Brinquedos eletrônicos empobrecem desenvolvimento do vocabulário infantil

Quando os pais usaram equipamentos para brincar com as crianças, elas vocalizaram em média 35% menos em comparação com livros

Já se sabe que os estímulos linguísticos oferecidos à criança até 2 anos de idade vão influenciar seu desenvolvimento. Um estudo publicado na revista científica JAMA Pediatrics em dezembro procurou comparar a relação entre o tipo de brinquedo usado e a qualidade da linguagem e do processo de comunicação que se estabelece na interação entre pais e filhos.

Durante 16 meses, a pesquisa acompanhou a intimidade das brincadeiras caseiras de 26 pares de pais e filhos, estes com idade entre 10 e 16 meses. As interações envolveram três grupos de objetos: brinquedos tradicionais (como bloquinhos de montar), livros infantis e aparelhos eletrônicos. Estes últimos emitiam sons e acendiam luzinhas, um simulava um computador para bebês e outro, um celular.

Da perspectiva da linguagem, os registros mostraram que, quando os pais usaram equipamentos eletrônicos para brincar com os pequenos, as crianças vocalizaram em média 28% menos do que em comparação com o uso de brinquedos tradicionais, e 35% menos em comparação com o uso de livros. Também os pais falaram menos: em média 39,62% por minuto contra 55,56% nas brincadeiras com brinquedos tradicionais e 66,89 nas sessões de leitura de livros infantis.

A interação entre pais e filhos também fica mais pobre quando as luzinhas dos aparelhos se acendem. As rodadas de “conversação” entre eles foram 51% menores em comparação com o uso dos brinquedos tradicionais, e o percentual de respostas dos pais aos filhos foi 66% menor em relação ao medido quando se usaram livros.

Ao analisarem os dados, os autores observaram que as figuras do livro sugerem uma espécie de script para a interação entre adultos e crianças. Os bloquinhos, embora menos eficientes, constituem uma boa alternativa para os adultos que não querem ler para seus rebentos. Os aparelhos foram duramente criticados. “A impressão é que, quando se introduz o aparelho eletrônico na brincadeira, os pais parecem esperar que ele cuide da conversa”, escreveram os pesquisadores, enfatizando que não há indicações de que uma criança possa desenvolver suas habilidades linguísticas por outro meio que não a interação com adultos.

Publicado no site: Revistaneuroeducacao

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