Este é o tema da Revista e do 49º Seminário da Escola de Pais – Seccional de Curitiba.
As relações sociofamiliares dentro do contexto dos primeiros meses deste ano – isolamento social, sofreram consideráveis mudanças. A necessidade de prevenção de males maiores levou muitos à intimidade com o mundo virtual, até mesmo os analógicos de mais idade se renderam à modernidade, para melhor desempenhar seu papel junto aos filhos, companheiros, demais familiares/amigos distantes, a realizar atividades profissionais à distância e olhar para as necessidades do social. Os instrumentos para comunicação virtual nunca foram tão utilizados para manter o corpo e mente sãos.
Impactos
As circunstâncias vivenciadas, não só no Brasil, como no mundo – COVID-19 (Coronavírus), oportunizou o “fazer diferente”, na rotina doméstica, no relacionamento com os filhos, nas atividades profissionais e até mesmo no envolvimento com as causas sociais.
Fez parte de todo o processo: indignação e preocupação, acompanhados dos sentimentos de angústia, ansiedade e até mesmo de impotência, em especial para os pais analógicos e pais que terceirizam a educação dos filhos, que se viram envolvidos nas atividades escolares online. Intensificadas as responsabilidades e compromisso para o enfrentamento e superação, pois a família continua com o desafio de bem educar seus filhos em todos os aspectos e em quaisquer circunstâncias.
O que já não era tarefa fácil tornou-se ainda mais desafiador, que é acompanhar/conviver neste mundo virtual e ao mesmo tempo manter o foco da humanização de nós mesmos, para assim conduzir de maneira mais efetiva a educação de quem está sob nossa responsabilidade.
Os já nascidos na era digital, encaram com naturalidade toda a modernidade, estão muito adaptados e tem mais conhecimento na área, mas pode faltar maturidade suficiente para enfrentar os perigos que acompanham as maravilhas do mundo virtual.
Nunca foi tão preciso discernir o certo e o errado, o seguro e o perigoso, bem como, cautela e proteção para fazer bom uso deste avanço tecnológico. Aqui entram os pais e/ou pessoas que tem menores sob sua responsabilidade, que mesmo não estando tão conectados, têm a experiência de vida e deduz-se que mais maturidade, bom senso e responsabilidade. A preocupação com o bom ou mal uso das ferramentas procede e este mal uso acomete também os adultos.
É certo e aconselhável acompanhar as escolhas, que devem ser: de bons conteúdos – de acordo com a idade, com o tempo conectado, quantidade e qualidade – determinado pela faixa etária. Isto inclui qualquer material e mídia acessado através de celular, tablet, computador e televisão. Lembrando que os pais são os responsáveis por permitir e/ou presentear com celular, tablet, computador… às vezes em idades nada recomendadas.
Atualmente, existem recursos de monitoramento e senhas que restringem o acesso a programas, o que não isenta o devido e sempre necessário acompanhamento de um adulto, pois o uso inadequado e sem monitoramento pode levar aos riscos de pornografia, pedofilia, quebra de privacidade/segurança, conteúdos inadequados, direitos autorais, racismo, fake news, homofobia, neonazismo, bullying cibernético, aliciamento sexual, sexting – “ato de enviar fotos, vídeos ou mensagens de cunho sexual por meio digital”, transtornos de alimentação/sono, sedentarismo, problemas auditivos/ visuais/posturais – LER (lesões por esforço repetitivo), dificuldades de socialização, problemas escolares e muitos outros.
Desafios
O mundo virtual apresenta desafios próprios e específicos, não é neutro e nem inofensivo, é uma realidade que marca as relações entre as pessoas dentro e fora da família, de maneira positiva ou não.
As redes de apoio e sua importância são indiscutíveis. Além dos amigos, a escola pode fazer parte, ação conjunta de pais e educadores funciona muito bem.
As modernas tecnologias exercem uma pressão por meio de tantas informações simultâneas e nem sempre de boa qualidade, mas ao mesmo tempo encantam os nascidos na era digital pela dinamicidade e, realmente, provou-se muito importante no contexto dos últimos acontecimentos. Motiva crianças, adolescentes, jovens e até mesmo adultos com as novas possibilidades. No entanto, é preciso deixar claro que o uso da liberdade vem acompanhado de consequências e responsabilidades pelos atos. Desta maneira estaremos ajudando as novas gerações a se posicionarem diante dos meios de comunicação e ter a consciência que a pressa em saber pode levar à superficialidade e até mesmo ao isolamento. O mundo virtual pode aproximar os distantes e distanciar os próximos – todo cuidado é pouco.
Hoje, é fato que não se pode ficar à margem do mundo virtual, que muito pode ajudar nas relações sociofamiliares. Porém, é necessário o envolvimento com brinquedos reais e o relacionamento com pessoas, resgatar o construir o brinquedo e brincar juntos, compartilhar experiências da infância, das brincadeiras ao ar livrepode ser muito educativo.
Este artigo, sem a pretensão de esgotar o assunto, e sim propor uma reflexão para encontrar melhores caminhos para enfrentar os desafios e dilemas que se apresentam neste mundo cada vez mais virtual, tendo um olhar generoso para as relações sociofamiliares. Com certeza deixaremos de acertar muitas vezes, mas com certeza nada substitui a convivência com outras pessoas.
REFERÊNCIAS
- Conceito humanização: https://www.significados.com.br/humanizacao/
- Conceitos de sociofamiliar – INFOPÉDIA – Dicionário Porto Editora
- Conceitos de contexto, virtual – WIKIPÉDIA
- Carvalho Rafaela & Ferec Roberta. Editora Matrescência. Tela com Cautela. – https://editoramatrescencia.com/products/tela-com-cautela
- Recomendações OMS:
- Palestra contraponto: https://www.ted.com/talks/sara_dewitt_3_fears_about_screen_time_for_kids_and_why_they_re_not_true?language=pt#t-6693
- Revistas Periódicas
- Anais 35º Congresso Nacional 1999: O Videogame da Vida Virtual ou Real?
- Anais 49º Congresso Nacional 2012: A Família Educadora no Mundo de Comunicação
Marlene de Fátima Merege Pereira – EPB – Seccional de Curitiba, marlenefmpereira@gmail.com
Publicado na Revista Escola de pais do Brasil Seccional de Curitiba, ano 56,ed. 49, setembro 2020, p. 12
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