Aos quatro anos de idade a criança apresenta condições anatômicas dos órgãos da fala para emitir todos os fonemas (sons) da língua. Porém, somente o bom funcionamento de lábios e língua não é o suficiente para o desenvolvimento da linguagem oral, pois a criança necessita de estímulos para entender e fazer uso da linguagem. Atrasos significativos no desenvolvimento da linguagem oral podem caracterizar um Desvio Fonológico (falar como o Cebolinha da Turma da Mônica), Desvio Fonético ou Distúrbio Articulatório, e quando não tratados podem levar a um Distúrbio na Leitura e Escrita.
Para o adequado desenvolvimento da linguagem da criança, os pais devem sempre, desde o primeiro ano de vida de seu bebê, falar de forma adequada, sem diminutivos, utilizando os nomes corretos, para objetos, animais e alimentos. Por exemplo: “vamos comer”, e não “papa”. A criança deve construir verbalmente suas expressões orais e quando apontar para o que quer, estimule-a a falar.
Os pais devem considerar que cada criança é única e evitar comparar o desenvolvimento com outras crianças. Essa ansiedade pode dificultar ainda mais o processo da fala infantil, na medida em que passa para a criança a imagem de que deveria estar fazendo alguma coisa que ainda não consegue fazer.
A família e os professores são os maiores estimuladores das crianças no processo de desenvolvimento da linguagem e lhes servem de modelo no que se refere à articulação de sons e palavras. Mas o contato com eles nem sempre é suficiente para garantir uma comunicação perfeita às crianças.
A fala é o mais refinado dos comportamentos sequenciais e neuromotores complexos do ser humano. Adquirida cedo na vida, pode determinar grandemente nossa maior ou menor capacidade de escrever mais tarde. Por isso, professores, devem ficar atentos às trocas de letras e fonemas.
Conforme a Fonoaudióloga Ingrid Vieira, o atraso no desenvolvimento da linguagem oral pode ser um sinal para muitas outras alterações, como por exemplo, o Transtorno do Espectro Autista – T.E.A., que necessita de avaliação do fonoaudiólogo e neurologista. E em alguns casos após a idade de pré-alfabetização, os atrasos no desenvolvimento da linguagem podem ser um indício de história de Dislexia.
Muitas famílias chegam ao consultório de fonoaudiologia com crianças que não falam aos 2 anos, e neste caso a avaliação fonoaudiológica é fundamental para verificar o nível da intenção comunicativa e a função das habilidades linguísticas.
Quando as alterações na linguagem permanecem, é preciso o trabalho de um fonoaudiólogo, profissional da área da saúde com graduação em fonoaudiologia, especialista no estudo da fonação, linguagem oral e escrita, voz, motricidade oral e audição. O fonoaudiólogo é o profissional da área da saúde que estuda todo o desenvolvimento infantil, interligando a neurociência com as habilidades linguísticas da criança.
Além da área de linguagem, o fonoaudiólogo também avalia as crianças referente aos aspectos de Motricidade Orofacial, verificando funções e estruturas orais. Após as avaliações, a família que é sempre envolvida no processo terapêutico é orientada, pois funções como mastigação e deglutição são importantes para o desenvolvimento do sistema estomatognático.
A fonoaudióloga Ingrid refere que a mastigação é a função mais importante do sistema estomatognático, pois é o primeiro estímulo ortopédico para que o processo de crescimento e desenvolvimento da face possa ter início. A mastigação exercita os músculos faciais e deve ser bilateral alternada, com movimentos de rotação de mandíbula, levando-se em consideração as condições de cada indivíduo (tipo de oclusão ou maloclusão, conservação dos dentes, tipologia facial, condições respiratórias). Por isso, a importância do consumo de alimentos de consistência sólida para a qualidade da mastigação e força muscular oral.
Sendo assim, é fundamental que toda criança em idade pré-escolar seja submetida, pelo menos uma vez, a uma avaliação fonoaudiológica. Esta avaliação irá verificar se a criança está no processo de aquisição de fala esperado para sua faixa etária. Se houver algum atraso, a fonoaudióloga investigará a causa do mesmo, realizando encaminhamentos necessários para outros profissionais e orientando os pais sobre o que podem estar fazendo para auxiliarem no desenvolvimento da fala da criança.
Este artigo foi publicado na Revista nº 3, p. 34, da Escola de Pais – Biguaçu – junho de 2011.
Ingrid Vieira de Souza – Fonoaudióloga CRFa. SC 9152, Especialista em Didática Pedagógica Para Profissionais da Área da Saúde pela UFSC. Pós-Graduação em Educação Especial– Práticas de Inclusão. Formação em Neuroaudiologia: Processamento Auditivo Central com Dra. Sheila A. Balen. e-mail: fonoingrid@gmail.com (48) 9959 2291 http://fonoingridvieira.blogspot.com/ Atendimento na Clínica Integrada (48) 3243 4390
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