Autoridade é uma qualidade intrínseca do ser humano. Toda organização social necessita da autoridade para estruturar-se. Até mesmo os animais selvagens que vivem em agrupamentos, manadas, como: lobos, leões, cavalos, abelhas, formigas, têm um líder, ao qual todos seguem e devem obediência.
A liderança é uma forma de autoridade e é exercida pelo mais experiente, o mais velho, o mais forte ou o mais corajoso, dependendo da sociedade e da situação.
Nos pais, a autoridade é um fator biológico, social e cultural e, portanto, primordial. Essa autoridade primordial não pode deixar de ser exercida sob pena de deixar a criança à solta, guiada por sua vontade, caprichos e emoções, que não são bons formadores da personalidade.
A criança é imediatista! É dirigida pelo prazer imediato. Exemplo: se está brincando com água, quer ficar ali até descobrir outro prazer maior ou diferente. Mas, é sabido que a busca do prazer, da satisfação pessoal não pode ser o único direcionador das nossas escolhas. É melhor ficar vendo TV do que ir para a escola, é melhor brincar do que fazer deveres. Uma criança criada sem autoridade, fazendo apenas o que quer, não se adaptará com facilidade em ambientes sociais: escola, trabalho, comunidade.
Uma casa sem autoridade, regida pela vontade da criança, que monopolize a tudo e a todos, criará um ambiente impossível de se viver. Os pais precisam espaço para conversar, trocar ideias, observar e refletir.
O mundo não mudou só porque o filho nasceu. Ele faz parte do mundo e a ele tem que se adaptar.
O educador (pai, mãe, avó) que não estabelecer desde cedo hábitos saudáveis, depois dos 6, 8 anos terá muito mais dificuldade, porque neste momento a criança tem a sua vontade mais fortalecida e lutará pelo que já conseguiu. Ela sabe o que quer e como conseguir.
Se os pais não conseguirem exercer a sua autoridade primordial, a sua liderança sobre os seus filhos até a entrada da adolescência 12 a 15 anos, terão perdido as grandes oportunidades de exercer a sua orientação e influência, talvez para sempre. “Os pais são as primeiras vítimas da má educação dos filhos.” Içami Tiba.
Os pais que abrirem mão da sua autoridade terão mais dificuldade com a chegada da adolescência, porque a criança continuará a buscar o prazer imediato, que nesta idade será ditado pela maturidade biológica – presença dos hormônios.
Portanto, agora a busca do prazer inclui sexo, e talvez, bebidas e drogas cada vez mais pesadas para satisfazer as exigências de novas sensações. E assim, por falta de atitude, por não impor limites, por não exercer a sua autoridade no tempo e da maneira correta, poderão ter um filho inadaptado, frustrado.
A falta de autoridade ou a competição entre os pais pode, em muitos casos, vir até afetar a estabilidade da relação familiar. O exercício correto da autoridade, estabelecendo hierarquia, (quem manda e quem obedece), delimitando o espaço de cada um (quem faz o quê), permitirá que todos se sintam amados, seguros e respeitados.
Como muito bem diz o psicólogo Steve Biddulf: “Depois do amor a autoridade é o elemento mais importante na educação.” Portanto: A autoridade exercida com amor, certamente possibilitará uma convivência familiar mais feliz!
Este artigo foi publicado na Revista Escola de Pais do Brasil – Seccional de Biguaçu, nº 4, maio de 2012, p. 29.
Dolma Magnani de Oliveira – Advogada, Professora e Associada da Escola de Pais – Seccional de São José.
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