Cidadania é um termo muito utilizado atualmente, tanto nos meios políticos como nos educacionais. De acordo com o dicionário Houaiss (2001, p. 234 é a “condição da pessoa que, como membro de um Estado, acha-se no gozo de direitos que lhe permitem participar da vida política”. Quando está relacionado à educação, tem o sentido de tomada de consciência, possibilitando melhor compreensão da realidade sócio-histórica. A partir dessa tomada de consciência, dizemos que o educando está melhor preparado para fazer intervenções sociais, contribuindo nas mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais da sociedade em que está inserido.
Cresce em nosso meio a preocupação em conscientizar crianças, adolescentes e jovens sobre direitos e deveres sociais, fortalecendo assim, os valores fundamentais para o exercício da democracia. Mas, em que momento da vida essa formação deve iniciar?
Certamente desde cedo e na família. A Família é a primeira instituição com que a pessoa entra em contato em sua vida, é o primeiro grupo social a que pertencemos. Sua influência sobre o indivíduo é muito forte, pois é na família que cada membro se reconhece biológico e culturalmente.
A escola também tem responsabilidade sobre a preparação para a vida, ou seja, para o mundo do trabalho e na educação para a cidadania, que tem como meta a contribuição para a formação de um indivíduo capaz de participar ativamente na comunidade, fazendo escolhas, respeitando opiniões alheias, não se deixando levar por elas sem uma boa análise, tendo sempre como base os valores da família e da sociedade.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – elaborados pela secretaria de Educação do Ministério da Educação (MEC) em 1998, também demonstram essa preocupação e estabelecem por objetivos no ensino básico, que os educandos sejam capazes de:
• compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
• perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;
• saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
• questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação; entre outros.
Pela Constituição brasileira, promulgada em de 05 de outubro de 1988, em seu artigo 227:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (grifo nosso).
Por esse artigo, concluímos que família, sociedade e Estado têm responsabilidade na educação e formação dos futuros cidadãos. É fundamental e necessário que cada segmento assuma suas responsabilidades efetivamente.
Inúmeras vezes as iniciativas de formar cidadãos conscientes fracassaram ou foram prejudicadas pelas relações precárias que são estabelecidas entre a família e a escola. Essas dificuldades poderão ser superadas através do estabelecimento de um diálogo mais estreito entre as partes interessadas.
Certamente será um investimento de longo prazo e encontrará muitos entraves para atingir o pleno sucesso da iniciativa. Se por um lado, temos professores com cargas horárias intensas sem tempo para interagir com os pais e com a comunidade, por outro, temos muitos pais lutando pela sobrevivência, não podendo participar da vida escolar dos filhos.
Quanto mais cedo se efetivar o diálogo, a cooperação e a participação entre a família e a escola, mais próxima estará uma sociedade participativa e consciente, onde os indivíduos possam exercer sua cidadania, reconhecendo-se corresponsável pela construção da história da sociedade e de sua transformação.
Publicado na Revista de set. 2010 da Escola de Pais do Brasil – Seccionais de Joaçaba/Herval d’Oeste, Videira e Campos Novos.
Marilês e Anilton Borges de Oliveira
Membros da Escola de Pais – Seccional de Videira SC
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