O existir humano se dá através do corpo, mais que isso, a vida se dá através do corpo. O sentir, o pensar e o agir caracterizam a existência e a vida humana. Pelo corpo eu percebo, pelo corpo eu analiso e pelo corpo eu me relaciono com o outro e com o mundo.
A relação com o outro e com o mundo faz o corpo adotar um variado número de posturas para satisfazer suas necessidades enquanto ser biológico e social. Sendo assim a postura pode ser conceituada como a atitude que o corpo adota nas suas relações. A postura se dá por meio da ação coordenada de vários ligamentos, ossos e músculos que atuam para manter a estabilidade ou para assumir a base essencial, que se adapta constantemente ao movimento a ser realizado.
Sempre que uma atitude errada em relação à postura for praticada consciente ou inconscientemente, poderá tornar-se habitual, originando assim o vício postural. Na quase totalidade dos casos de posturas viciosas entre crianças e adolescentes, os ossos, articulações e músculos apresentam-se em condições normais; o defeito é simplesmente o hábito de coordenação viciosa, pois os segmentos do corpo que se encontram mal alinhados, fazem com que certas estruturas suportem demasiado peso, enquanto outras quase nada. Ocorre então o alongamento de certos grupos musculares e correspondente contratura de seus antagonistas; assim, a postura defeituosa passa a ser normal para o indivíduo, enquanto a correta passa a ser muito difícil e cansativa.
O vício da má postura e os movimentos inadequados em relação a ela poderão causar dor devido à sobrecarga provocando, em alguns casos, a distensão em ligamentos, tendões, músculos e ossos, levando muitas vezes a contraturas musculares e até mesmo a lesões de discos intervertebrais.
Na constante que é a vida do humano, o corpo passa por várias fases de crescimento e desenvolvimento. Com o passar do tempo, a má postura, e conseqüente dor crônica por ela causada, poderá diminuir a qualidade de vida e prejudicar as relações do humano com o outro e com o mundo.
Na infância e na adolescência, fases em que o ser humano mais cresce em termos de corpulência, os cuidados com a postura precisam ser uma constante. Tanto os pais como as crianças e adolescentes devem estar atentos com as condutas posturais convenientes às tarefas realizadas no transcorrer do dia-a-dia. Posicionamentos adequados junto ao leito ao descansar ou dormir, no sofá ou na cadeira ao sentar, a utilização de calçados sem ou com pouco salto, o sentar nos bancos escolares, o carregar a mochila e tantos outros inúmeros exercícios da vida diária precisam estar comprometidos com a saúde integral do corpo. Afinal o que seria de nós sem ele.
Publicado na Revista nº 3 – 2003, da Escola de Pais – Seccional de Timbó
Fabio Zoboli – professor de Educação Física, Mestrando em Educação pela FURB
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