ENSINAR A SER SOLIDÁRIO, PELO EXEMPLO DOS PAIS

O QUE É A SOLIDARIEDADE?

Nas catástrofes as pessoas são sempre solidárias, unidas e altruístas. Entretanto, na bonança são sempre egoístas e individualistas.

“A solidariedade começa com o olhar para o outro”. “Significa também perceber o que acontece à volta, a situação e as pessoas – aparentemente tão simples, mas muito complexo”. Representa uma ação ou um pensamento feito em conjunto. Esse é um dos conceitos da solidariedade, um pensar solidário, e não solitário, no âmago da questão, tem uma abrangência moral muito ampla que nos vincula ao sentido da vida.

A solidariedade se demonstra também com palavras, muitas vezes uma palavra de conforto. E esse apoio deve ser dado, devemos ouvir com atenção e carinho as mágoas cujo desabafo pode até ser vital para alguém.

Solidariedade não é somente ajudar o próximo a alcançar alguma coisa. Solidariedade é informar, é dividir o que a gente sabe. Solidariedade é um sentimento de identificação em relação ao sofrimento dos outros e, pode levar a uma responsabilidade recíproca.

No “saber jurídico”, a solidariedade pode dizer respeito a um acordo ou contrato que um tem como obrigação perante outro, ou quando existem vários devedores interligados por determinados interesses.

Não existe outra via para a solidariedade humana senão a procura e o respeito da dignidade individual. A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana. Ser solidário é ter interesse pelo próximo.

Ser solidário é ajudar o próximo a não se perder, a não ser enganado, a não ter sua saúde, sua vida, em risco.

EDUCAR PARA OS VALORES – A SOLIDARIEDADE

Empatia na infância: Você está criando uma criança que se preocupa com os outros?

A habilidade de se colocar no lugar do outro, “empatia”, não depende apenas da hereditariedade ou tradição cultural grupal; portanto, cabe a nós, adultos, orientar nossas crianças para que se tornem seres humanos mais solidários colaborando para um mundo melhor. É algo que deve ser trabalhado e incentivado pela família e pela escola, desde muito cedo. Portanto:

Trabalhar os sentimentos – Ajudar as crianças a lidar com os sentimentos é muito importante para que se tornem adultos mais sensíveis. Além de colaborar para a autoestima do teu educando, trabalhar os sentimentos o torna uma pessoa mais propensa a compreender o sentimento alheio e a se colocar no lugar do outro.

O diálogo é sempre a melhor saída – Seja nos momentos bons ou ruins, nos acertos ou nos erros. Conversar com teu educando, em um ambiente afetivo e comunicativo em que ele também tenha liberdade para se expressar, vai possibilitar-lhe compreender o que está acontecendo, com uma reflexão sobre suas atitudes.

Contar estórias – Ao entrar em contato com o mundo imaginário as crianças podem viver diferentes experiências, aprender colocando-se no lugar dos personagens. Isso contribui para que conheçam e entendam as diferentes perspectivas de mundo daquela estória, o que colabora para que tenham mais empatia!

Estimular o convívio social, para que a criança entenda que o mundo não gira em torno dela – Conhecer novas pessoas, com ideias, hábitos e personalidades diferentes vai despertar o olhar do teu filho para o mundo ao seu redor e, com tua ajuda, ele vai entender que as diferenças existem e não são um perigo. Incentiva-se a solidariedade afastando a indiferença e o medo; combatendo os gestos, atitudes e comportamentos egoístas, comodistas e intolerantes das crianças.

Separar brinquedos e roupas para doação – Outra dica interessante é combinar de fazerem juntos aquela arrumação no quarto do filho para separar para doação brinquedos e roupas que já não são mais usados. Assim, além de vocês deixarem tudo bem organizado, ajudam outras crianças. Enquanto vocês separam os itens para doação, converse sobre a importância deste ato e o quanto aquelas roupas, jogos, bonecas e brinquedos farão outras crianças felizes!

Ir além dos bens materiais – A solidariedade está em nossa própria doação e na doação de nosso tempo e nosso carinho. Está em um trabalho voluntário simples, em ajudar o próximo nas coisas do cotidiano.

Seja exemplo – “se você quer que teu filho tenha empatia pelos outros, tenha você também. Deixe que ele perceba e veja em você tua preocupação como os outros e com as consequências de tuas atitudes.”

