Como fazer do seu filho um bom estudante

Devemos refletir, primeiramente, sobre a responsabilidade que cabe à família, na escolha dos métodos pedagógicos, com a finalidade de despertar o gosto pelos estudos. Tarefa difícil, porém, gratificante e se constitui em qualificados desafios com a finalidade de construir a existência.

É reconhecido que a tarefa da educação constitui-se em dar condições aos filhos para sua realização pessoal, pois nasceram inacabados, precisam tornar-se autossuficientes, transcender e passar da fase egoísta para a do altruísmo, tendo em vista que cada ser é um projeto próprio, portanto, diferenciado, que precisa ser respeitado para não ser destruído.

Para alcançar esse grande objetivo, precisamos superar, com a ajuda da escola – que não pode tudo – o meio que favorece a dispersão, impedindo a concentração que é exigente de uma disciplina bondosa com exercícios apropriados e perseverança em esforços contínuos. É necessário estimular o interesse, ampliar os horizontes do conhecimento com uma motivação adequada a fim de alimentar a curiosidade inata das crianças.

Entretanto, tudo deverá ser feito respeitando o estágio intelectual do educando e, sobretudo, as diferenças entre irmãos, que sabidamente são desiguais e não podem ser solicitados da mesma forma e com o mesmo conteúdo, visto que nem sempre as idades físicas e intelectuais estão em consonância.

A família pode desenvolver o gosto pelos estudos cuidando preferencialmente do lado emocional, com presença constante nas horas necessárias. Deve manter em casa um ambiente de recolhimento, que ajuda muito, preservando horários, alternando horas de repouso e de lazer com as horas de estudo, forjando uma disciplina carinhosa para realizar a rotina que economiza esforços e possibilita hábitos de renúncia a divertimentos. Não existe um método de assimilação genérico que sirva para cada caso. O processo é individual e decorre da sensibilidade de cada um. Recomenda-se que o acompanhamento não deva produzir uma superproteção na isenção das tarefas escolares. Deve-se valorizar, mas não supervalorizar os estudos para não criar excessos ou recalcar fracassos. Além disso, atividades artísticas, sociais e serviços dedicados aos outros encaminham naturalmente para a solidariedade e a cidadania que é um dos grandes objetivos da educação atual.

É preciso reconhecer, sem sofismas, que o desempenho escolar refletido nas notas poderá aferir o rendimento e a eficiência do aprendizado. Porém, há alunos que sabem o conteúdo da disciplina, mas não sabem transmiti-lo, o que acarretará uma nota deficiente que mascara o sucesso escolar. Nesse caso, é importante ver o que está acontecendo para poder corrigir.

Quando as notas não correspondem existe uma causa. Às vezes, está na deficiência dos sentidos. A audição não está sincronizada com a visão, ou há deficiência de uma delas. A pronta percepção faz-se pela coordenação dos sentidos. No passado muito distante, a conjunção da audição com a visão e a expressão constituía-se na medida comum da inteligência. Hoje, se conhecem diversos tipos de inteligências com graus diferentes de sensibilidade. Portanto, o boletim não deve gerar angústia, desânimo ou humilhação.  Deve, sim, desenvolver a responsabilidade dos pais diante do conhecimento do esforço e progresso dos filhos que precisam ser elogiados diligentemente, afastando, de qualquer forma, a vulgarização dos elogios.

É necessário despertar os desejos de excelência, de superação; estimular o brio desafiando o sentimento de honra. O bom rendimento escolar somente será possível quando formos capazes de mobilizar todo o potencial, as forças físicas e psicológicas neutralizando as influências negativas do medo, abandono, dramas familiares, sentimentos de culpa e angústias que geram agressividade excessiva, desajustamento ao professor e à classe. É preciso também minimizar os sentimentos negativos de raiva, mentalidade de represália, frustrações afetivas, comparações preferenciais, injustiças, ciúmes, juízo pessimista, perfeccionismo e falta de confiança.

O educando deve buscar a si próprio, aprendendo a disciplinar-se e a organizar o tempo. Aceitar o espírito de equipe – que às vezes é a solução – com outros colegas que podem suprir a sua deficiência. Precisa compreender o sentido da vida com vitórias e com derrotas, já que a vida escolar é uma bela experiência neste perde-se e ganha-se, superando a derrota e alcançando a vitória.

 Um “bom estudante” é aquele que forma o caráter através dos estudos, que é um meio e não um fim. É aquele que vence a pressão das técnicas do progresso – publicidade e tevê – e consegue se livrar da dispersão, cultivando a reflexão e o discernimento que o levará à autonomia. É aquele que considera o estudo um problema seu e não dos seus pais, é aquele que estabelece relações do estudo com a vida. Citando Pe. Paul Eugene Charbonneau, “É preciso ser também pai da inteligência do filho”.

Publicado na Revista nº 1 – 2009 – Escola de Pais – Seccional de Biguaçu 

João Maria de Oliveira – Escola de Pais de São José – SC

Prof. Aposentado da UFSC

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