Uma mãe levou seu filho a um grande sábio da antiguidade e implorou:
– Por favor, diga a meu filho para deixar de comer açúcar.
O sábio fez uma pausa e disse:
– Traga seu filho de volta daqui a duas semanas.
Intrigada, a mulher agradeceu e disse que faria como ele ordenara.
Duas semanas depois, ela voltou com o filho.
O grande sábio fitou os olhos do jovem e falou:
– Pare de comer açúcar.
Agradecida mas perplexa, a mulher perguntou:
– Por que me pediu para trazê-lo em duas semanas? Poderia ter dito a mesma coisa antes.
O sábio replicou:
– Há duas semanas eu estava comendo açúcar (Dan Milman).
Ser modelo no falar, no agir ou no reagir, não é uma incumbência fácil.
A questão de ser modelo para os filhos é talvez uma das maiores responsabilidades na arte de ser pai ou mãe. Quantas vezes, a orientação dada aos filhos não condiz com o que eles atentamente observam no viver diário dos pais!
Estudiosos do comportamento infantil têm comprovado que apesar de toda influência externa que as crianças e jovens sofrem, a maior influência, em geral, ainda é a da formação recebida na família. Os melhores professores, mestres e modelos são os pais. Nossas reações diante de situações corriqueiras ou daquelas mais sérias e até catastróficas é a melhor forma de ensinar aos filhos a respeito de paciência ou domínio próprio.
Em determinadas circunstâncias de nossas vivências, acontecem atitudes opostas ao que ensinamos. Alguns de nossos propósitos, por vezes, distanciam-se de nossa ação. Nestas ocasiões, é preciso sermos sinceros com os filhos. Admitir isto diante deles não gera diminuição de autoridade, ao contrário, coloca-nos também numa posição de exemplo quanto à humildade e a saber reconhecer e lidar com os erros.
Ralph Waldo Emerson, filósofo e poeta americano, diz: “O que você é fala tão alto, que não consigo ouvir o que você diz”. Que possamos estar atentos no exercício deste privilégio de ser modelo para formação dos filhos, almejando cada vez mais coerência entre discurso e prática, para que o nosso fazer fale alto e seja essencial na vida de todos que estejam ao nosso redor aprendendo, muitas vezes, com acertos e erros na busca da harmonia de vivências na arte de ensinar pelo exemplo.
Publicado na Revista nº 1 – 2009 – Escola de Pais – Seccional de Biguaçu
Raquel Correia França – Professora da Rede Municipal de Ensino – Biguaçu SC
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