A questão dos limites na educação infantil tem se revelado uma dificuldade tanto para pais quanto para professores. Sabemos que o comportamento da criança tem se modificado com o passar do tempo e um dos fatores refere-se a construção de limites e a formação de valores por parte da criança desde a primeira infância.
Destarte, escola e família possuem no estabelecimento dos limites infantis, papéis compartilhados, mas distintos. A família, por ser a primeira instituição social com a qual a criança tem contato primeiramente, se estabelece a noção de limites, o respeito à autoridade e a capacidade de se colocar no lugar do outro. A escola, por sua vez, além de ser uma instituição responsável pelo desenvolvimento do conhecimento formal, também desempenha um papel importante no estabelecimento dos limites infantis.
É no ambiente escolar que as crianças aprendem pela primeira vez como é viver em sociedade, a lidar com as diferenças, com a tolerância em relação à frustação, com a aceitação das regras coletivas, nesse processo, está incluído também, compreender que nem sempre é possível fazer tudo que deseja. Quando se fala em limites, muitas vezes a dúvida permeia a cabeça dos pais e educadores em relação ao que fazer e como lidar com os comportamentos indesejados apresentados pela criança.
A faixa etária dos três aos cinco anos é a fase da rebeldia, do negativismo, a criança não obedece e tem ataques de birra, entende o “não” vindo dos pais, mas é muito resistente quanto a obedecer, por isto não adianta os pais falarem “não” sem que a criança entenda o contexto. A importância do “não” e do estabelecimento das regras é fator organizador para a criança e não um ato de desamor.Agir dentro dos limites oferece a criança uma estrutura segura capaz de lidar com situações novas e desconhecidas.
Para Içami Tiba (1996, p.43), cabe aos pais delegar ao filho tarefas que ele já é capaz de cumprir. Essa é a medida certa do seu limite. É por isso que os pais nunca devem fazer tudo pelo filho, mas ajudá-lo somente até o exato ponto em que ele precisa, para que, depois, realize sozinho suas tarefas. É assim que o filho adquire auto confiança, pois está construindo sua autoestima. O que ele aprendeu é uma conquista dele.
No livro “Escola sem Conflito: Parceria com os Pais”, Tânia Zagury (2002, p.192) ressalta “Hoje, a punição é cada vez mais rara, tanto na escola como em casa. Os pais tem larga parcela de culpa no que diz respeito à indisciplina dentro da classe. É uma situação cada vez mais comum: eles trabalham muito e têm menos tempo para dedicar à educação das crianças. Sentindo culpados pela omissão, evitam dizer não aos filhos e esperam que a escola assuma a função que deveria ser deles: a de passar para a criança os valores éticos e de comportamentos básicos”. A escola é uma instituição que muito irá colaborar com os pais nesse sentido, mas nunca os poderá substituir.
A construção de limites está diretamente implicada na capacidade da criança de socialização e convivência bem-sucedidas, de forma que ela possa reconhecer e considerar os próprios limites e os dos demais. Há que se repetir, com calma, centenas e milhares de vezes a mesma coisa, para funcionar. Educar envolve um novo desafio a cada dia, porém é a melhor forma para nos levar a ter filhos/alunos sociáveis, felizes, cidadãos, responsáveis e conscientes de seus direitos e deveres. Para Augusto Cury “Os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres que falem a sua língua e sejam capazes de penetrar-lhes o coração” (2003).
Autora: Msc Leny Xavier Louzada
Publicado no site: http://www.literatus.edu.br/sitenovo/infantil/detalhar/conteudo/3/pagina/1944
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