
O que segue são algumas considerações ao tema desta revista: “Relações Sociofamiliares no contexto virtual”. Pois, quisesse falar tudo seria tentativa pretenciosa e ingênua, já que a Era Digital sempre se deu dinamicamente, desde que surgiu, no mundo todo, com novidades – e grandes surpresas – a cada instante, literalmente.
Além de diversos autores e artigos estudados, couberam perfeitamente minhas anotações feitas no 50º Congresso Nacional e 2º Internacional no Brasil, da Escola de Pais, de 30 de maio a 1º de junho de 2013. Tema: Geração Z: Família E Escola Na Era Digital, cujos autores em destaque neste artigo estão relatados ao final.
O impacto da tecnologia virtual na família e na escola
Todos estão conectados, o que é muito bom, muito útil, funcional, encurta tempo e espaço, multiplica trabalho, além de facilitar espetacularmente a comunicação em todos os níveis, classes e idades. Idades? Sim, pois, mal o bebê sai das fraldas já se põe diante de uma tela. E do teclado antes mesmo de aprender a ler.
Daí em diante já é lugar comum dizer das preocupações de pais e educadores em acompanhar o crescimento vertiginoso dos recursos digitais, que mais e mais envolvem e até viciam, podendo fazer muito bem e também muito mal. Servem aos professores para as pesquisas e afins; como também, por exemplo, servem aos perversos, vigaristas, pedófilos.
Visão crítica da realidade virtual
A dita geração Z, crianças e adolescentes, são também chamados “geração net”. São maravilhosos. Precisamos aprender com eles. Nós criamos os motores. Eles estão trazendo o mundo digital para nós. Precisamos interagir. Fazer uma troca dinâmica de perguntas e respostas. Nós devemos responder e vice-versa.
Eles riem quando dizemos que temos um celular muito rápido. Eles já vivem na sociedade da rapidez e do “novo imediato”. O problema é nós, pais, mães, professores entendermos esta geração, que estuda e aprende de modo diferente do nosso. Eles conseguem informações que nós ainda não temos.
Nova época. Novos tempos
Então, estamos vivendo uma nova época e novos tempos de busca relacional e não simplesmente tecnológica. Quando nossos filhos vão a internet é mais desejo de relacionamento que outra coisa.
A lógica virtual gera mudança de códigos e linguagem cultural, que modifica profundamente o modo de compreender a si mesmo, o mundo a realidade das coisas e sua própria identidade. Busca-se experiência, o autêntico, o verdadeiro. São da inteligência interativa, relacional.
Polarização
Como, por exemplo, alunos insatisfeitos com a professora produzem vídeo negativo dela e postam na rede; um grupo de alunos criou um site sobre como cuidar do pantanal. Uma menina, para seduzir o namorado, colocou uma foto na internet, seminua. Durante a pandemia do Covid 19 diversos grupos de jovens fizeram campanhas de solidariedade nas redes sociais, para socorrer os mais necessitados, com roupas, alimentos e, até, com moradia. E por aí vai.
O que prevalece
Há questões fundamentais a trabalhar: o desenvolvimento do mundo de maneira ética e harmônica. A geração net não quer guerra, briga religiosa e coisas do gênero. Acima de tudo querem o respeito pela terra, pelo ser humano, pelas crenças. Eles têm uma maneira sistêmica de ver a ética.
A geração net quer viver com mais saúde, SOBRIEDADE, mais ética que as nossas gerações anteriores. Serão mais críticos em relação aos políticos e à igreja, por exemplo. As novas gerações querem transparência, simplicidade. O Papa Francisco já entendeu isso: “eu tenho fraquezas, mas Deus me ama”. É isto que a geração net quer ver e ouvir.
Novos atores e histórias
Os da geração net são novos autores, não só atores, pois, escrevem digitalmente – em bits e bytes – a própria história (Facebook). Então, contar histórias é a melhor forma de atingir esta nova geração, com novas gramáticas: dos valores percebidos, da democracia planetária, da diversidade cultural, do cuidado pela vida e pelo planeta; e da espiritualidade sistêmica.
Eles querem valores percebidos, vividos e depois relatados, inclusive através da internet.
Esta nova geração tem uma profunda espiritualidade. Não é verdade que são vazios. Eles têm amor a Deus, à transcendência. São contemplativos. Contemplam as imagens: flor, pássaro… Através da beleza. Pela 1ª vez na História, vemos a chegada para Deus pelo Belo, antes que pela Ética.
Novas narrativas
Hoje registra-se a própria história com fotos, clips, textos… Nova forma de narrativa. Portanto, novas linguagens e símbolos.
Essa geração não pediu para nascer na era digital, mas eles precisam se adaptar a ela para dar continuidade a vida. Não se pode criticá-los por isso, porque é um processo natural dessa era.
Imaginação Espacial
Armazena todas as conexões: vida, amor, imagens, fotos, mundo complexo.
Nossos filhos estão conectados e imersivos, com novos hábitos e imersão em comunidades afetivas, o que vem gerando um novo estilo de vida: são colaboradores, inventivos e imersivos. Enfim, interativos através do tecnológico e virtual.
Alguns desafios
Essa garotada não quer ser superficial. Querem discutir coisas como morte, doença, sentimentos; qual o significado de viver, de ser feliz, de amar; qual a minha preocupação com os que me cercam: pais, avós; emprego, trabalho, os pobres, os excluídos.
Conclusão
A formação enciclopedista foi ótima para minha geração. Meus netos não precisarão de toda esta erudição. Precisam aprender a questionar, a realizar coisas e a aprender fazendo.
A escola deve repensar metodologias e conteúdos. Problemas e jogos. É preciso recortar problemas reais (exemplo: trânsito). Futuro. Sustentabilidade, não só da sobrevivência da vida do planeta, como também as questões da miséria, das doenças…
Que conhecimentos serão fundamentais?
Quais as competências necessárias para o século 21?
Entre Escola e família o caminho não será tranquilo. É turbulento. É um labirinto acêntrico. Mas devemos ser integrativos, animados e rápidos.
REFERÊNCIAS
Anotações do 50º Congresso Nacional e 2º Internacional no Brasil, da Escola de Pais, de 30 de maio a 1º de junho de 2013. Tema: Geração Z: Família E Escola Na Era Digital.
Paráfrases de destaques deste Congresso neste artigo:
MENDES, Prof. Dr. Gildásio – PUC – MS. Visão Crítica da realidade virtual,
PACHECO, Prof. Dr. José – Porto – Portugal. O impacto das novas tecnologias na cultura escolar e familiar.
SILVA, Prof.ª Dra. Patrícia Konder Lins e. Família, Escola e Tecnologias do Século XXI –– Rio de Janeiro – RJ.
Geração Z
MEIRINHOS. Manuel. Os desafios educativos da geração Net. Instituto Politécnico de Bragança – Escola Superior de Educação. https://www.researchgate.net/publication/287975125_Os_desafios_educativos_da_geracao_Net
SCHIKMANN, Rosane & COIMBRA, Rosângela Gamba Crédico de. A Geração Net, http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enanpad2001-cor-382.pdf
João Batista Athanásio – advathanasio@gmail.com
Publicado na Revista Escola de Pais do Brasil Seccional de Curitiba, ano 56, ed. 49, setembro 2020, p. 29.
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