Em minha caminhada como educadora, já assumi vários papéis: professora, coordenadora pedagógica, orientadora, diretora de projetos, consultora educacional, psicóloga clínica e escolar. Em nosso cotidiano, nos deparamos com situações revoltantes e assustadoras. Situações que nos fazem refletir sobre Ser Humano.
A agressividade é um dos aspectos que compõem a personalidade humana, é um dos impulsos que faz com que sejamos capazes de defender a nós mesmos e aos nossos. Porém uma agressividade descontrolada é impulso de defesa animal. Tal impulso pode ser desencadeado por uma situação de perigo. Quando nos sentimos ameaçados, podemos ter algumas reações: fuga, defesa ou ataque. Podemos atacar de uma forma sutil, velada e derrubar o “inimigo” quando ele menos espera. Podemos fugir de situações de perigo e nos esconder, recomeçar, esperando que o “inimigo” não nos persiga. Também podemos agir com serenidade e nos defender, sem oprimir o “inimigo”.
Imaginemos um espaço em que várias pessoas, com personalidades diferentes, papéis diferentes, com autoridades diferentes, precisem conviver diariamente. O que aconteceria se, cada vez que alguém se sentisse ameaçado por outra pessoa, ao invés de se defender de forma serena buscando a elucidação do problema, utilizasse a violência para tal intuito?
A Escola pode vir a ser considerado um espaço como o supracitado. O que pode ocorrer se, um educador ao ser agredido verbalmente por um aluno, reagir agressivamente, sem refletir sobre os motivos que levaram ao ocorrido?
A escola é composta por pessoas provenientes de uma comunidade, portanto não pode manter-se distante da mesma. É preciso compreender que o contexto externo da comunidade em que a escola está inserida tende a derrubar os muros da mesma e penetrar nos espaços escolares. Tal contexto permeia a biblioteca, a quadra de esportes, as salas de aula, os banheiros, o pátio, a sala da direção, dos orientadores e supervisores. É impossível ignorá-la. Antes de tudo, é preciso que família e escola estabeleçam diálogos permanentes que possibilitem o crescimento de ambas, sempre visando à melhoria do ensino e, consequentemente a transformação social.
Um projeto aplicado pelo governo do estado chamado AMBIAL, do qual já fui coordenadora em uma escola, preconiza a aproximação entre família e escola através de cursos profissionalizantes para famílias de baixa renda. Tais cursos, além de possibilitar o estreitamento de laços entre escola e família, possibilitam uma renda extra, mudança de percepção da comunidade com relação à instituição, educação familiar e instalação de cooperativas na comunidade.
Segundo Di Santo (2006), as mudanças sociais decorrentes da vida econômica altamente instável, do êxodo rural, das conquistas tecnológicas que aumentam sobremaneira as influências externas sobre a infância e estimulam o consumismo, a violência, a visão de mundo descomprometida com a solidariedade e valores morais transitórios deram lugar a novas estruturas. Essas novas estruturas mudam a escola e a família. Tendem a questionar a capacidade das crianças, especialmente das que dão mais trabalho, seja por dificuldades de aprendizagem, seja por indisciplina. Esta postura tende a afastar ainda mais a família da escola.
Como nos sentimos quando recebemos críticas? Será positivo frequentar um lugar em que as pessoas somente o convidam para lhe criticar ou apontar as dificuldades dos seus? Todo ser humano tem limitações e habilidades. Como educadores, somos desafiados todos os dias a descobrir quais são essas limitações e quais são as habilidades dos seres humanos que são nossos pupilos e de que forma podemos influenciá-los positiva ou negativamente.
Publicado na Revista nº 2 – 2010, da Ecola de Pais – Seccional de Biguaçu SC
Camila Detoni – Consultora Educacional, Psicóloga CRP 12054/23, membro da Escola de Pais de São José – SC
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