“Aquilo com que nascemos é substancialmente modificável; aquilo que recebemos quando somos criados… Isso sim é bem mais difícil de mudar.” (MUNCHING; KATZ)
Os investigadores das áreas sociais e humanas têm dedicado muito tempo ao estudo dos estilos parentais, ou seja, a forma que os pais utilizam para educar os seus filhos. Muitos afirmam que as práticas, as maneiras de educar adotadas pelos pais determinam a forma como as crianças se comportam e influenciam significativamente a formação da personalidade e o estabelecimento de futuros padrões relacionais enquanto adultos.
De acordo com Lídia Weber, pós-doutora em desenvolvimento familiar, cujo pensamento foi publicado na Revista do 50° Congresso Nacional da Escola de Pais do Brasil, de modo geral se fazem presentes nas diferentes sociedades:
• 35% de Pais participativos
• 35% de Pais negligentes
• 15% de Pais autoritários
• 15% de Pais permissivos
Ela também afirma que há mais de 50 anos são feitos estudos sistemáticos sobre as formas de educar os filhos e suas consequências para o desenvolvimento das crianças.
Estilos Parentais
Diana Baumrind (1966) criou um modelo teórico que atualmente se denomina “estilos parentais” que foi um marco nos estudos desta temática. Baumrind propôs a existência de três estilos parentais distintos: o estilo autoritário, o estilo participativo (autoritativo) e o estilo indulgente (permissivo). Mais tarde, Maccoby e Martin (1983) acrescentaram o estilo negligente.
Estilo Permissivo
• São pais centrados no filho. Dão muito apoio e atenção emocional, mas pouca estrutura positiva e direção aos filhos. São pais que tem receio de rejeição e não serem amados pelos filhos: aí… permitem em demasia, sentem culpa pela ausência no trabalho ou são inconsistentes. Quando Baumrind estudou as crianças criadas sob este estilo parental, descobriu que elas eram teimosas, provocadoras, rebeldes e incapazes de regular a maior parte das emoções que enfrentavam.
Consequências para os filhos:
• Estão mais propensas a envolver-se em problemas de comportamento e têm pior desempenho na escola, mas podem ter boa autoestima, boas habilidades sociais e baixos níveis de depressão.
• Há um alto risco de envolvimento com drogas no futuro, pois não aprenderam que existem regras e limites no mundo, acham que podem e devem experimentar tudo e testar todos.
Estilo Autoritário
• Há uma tentativa de controlar e modelar, de forma rígida, as atitudes da criança. Estes pais valorizam uma obediência absoluta, recorrendo a medidas punitivas (verbais ou físicas) para que esta se comporte de acordo com a sua exigência. São frequentes as críticas ou ameaças à criança. Quando Baumrind estudou as crianças criadas com um pai autoritário, descobriu que elas, em geral, tinham temperamento infeliz. As crianças pareciam distantes, hostis, ansiosas e com pouco controle sobre suas próprias emoções negativas.
Consequências para os filhos:
•Tendem a apresentar desempenho moderado na escola, não apresentam problemas de comportamento, geralmente são crianças e adolescentes quietos e passivas.
• Se a coerção dos pais for muito forte, podem mostrar hostilidade e agressividade contra figuras de autoridade.
• Apresenta piores desempenhos em habilidades sociais, humor instável, pouco amigável.
Estilo Negligente
• São considerados pais ausentes. Deixam a criança fazer o que bem quiser; este estilo parental geralmente é o que tem mais efeitos negativos sobre as crianças, porque elas não recebem a atenção de que precisam para se desenvolverem como adultos completos.
• Sem tolerâncias e aborrecem-se facilmente com o choro natural de um bebê, pedidos de uma criança ou adolescentes.
• Quando os filhos chegam ao limite ou quando sentem culpa de sua ausência podem controlar exageradamente ou punir.
• Mantém apenas a satisfação de necessidades básicas (físicas, sociais, psicológicas e intelectuais);
Consequências para os filhos:
• Apresentam pior desempenho em todas as áreas; podem ter um desenvolvimento atrasado, problemas afetivos e comportamentais.
• Este estilo parental correlaciona-se com uso de drogas e álcool, com início precoce da vida sexual.
• Baixo desempenho acadêmico e baixas habilidades sociais e futuro comportamento antissociais (mentir, roubar, agredir, machucar, xingar…).
Estilo Participativo
• Estes pais conseguem adequar a sua atitude à especificidade da criança, (idade/maturidade e motivações). Um pai neste estilo proporciona incentivo e um raciocínio minucioso acerca das regras estabelecidas e de outros métodos de disciplina preferidos. A supervisão é firme.
• Há o estabelecimento de normas e limites, num clima de calor afetivo. A comunicação é positiva e otimista.
Consequências para os filhos:
• Estas crianças definem-se e são classificadas como mais competentes em todos os níveis, ou seja, boa autoestima, habilidades sociais, otimistas, bom desempenho acadêmico e desenvolvimento de resiliência (que representa a capacidade de resistir a privações, dificuldades, doenças).
Em síntese, o estudo dos estilos parentais divide as relações entre pais e filhos (de qualquer idade) em quatro tipos básicos:
• participativo (centrado na relação e socialização do filho);
• negligente (pais ausentes);
• autoritário (centrado nos pais);
• permissivo (centrado no filho).
O ser humano nasce totalmente dependente de cuidados, com isso recebe a influência direta de seus pais, cuidadores e demais familiares. A família constitui o primeiro núcleo social da criança, proporcionando seu processo de socialização. Assim, se torna interessante fazer uma reflexão acerca do estilo parental adotado em sua casa e pensar de que forma este afeta o seu filho ou filha.
É importante acima de tudo valorizar a negociação e a expressão dos afetos, que tantas vezes é esquecida, desvalorizada e inexistente!
Referências
Revista do 50° Congresso Nacional e 2° Congresso Internacional da Escola de Pais do Brasil.
http://www.education.com acesso em 15/02/2014.
MUNCHING, P. V; Katz B. Na real, a culpa é dos seus pais, Ed. Academia de inteligência, 2008. São Paulo. p. 25.
Publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccionais de Biguaçu e São José, nº 5, junho de 2014, p. 2130.
Irani Maas Marques – Mestre em Educação, Coordenadora Regional da Escola de Pais para o Vale do Itajaí, Associada da Escola de Pais – Seccional de Timbó.
Maus tratos
Gritar
Xingar
Bater
Humilhar
Educar com afeto e carinho ainda é a melhor maneira de cuidar de uma criança