Como diz Lídia Rosemberg Aratangy nos anais do 44º Congresso Nacional da Escola de Pais do Brasil(*): “Talvez a coerência não seja um atributo dos humanos: sentimentos contraditórios convivem dentro de nós com a maior tranquilidade. Infelizmente também somos muito distraídos: a maior parte do tempo funcionamos sob o comando de um piloto automático, que nos empurra para o caminho mais fácil, esquecidos dos valores que deveriam nortear nossas escolhas. Mas nossas crianças prestam atenção aos nossos gestos – e gravam mais nossas atitudes do que nossas palavras.

Faríamos melhor se fôssemos mais atentos e cuidássemos para que nosso comportamento cotidiano refletisse nossos princípios morais. E nos tornaríamos pessoas melhores se aprendêssemos a transformar os discursos sobre lealdade e fraternidade em gestos de solidariedade e compreensão.”

SEJA SOLIDÁRIO – A TUA SAÚDE MENTAL AGRADECERÁ

“Nós vivemos em tempos difíceis e turbulentos. – Observamos catástrofes climáticas e crises ecológicas, financeiras e econômicas. Vemos também miséria e doenças, depressão e ansiedade, relações tóxicas, terrorismo e guerras. É nesses momentos que mais precisamos da solidariedade. A vantagem dessa necessidade de engajamento é que ser solidário com o outro não faz bem só a ele. Também faz para você.

 FAZER O BEM FAZ BEM…

Allan Luks, autor do livro The Healing Power of Doing Good: The Health and Spiritual Benefits of Helping Others(**), reuniu diversos estudos sobre os benefícios proporcionados pelo altruísmo do trabalho voluntário. Ele identificou uma clara relação de causa e efeito entre ajudar os outros e ter boa saúde. Essas pesquisas concluíram que os participantes tiveram um aumento da sensação de bem-estar após realizar ações filantrópicas. E, consequentemente, apresentaram uma redução dos níveis de stress; um maior equilíbrio emocional. “A euforia sentida após um ato generoso envolve sensações físicas que liberam endorfinas e outras substâncias naturais do corpo que diminuem dores reduzindo sensações de depressão, fobia social, hostilidade e isolamento, resiliência emocional e vigor; o otimismo é renovado a cada ação solidária, melhorando a autoconfiança.”

ESCOLHA A TUA FORMA DE COLABORAÇÃO:

A teoria da “Sobrevivência do mais gentil”, formulada pelo professor Samuel Bowles, do Instituto Santa Fé, nos Estados Unidos (***), propõe a ideia de que a gentileza foi um dos principais fatores que possibilitaram a perpetuação da espécie humana. Segundo a teoria, grupos com muitas pessoas altruístas garantiam a sobrevivência da espécie graças à cooperação para o bem-estar dos outros integrantes da sociedade.

O principal ponto para começar é encontrar uma causa que faça sentido para você, que você acredite e te impulsione a continuar. Você pode começar a adotar pequenas atitudes no cotidiano ou fazer trabalho voluntário para alguma instituição social.

Qualquer pessoa ou instituição – movimento social, denominação religiosa, ONG, escola, empresa, associação etc. – pode e deve promover iniciativas que reforcem a cidadania e a solidariedade: mesas-redondas; campanhas; palestras; mutirão que beneficie, sem assistencialismo, a população mais carente.

A Escola de Pais do Brasil é um bom caminho, venha, alie-se a nós, estamos de braços abertos para recebê-lo.

CITAÇÕES:

(*) Lídia R. Aratangy no artigo “Aspectos relativos às relações interpessoais e culturais – o paradoxo da transmissão de valores”

(**) Publicado por iUniverse.com.Inc. – www. iuniverse.com – ISBN: 978-1-4759-1761-1(ebook)

(***) Research Professor and Director of the Behavioral Sciences Program Santa Fe Institute (email: bowles@santafe.edu)

REFERÊNCIAS:

– Marcial Salaverry – Código do texto: T1804600

– Rudáia Correia – Comitê da Solidariedade do RS

– Ana Clara Oliveira – Jornalista e autora no Blog da Leiturinha

– Vilma Medina – Diretora de Guiainfantil.com – Juliana Battistelli

 

Clélio Oliveira de Souza, engenheiro, atuante na EPB desde 1989 juntamente com sua Baixinha; são o atual casal presidente da Seccional de Salvador.

Publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – 56º Congresso Nacional – 2019, p. 32-35.

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