Do raiar do dia ao anoitecer, a vida é feita de decisões. Decidimos o tempo todo, desde situações banais à complexas. Quantas decisões você já realizou no dia de hoje?
Adultos fazem por dia, em média, de 6 mil a 7 mil escolhas de variada complexidade, de acordo com cientistas reunidos em evento recente em Frankfurt, Alemanha.
Todos os dias, tomamos de 2.500 a 10.000 decisões, neste total estão incluídas desde o levantar da cama no horário ou não, tomar café, (a marca preferida) qual roupa vestir (clima), até resoluções “maiores”, carreira profissional, maternidade/paternidade e como educar os filhos, relacionamentos afetivos com amigos e companheiro (a), transações comerciais, que envolvem muito dinheiro, além de questões éticas e aprovação alheia.
O campo das decisões é uma área que hesitamos, muitos nos confundimos e nos angustiamos. Na maioria das vezes fazemos escolhas baseados em o que esperam de nós, pela nossa necessidade de sermos aceitos e aprovados, segundo nossas crenças; ou escolhe-se pelo que é mais razoável, ou o que o dever nos cobra. Só ocasionalmente decidimos fazer o que sentimos ser o melhor para nós, o que nos deixa feliz e em paz, e isto é possível, como? Respeitando a equação filosófica: QUERER, DEVER E PODER, ficamos em equilíbrio e também pelas descobertas da Neurociência descritas no decorrer.
A educadora Dulce Magalhães em seu livro O Foco define a sorte, salienta que “o desafio de fazer uma escolha não é a escolha em si, mas ser capaz de abrir mão de tudo o que não foi escolhido… o duro é a renúncia”. Reforma em casa, comprar carro novo, fazer a viagem dos sonhos, investir na carreira profissional, dá para realizar tudo ao mesmo tempo, agora?
Pode ser uma coisa de cada vez, e em uma progressão de tempo que não atende ao nosso desejo mágico de simultaneidade. O pensar sobre o que escolher, é a oportunidade para repensarmos valores, prioridades, responsabilidades, construindo o mosaico do autoconhecimento.
As decisões que tomamos nos fazem, ao longo do tempo, SER QUEM SOMOS. Cada decisão nos leva a novos conceitos sobre quem somos e o que queremos, eleger algo é definir que tipo de vida queremos naquele momento. Pois as escolhas criam realidades, tudo na vida é de própria escolha! Uma gama de fatores molda e embasa as nossas opções: tendências inatas, emoções, expectativas, equívocos, características de personalidade, aspectos culturais e conteúdos inconscientes.
Como o cérebro toma decisões?
De forma resumida, através da ativação do córtex pré-frontal – racional e da amígdala do cérebro, estrutura responsável pela expressão emocional do corpo.
De acordo com a doutora em Neurociências, Suzana Herculano–Houzel, em seus livros Pílulas de Neurociência para uma vida melhor e Fique de bem com o seu cérebro, afirma que as decisões, sobretudo as acertadas, acontecem ao contrário da crença comum, de que são puramente racionais, as emoções são fundamentais para o processo. “Mais do que simplesmente acrescentarem “cor” à vida, as emoções fazem o cérebro sentir na carne os resultados reais de decisões favoráveis ou desfavoráveis e aqueles esperados de ações que podem ter consequências positivas ou negativas”.
Como as emoções colaboram na boa tomada de decisões?
As emoções são a maneira mais rápida e personalizada de o corpo, orientado pelo cérebro, expressar-se e salientar eventos que tem impacto bom ou ruim, sobre a nossa vida.
Através das alterações emocionais no corpo – o medo que gera um aperto no peito, a ansiedade que gera a sensação de que o coração está batendo na boca; estes sinalizadores nos permitem saber que uma situação nos afeta, antes mesmo de compreendermos o porquê ela exerce esse efeito sobre nós. O coração disparado ou mais lento, a pele mais quente ou fria, os órgãos internos contraídos e distendidos, entre outros, funcionam como marcadores corporais para o próprio cérebro.
Segundo o neurocientista Antônio Rosa Damásio, que desenvolveu a hipótese dos marcadores somáticos, em seu livro O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano, “o que sentimos desempenha função preponderante na tomada de decisões. O papel da emoção, entretanto, não é dificultar nossas decisões, como na visão tradicional, e sim facilitar a obtenção de resultados mesmo diante de algumas daquelas decisões que nos parecem, à primeira vista, estritamente racionais, como a escolha de uma carreira ou de um investimento financeiro”.
Ouça as suas emoções, elas são a expressão da primeira avaliação que o cérebro faz de cada situação, baseado em suas experiências anteriores e antes de ter tempo, de modo consciente, de avaliar todos os prós e contras. Uma dica preciosa da Dra. Suzana Herculano-Houzel, se você precisa tomar uma decisão importante, visualize-se em situações alternativas e consulte o seu corpo sobre o resultado. Como a lógica emocional é a mesma quando imaginamos ou vivenciamos uma situação, a hipótese que o deixar mais feliz, será provavelmente, a que terá mais chances de seguir a lógica interna de seu cérebro e de deixá-lo satisfeito na vida real.
Decisões sábias combinam o conhecimento das respostas emocionais, com um bom controle dos impulsos, e principalmente o comprometer-se com a escolha realizada e fazer dar certo.
A vida é o que fazemos dela! Nada acontece que não seja escolha e responsabilidade da própria pessoa, ressaltando que ser responsável é fazer a escolha e aceitar as consequências e os resultados dela. Quando a escolha feita se mostrou ruim ou prejudicial podemos mudar de ideia, o arrependimento faz bem quando aprendemos lições e assim corremos menos riscos de sofrer decepções futuras.
Sempre temos escolha!
Publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccionais de Biguaçu e São José, nº 5, junho de 2014, p. 13.
Maria Olívia Schwalb Seleme – Psicóloga – CRP 12/00441. Especialista em Psicologia Clínica e Escolar, Terapeuta de Família, Casal e Adulto. Certificação Neurocoaching (IBC).Contato: (48) 3224–0306.
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