes da Educação – passou a ser realidade em todas as escolas e famílias, gerando ainda mais a certeza de que o aprender se faz em todos os espaços.
Não há dúvidas de que o espaço escolar não é apenas o local para formalizar o conhecimento, é também onde se aprende pela interação com outras crianças e equipes de educadores. Mas será que as crianças saberão se portar diante do “novo normal”? Afinal, para que possam frequentar a escola presencialmente elas precisam saber cuidar, além do lápis e borracha novos, das máscaras, um novo artigo que faz parte do vestuário diário obrigatório e que requer muita atenção e cuidado. As famílias e escola agora também ensinam como colocar e tirar a máscara, onde armazenar a que já foi usada e onde encontram-se as limpas.
Enquanto isso, professores se desdobram em cuidados e preocupações com a saúde e aprendizagem dos seus alunos. Porém, eles estão diante de duas realidades: a dos alunos que estão presencialmente em sala de aula e daqueles que acompanham tudo por meio digital de suas casas. Cabe, então, perguntarmos como está a saúde física e emocional do professor? Quem tem olhado por ele? Indagações para as quais não temos respostas, mas cabe a toda a sociedade a reflexão acerca da sobrecarga emocional e psicológica dos profissionais de educação. Eles com certeza merecem respeito e apoio ao seu fazer pedagógico.
A única certeza que temos, por enquanto, é que aquela escola cheia de abraços dos amigos e professores, da troca de lanche na hora do recreio, das brincadeiras em que os corpos ficam próximos, da apresentação no auditório com todos os alunos presentes, entre tantos outros momentos afetivos que promove, ficará na memória e permanece na esperança de que isso tudo possa voltar a fazer parte novamente do cotidiano escolar.
A autora Viviane Schueda Stacheski é mestre em Ciências Humanas: Cultura e Sociedade e professora da área de Educação no curso de Pedagogia do Centro Universitário Internacional Uninter
Publicado na Revista do 57 Congresso Nacional da Escola de pais do Brasil, Edição 2021, p. 37.
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