Há 200 mil anos, surgia em nosso planeta a espécie Sapiens do gênero Homo, e esta entre todas as demais espécies, tornou-se “soberana” até os dias de hoje.
A estrutura social, econômica, política e familiar do Sapiens, desde o seu surgimento, passou por profundas modificações devido a algumas revoluções, notadamente: Revolução Cognitiva (há 70 mil anos), Revolução Agrícola (há 12 mil anos), Revolução Científica (há 500 anos), Revolução Industrial (há 200 anos), as quais influenciaram de forma significativa os relacionamentos, os comportamentos e questões morais e éticas na família e, por conseguinte, em toda a sociedade.
Mais recentemente, nos anos 70, as duas grandes guerras já eram recordações sombrias do passado, cujo legado era um mundo politicamente e economicamente dividido, todavia, nas artes, na música, na ciência, na tecnologia e na sociedade várias inovações eram vislumbradas e iniciávamos um período fértil da criatividade humana, no seu contexto mais amplo, sob o signo da aurora de uma nova revolução, a Era do Informacionalismo.
Nas décadas posteriores, ocorreram evoluções sem precedentes e a Internet tornou-se um workflow[1] genérico para tudo, ou seja:
- Salas de reuniões virtuais
- Webcasting[2]
- Treinamento à distância
- Comércio eletrônico
- Transações bancárias
- Sites de relacionamento
- Jogos eletrônicos
A evolução tecnológica e a Internet começaram a disponibilizar para as organizações e para o ser humano, mais uma vez, uma nova dinâmica nas relações sociais, culturais, profissionais e educacionais, uma completa transposição do mundo real para o eletrônico, que por não exigir a presença física das pessoas recebe a conotação de mundo “virtual”.
Infelizmente essa nova maneira de nos relacionarmos trouxe riscos que a princípio só ocorriam no mundo “real”. Mas mesmo no mundo “virtual”, devido a nossa exposição pessoal e sem os devidos cuidados estamos à mercê de problemas que antes só faziam parte de nosso mundo “físico”, tais como: conteúdos ofensivos, conteúdos impróprios, invasão de privacidade, boatos, furto de dados pessoais, contato com pessoas mal intencionadas, confidencialidade, uso excessivo etc. e normalmente achamos que não estamos vulneráveis.
Para utilizarmos a Internet devemos ter consciência de que estamos mais expostos do que jamais estivemos, e faz-se necessária a adoção de uma postura preventiva, com a adoção de medidas que sejam incorporadas a nossa rotina de acesso a todos os serviços que são disponibilizados na rede mundial.
O primeiro passo para se prevenir dos riscos relacionados ao uso da Internet é estar ciente de que ela não tem nada de ‘virtual’. Tudo o que ocorre ou é realizado por meio da Internet é real: os dados são reais e as empresas e pessoas com quem você interage são as mesmas que estão fora dela. Desta forma, os riscos aos quais você está exposto ao usá-la são os mesmos presentes no seu dia a dia e os golpes que são aplicados por meio dela são similares àqueles que ocorrem na rua ou por telefone. – Cartilha de Segurança para Internet, publicado por CERT.BR
Atualmente, conforme dados estatísticos na figura abaixo, mais da metade da população mundial utiliza a Internet regularmente. No Brasil, temos 139 milhões de acesso à Internet e 111 milhões de usuários do Facebook.
|
Disponibilizado em : http://www.internetworldstats.com/top20.htm
O Brasil é o país no qual as pessoas passam mais tempo conectadas, em média 4 horas por dia, e além da relação privacidade x risco devemos estar cientes de algo mais complexo e “perigoso” que é o aspecto comportamental.
Nosso modelo socioeconômico baseado no capitalismo&consumismo utiliza a Internet visando o incentivo ao consumo e a utilização de dispositivos e redes de relacionamento com foco em comercialização e lucros. Os sites de relacionamento, de pesquisa e e-mail possuem algoritmos inteligentes que permitem traçar o perfil dos usuários de modo a direcionar propagandas que visam à venda de produtos, definem tendências, influenciam comportamentos e nos levam cada vez mais ao imediatismo, ao desejo e ao individualismo. Com a utilização do Neuromarketing, é possível obter informações para entendimento do comportamento do consumidor, desejos, impulsos e motivações de compra. É o estudo de reações a estímulos direcionados ao comércio dos mais variados produtos.
Com certeza não podemos viver sem a tecnologia do mundo contemporâneo e a mesma estará cada vez mais presente em nossas vidas. Com o advento da Internet de Todas as Coisas, pessoas, objetos e eletrodomésticos estarão conectados à Internet. Estima-se que em 2020 a Internet terá 50 bilhões de objetos conectados, com os mais variados propósitos/serviços. O fluxo de dados na Internet está crescendo de forma exponencial. Diante dessa realidade, faz-se necessário que pais e educadores, cada vez mais, se atualizem em relação ao conhecimento dos benefícios, precauções e malefícios, que a utilização da Internet oferece, de modo a orientar crianças, jovens e adolescentes para utilização adequada de tecnologias que estão a cada dia, o que poderíamos chamar de, fora de controle.
A cada ano, a cada década novas tecnologias estão sendo disponibilizadas para empresas, estudiosos e público em geral, e talvez seja o momento de pensarmos em adotar um padrão “ético” que permita que a Internet seja uma parceira visando o bem comum e não um mundo “virtual” com perigos e mensagens subliminares que influenciam de modo significativo o comportamento de crianças, adolescentes, jovens e adultos.
Sugestão de vídeos relacionados:
Referências:
http://www.internetworldstats.com/top20.htm
[1] Refere-se ao fluxo de trabalho; ferramenta para troca de informações (tradução livre).
[2] Webcast refere-se à transmissão de áudio e vídeo. Pode ser utilizada por meio da internet ou redes corporativas ou intranet para distribuição deste tipo de conteúdo.
Emerson de Jesus Duarte – Emerson de Jesus Duarte atua na área de telecomunicações desde 1975. É pós-graduado em Redes, pela Faculdade UNEB de Brasília e em Cenários e Estratégia no Ambiente das Organizações, pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Este artigo está publicado na Revista nº 7 – outubro de 2017, da Escola de Pais do Brasil -Seccional da Grande Florianópolis.
Faça um comentário